Provas coletivas e transição planetária:
nada é por acaso
Nos últimos anos a Terra vem enfrentando uma sofrida
transformação em diversos setores e também guerras,
doenças, catástrofes, fome e tensões geopolíticas, o que
tem despertado questionamentos na sociedade quanto às
motivações desses acontecimentos, levando muitos a
cogitarem explicações religiosas, associando-se a
teorias apocalípticas ou a um suposto castigo divino.
Porém, em meio aos questionamentos, os esclarecimentos
dos espíritos benfeitores têm sido de notável
importância, levantando o que há de concreto sobre o
assunto, de acordo com a doutrina espírita, ajudando-nos
a compreender o porquê disso tudo, o nosso papel e como
a justiça divina está atuando e quais os benefícios da
renovação dos espíritos habitantes deste planeta,
decorrentes da transição planetária, tópicos centrais
deste artigo.
Para isso faz-se necessário compreender um importante
conceito inicial de unicidade abordado por Kardec em A
Gênese: “Num mesmo sistema planetário, todos os
corpos que o constituem reagem uns sobre os outros;
todas as influências físicas são nele solidárias e nem
um só há, dos efeitos que designais pelo nome de grandes
perturbações, que não seja consequência da componente
das influências de todo o sistema.” (Allan Kardec, 2019,
p. 359).
Como a Terra evolui
Todo planeta, seguindo os princípios divinos, necessita
passar por algumas fases de renovação durante seu
progresso, para que seja possível a evolução do estado
primitivo ao puro e isso está diretamente relacionado
aos espíritos que nele residem, levando-nos assim a
refletir acerca do seu nível moral.
Para que na Terra sejam felizes os homens, preciso é que
somente a povoem Espíritos bons, encarnados e
desencarnados, que somente ao bem se dediquem. Havendo
chegado o tempo, grande migração se verifica dos que a
habitam: a dos que praticam o mal pelo mal, ainda não
tocados pelo sentimento do bem, os quais, já não sendo
dignos do planeta transformado, serão excluídos, porque,
senão, lhe ocasionariam de novo perturbação e confusão e
constituiriam obstáculo ao progresso. (Allan Kardec,
2019, p.369)
Estamos cada vez mais próximos de um novo rumo na Terra,
onde viveremos em breve a felicidade plena e o amor
universal, mas para isso são necessárias transformações
pertinentes, que são elementos essenciais dentro da
elevação da sociedade que “... se tornam, muitas vezes,
penosas, dolorosas, e arrebatam consigo as gerações e as
instituições, mas são sempre seguidas de uma fase de
progresso material e moral". (Allan Kardec, 2019, p.
360)
Seguindo assim um planejamento coerente e necessário,
pois ao contrário do que muitos pensam “o mundo não está
sob a direção de forças cegas. As comoções do globo são
instrumentos de provações coletivas, ríspidas e penosas.
Nesses cataclismos, a multidão resgata igualmente os
seus crimes de outrora". (Emmanuel, 2013, p. 65)
Ou seja, para além da chegada dos novos tempos, os
acontecimentos dos últimos anos deveriam levar-nos a
refletir acerca da nossa trajetória como raça humana e
levantar questionamentos como estes:
Será que fomos respeitosos com a natureza?
Quais são as sequelas das guerras?
Tudo isso teve seu peso histórico e hoje,
aprofundando-nos nos ensinamentos espíritas, vemos as
coisas de um outro ponto de vista.
A regeneração
A regeneração deste planeta vem sempre nos acompanhando
de perto constantemente. Nas décadas anteriores esse
evento foi por nós percebido de maneira sutil, talvez
devido à tamanha intensidade que nos rodeava em certos
períodos históricos, porém hoje com mais maturidade
compreendemos que nada que ocorreu foi um imprevisto ou
obra do acaso, como enfatiza Kardec (2019, p. 369): “A
Terra, no dizer dos Espíritos, não terá de
transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de
súbito uma geração. A atual desaparecerá gradualmente e
a nova lhe sucederá do mesmo modo, sem que haja mudança
alguma na ordem natural das coisas”.
Dito isso, vale ressaltar que toda transição passa pela
predisposição dos seres em se modificar, pois temos
total potencial para nos tornarmos iluminados dentro de
nossas vivências, o que, se bem aproveitado, pode
simplificar esse processo.
A regeneração da humanidade não exige absolutamente a
renovação integral dos Espíritos: basta uma modificação
em suas disposições morais. Essa modificação se opera em
todos quantos lhe estão predispostos, desde que sejam
subtraídos à influência perniciosa do mundo. Assim, nem
sempre os que voltam são outros Espíritos; são com
frequência os mesmos Espíritos, mas pensando e sentindo
de outra maneira. (Allan Kardec, 2019, p. 372)
E essa nova onda de pensamentos e sentimentos, sem
dúvida, passa pela própria reforma íntima, que acabamos
não acessando enquanto estamos nos domínios do ego e do
orgulho, essas que são algumas das maiores objeções à
evolução espiritual, e consequentemente provoca
desconexão com a força criadora.
Kardec (2019, p. 372) ainda complementa analisando como
podemos enxergar tudo isso de maneira mais esperançosa
do ponto de vista da eternidade da vida: “Para aquele,
porém, que sabe que a morte unicamente destrói o
envoltório, tais flagelos não acarretam as mesmas
consequências e não lhe causam o mínimo pavor.”
Próximos passos
Deparamo-nos constantemente no mundo atual com o
esquecimento de conceitos importantes como o respeito ao
próximo e sua liberdade, o que tem acarretado diversos
problemas em nossa sociedade, tornando o que deveria ser
a individualidade de cada um em polarização. Vencer isso
é o primeiro passo já que a unidade
de crença será o laço mais forte, o fundamento mais
sólido da fraternidade universal, obstada desde todos os
tempos pelos antagonismos religiosos que dividem os
povos e as famílias, que fazem sejam uns, os
dissidentes, vistos pelos outros como inimigos a serem
evitados, combatidos, exterminados, ao invés de irmãos a
serem amados. (Allan Kardec, 2019, p. 366)
Assim completaremos um grandioso quebra-cabeça que
resultará na fraternidade real e na verdadeira fé em
Deus e suas intenções, como afirma Kardec (2019, p. 365:
"A fraternidade será a pedra angular da nova ordem
social; mas, não há fraternidade real, sólida, efetiva,
senão assente em base inabalável e essa base é a fé, não
a fé em tais ou tais dogmas particulares, que mudam com
os tempos e os povos e que mutuamente se apedrejam,
porquanto, anatematizando-se uns aos outros, alimentam o
antagonismo, mas a fé nos princípios fundamentais que
toda a gente pode aceitar e aceitará: Deus, a alma, o
futuro, o progresso individual indefinito, a
perpetuidade das relações entre os seres. Quando todos
os homens estiverem convencidos de que Deus é o mesmo
para todos; de que esse Deus, soberanamente justo e bom,
nada de injusto pode querer; que não dele, porém dos
homens vem o mal, todos se considerarão filhos do mesmo
Pai e se estenderão as mãos uns aos outros".
Dito isso, devemos exercer nosso papel enquanto centelha
divina buscando o aprimoramento a cada dia, pois cada
semente plantada gerará um enorme plantio de amor
incondicional, felicidade e plenitude. E seguindo com
firmeza os ensinamentos do mestre Jesus tudo se tornará
mais simples.
Considerações finais
Após analisar e discutir o tema, podemos concluir que a
transição planetária é um processo necessário à evolução
espiritual da humanidade, guiada pelas leis divinas de
amor e justiça. Cabe a cada um de nós cooperar com esse
renascimento por meio da reforma íntima, da prática do
bem e da fé no futuro promissor que se anuncia, pois as
dores e provações atuais são instrumentos de depuração
moral, não punições, como bem pontua Kardec (2019, p.
372): “As folhas mortas da humanidade caem batidas pelas
rajadas e pelos golpes de vento, porém, para renascerem
mais vivazes sob o mesmo sopro de vida, que não se
extingue, mas se purifica”.
Referências:
Kardec, Allan. A Gênese. 53ª
edição. Brasília, Brasil: FEB, 2019.
Emmanuel. O Consolador.
Psicografado por Francisco Cândido Xavier. 29ª Edição.
Brasília, Brasil: FEB, 2013.
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