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por Flávio Cerqueira da Silva

 

Provas coletivas e transição planetária: nada é por acaso


Nos últimos anos a Terra vem enfrentando uma sofrida transformação em diversos setores e também guerras, doenças, catástrofes, fome e tensões geopolíticas, o que tem despertado questionamentos na sociedade quanto às motivações desses acontecimentos, levando muitos a cogitarem explicações religiosas, associando-se a teorias apocalípticas ou a um suposto castigo divino.

Porém, em meio aos questionamentos, os esclarecimentos dos espíritos benfeitores têm sido de notável importância, levantando o que há de concreto sobre o assunto, de acordo com a doutrina espírita, ajudando-nos a compreender o porquê disso tudo, o nosso papel e como a justiça divina está atuando e quais os benefícios da renovação dos espíritos habitantes deste planeta, decorrentes da transição planetária, tópicos centrais deste artigo.

Para isso faz-se necessário compreender um importante conceito inicial de unicidade abordado por Kardec em A Gênese: “Num mesmo sistema planetário, todos os corpos que o constituem reagem uns sobre os outros; todas as influências físicas são nele solidárias e nem um só há, dos efeitos que designais pelo nome de grandes perturbações, que não seja consequência da componente das influências de todo o sistema.” (Allan Kardec, 2019, p. 359).

 

Como a Terra evolui

Todo planeta, seguindo os princípios divinos, necessita passar por algumas fases de renovação durante seu progresso, para que seja possível a evolução do estado primitivo ao puro e isso está diretamente relacionado aos espíritos que nele residem, levando-nos assim a refletir acerca do seu nível moral.

Para que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados, que somente ao bem se dediquem. Havendo chegado o tempo, grande migração se verifica dos que a habitam: a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo dignos do planeta transformado, serão excluídos, porque, senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e constituiriam obstáculo ao progresso. (Allan Kardec, 2019, p.369)

Estamos cada vez mais próximos de um novo rumo na Terra, onde viveremos em breve a felicidade plena e o amor universal, mas para isso são necessárias transformações pertinentes, que são elementos essenciais dentro da elevação da sociedade que “... se tornam, muitas vezes, penosas, dolorosas, e arrebatam consigo as gerações e as instituições, mas são sempre seguidas de uma fase de progresso material e moral". (Allan Kardec, 2019, p. 360)

Seguindo assim um planejamento coerente e necessário, pois ao contrário do que muitos pensam “o mundo não está sob a direção de forças cegas. As comoções do globo são instrumentos de provações coletivas, ríspidas e penosas. Nesses cataclismos, a multidão resgata igualmente os seus crimes de outrora". (Emmanuel, 2013, p. 65)

Ou seja, para além da chegada dos novos tempos, os acontecimentos dos últimos anos deveriam levar-nos a refletir acerca da nossa trajetória como raça humana e levantar questionamentos como estes:

Será que fomos respeitosos com a natureza?

Quais são as sequelas das guerras?

Tudo isso teve seu peso histórico e hoje, aprofundando-nos nos ensinamentos espíritas, vemos as coisas de um outro ponto de vista.

 

A regeneração

A regeneração deste planeta vem sempre nos acompanhando de perto constantemente. Nas décadas anteriores esse evento foi por nós percebido de maneira sutil, talvez devido à tamanha intensidade que nos rodeava em certos períodos históricos, porém hoje com mais maturidade compreendemos que nada que ocorreu foi um imprevisto ou obra do acaso, como enfatiza Kardec (2019, p. 369): “A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança alguma na ordem natural das coisas”.

Dito isso, vale ressaltar que toda transição passa pela predisposição dos seres em se modificar, pois temos total potencial para nos tornarmos iluminados dentro de nossas vivências, o que, se bem aproveitado, pode simplificar esse processo.

A regeneração da humanidade não exige absolutamente a renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação em suas disposições morais. Essa modificação se opera em todos quantos lhe estão predispostos, desde que sejam subtraídos à influência perniciosa do mundo. Assim, nem sempre os que voltam são outros Espíritos; são com frequência os mesmos Espíritos, mas pensando e sentindo de outra maneira. (Allan Kardec, 2019, p. 372)

E essa nova onda de pensamentos e sentimentos, sem dúvida, passa pela própria reforma íntima, que acabamos não acessando enquanto estamos nos domínios do ego e do orgulho, essas que são algumas das maiores objeções à evolução espiritual, e consequentemente provoca desconexão com a força criadora.

Kardec (2019, p. 372) ainda complementa analisando como podemos enxergar tudo isso de maneira mais esperançosa do ponto de vista da eternidade da vida: “Para aquele, porém, que sabe que a morte unicamente destrói o envoltório, tais flagelos não acarretam as mesmas consequências e não lhe causam o mínimo pavor.”

 

Próximos passos

Deparamo-nos constantemente no mundo atual com o esquecimento de conceitos importantes como o respeito ao próximo e sua liberdade, o que tem acarretado diversos problemas em nossa sociedade, tornando o que deveria ser a individualidade de cada um em polarização. Vencer isso é o primeiro passo já que a unidade de crença será o laço mais forte, o fundamento mais sólido da fraternidade universal, obstada desde todos os tempos pelos antagonismos religiosos que dividem os povos e as famílias, que fazem sejam uns, os dissidentes, vistos pelos outros como inimigos a serem evitados, combatidos, exterminados, ao invés de irmãos a serem amados. (Allan Kardec, 2019, p. 366)

Assim completaremos um grandioso quebra-cabeça que resultará na fraternidade real e na verdadeira fé em Deus e suas intenções, como afirma Kardec (2019, p. 365:

"A fraternidade será a pedra angular da nova ordem social; mas, não há fraternidade real, sólida, efetiva, senão assente em base inabalável e essa base é a fé, não a fé em tais ou tais dogmas particulares, que mudam com os tempos e os povos e que mutuamente se apedrejam, porquanto, anatematizando-se uns aos outros, alimentam o antagonismo, mas a fé nos princípios fundamentais que toda a gente pode aceitar e aceitará: Deus, a alma, o futuro, o progresso individual indefinito, a perpetuidade das relações entre os seres. Quando todos os homens estiverem convencidos de que Deus é o mesmo para todos; de que esse Deus, soberanamente justo e bom, nada de injusto pode querer; que não dele, porém dos homens vem o mal, todos se considerarão filhos do mesmo Pai e se estenderão as mãos uns aos outros".

Dito isso, devemos exercer nosso papel enquanto centelha divina buscando o aprimoramento a cada dia, pois cada semente plantada gerará um enorme plantio de amor incondicional, felicidade e plenitude. E seguindo com firmeza os ensinamentos do mestre Jesus tudo se tornará mais simples.


Considerações finais

Após analisar e discutir o tema, podemos concluir que a transição planetária é um processo necessário à evolução espiritual da humanidade, guiada pelas leis divinas de amor e justiça. Cabe a cada um de nós cooperar com esse renascimento por meio da reforma íntima, da prática do bem e da fé no futuro promissor que se anuncia, pois as dores e provações atuais são instrumentos de depuração moral, não punições, como bem pontua Kardec (2019, p. 372): “As folhas mortas da humanidade caem batidas pelas rajadas e pelos golpes de vento, porém, para renascerem mais vivazes sob o mesmo sopro de vida, que não se extingue, mas se purifica”.


Referências
:

Kardec, Allan. A Gênese. 53ª edição. Brasília, Brasil: FEB, 2019.

Emmanuel. O Consolador. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 29ª Edição. Brasília, Brasil: FEB, 2013.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita