Especial

por Martha Triandafelides Capelotto

A evolução da educação

 

Para entendermos o enunciado acima, preciso será uma longa viagem na história da nossa humanidade a fim de identificarmos onde se iniciou o processo educativo da criatura humana e quanto ainda falta para que ela atinja os páramos mais elevados da educação.

Primeiramente, precisaríamos compreender que o Espírito é o ser inteligente da Criação, tendo iniciado sua trajetória simples e ignorante, mas destinado à perfeição.

Assim, perfeição é algo que não se adquire da noite para o dia, razão pela qual outro imperativo se faz necessário, que é entender o processo reencarnatório.

Nas sucessivas reencarnações, o Espírito desenvolve seus implementos básicos, corpóreos e espirituais, físicos e morais.

O processo reencarnatório proporciona a educação do Espírito e, neste tocante, importante ressaltar que, antes que o Espírito se sujeite a um sistema educacional formal, ele está atrelado à pedagogia da existência na carne, aprendendo a defender-se e a prover à sua subsistência.

Muitos séculos e milênios se passaram até que principiou a articular a linguagem, manifestando tudo o que lhe acerca. Após o despertar do raciocínio desbrava, primeiramente, o mundo ao seu redor, para, numa etapa seguinte, cogitar das questões mais íntimas do seu interior. Somente muito mais tarde, irá indagar sobre o princípio das coisas e, no período clássico da Grécia, entre os séculos V e IV antes da era cristã, dar-se-á o florescimento das escolas, onde lhe será oferecido o estudo formal.

Com relação a este, o estudo formal, ele praticamente começa com a invenção da escrita, por volta do quarto milênio antes de Cristo. A primeira escrita, cuneiforme (formato de cunha), foi desenvolvida pelos sumérios, na região da mesopotâmia. Posteriormente, adviria a escrita hieroglífica, às margens do Rio Nilo, no antigo Egito. O primeiro alfabeto surgiu com os fenícios, por volta do século XIII a.C., tendo sido o mesmo aperfeiçoado pelos gregos, pouco mais tarde, possibilitando os registros dos feitos da humanidade, já que tudo se transmitia via oral. Finalmente, vieram as escolas.

Com a escrita e as escolas, surgem as primeiras obras de cunho pedagógico, principalmente destacando-se Homero e Hesíodo, formadores do pensamento grego e, a partir do século VI a.C., com o advento da Filosofia, os textos proliferaram e, a consequência disto, uma forte tendência a formar consciências, através do pensamento exteriorizado.

E o processo educacional prossegue e foi ganhando novos contornos, rompendo com as tradições míticas do passado para alcançar, com Pitágoras, Tales, Heráclito, Demócrito e tantos outros, a fórmula do desenvolvimento do raciocínio filosófico. Os sofistas vieram a ser os primeiros professores da História, criando um modelo de ensino que continua atual em todo o mundo civilizado. Seus instrumentos de trabalho: a retórica (arte da palavra) e a erística (argumentação), tendo seu expoente maior em Protágoras. Porém, este encontra opositores ferrenhos, entre os quais se destacaram Sócrates e Platão. Sócrates foi considerado “o mais espantoso fenômeno pedagógico da História do Ocidente”, que utilizava a técnica da “maiêutica” para promover o “parto” das ideias. Sócrates dizia que “a vida sem exame é indigna do homem”. É de se frisar que os métodos de ensino, os recursos pedagógicos, o conceito de educação mudou, mas, o modelo básico ainda permanece.

Posteriormente, apesar de os caminhos da cultura estarem de certa forma desbravados, os homens continuavam incultos e bárbaros, pois faltava-lhes a educação no sentido real da palavra.  Surge, então, no cenário, Jesus, “assinalando o aparecimento do horizonte espiritual” no feliz dizer de Herculano Pires, que com sua pedagogia inigualável elevou a educação a níveis jamais vistos até ali. Sua Doutrina é a do Amor, mas o Amor no sentido divino, sublime e numa única síntese, expõe o Sermão do Monte e crava ali a porta estreita da educação humana.

Quando Jesus veio ao mundo, os caminhos da cultura estavam de certa forma desbravados e, embora houvesse instrução, faltava a educação no sentido real da palavra, pois os homens daquela época, de um modo geral, ainda eram incultos e bárbaros. Na realidade, faltava o destaque para o trato moral, que o Mestre viria a oferecer.

Considerado hodiernamente por muitos como o maior pedagogo que já passou pelo orbe, Jesus elevou a educação a níveis jamais vistos até ali.

Sua Doutrina é a do Amor, no sentido divino e não como os homens julgavam, tão pobre e falho.

Sua pedagogia, como um educador perfeito, revela belos e elevados ensinos, atingindo a culminância quando expõe o Sermão do Monte e crava ali a porta estreita da educação humana.

O Reino dos Céus, que não se encontra em nenhum lugar geograficamente falando, está dentro de nós e, para a conquista deste reino, haveremos de buscar o conhecimento, não mais com as letras e a formalidade educacional, mas, com o desenvolvimento dos princípios éticos e morais que, consequentemente, atingirão o imenso campo do problemático comportamento humano.

Sua pedagogia é gradual e utiliza a arte de interrogar em alto grau; seus ensinamentos são claros e intuitivos, com um toque de autoridade, que ele exerce com suavidade e bondade.

Para todos os títulos que a Ele foram dados, aceita apenas o de Mestre, sendo para todos nós, “O Caminho, a Verdade e a Vida”. Assim, ninguém chegará ao Pai sem assimilá-lo, sem compreendê-lo.

Várias máximas foram deixadas para que o orgulho fosse dissipado, como perdoar quantas vezes fosse necessário, servir do que ser servido, e tantas outras que encontramos na sua Doutrina, derrogando o Mosaísmo, com seu olho por olho, e o dente por dente.

Em seus sermões e parábolas, usou o poder de síntese e a linguagem poética para atingir seus ouvintes. Pelas Parábolas, adequava-se aos costumes do povo, aproveitava as situações do cotidiano e, portanto, a experiência diária dos que o ouviam. Não dava aulas de metafísica abstrata, mas ensinava, por histórias compreensíveis, princípios claros de moralidade. Sua capacidade didática permitia se achegar ao educando, em seu nível de interesse, de vivência e de compreensão.

O conhecimento da Lei Divina transbordava de seus lábios e guardará sempre a solidez da eternidade, o perfume da elevação, o sabor da poesia e a força da verdade.

Os maiores educadores foram os que tentaram imitá-lo e seguiram seus ensinamentos. Pestalozzi o amava ternamente, Montessori o cita em que cada texto seu, Comenius procurava servi-lo, Bach o louvava pela vida e pela música, Gandhi se inspirava nele e Kardec nos deu a chave para melhor compreendê-lo, liberto dos dogmas irracionais.

Assim, justo examinarmos sua conduta pedagógica. Mestre dos Mestres, ele pode nos dar o modelo de educador a que devemos aspirar, dentro de nossas limitações.

Apesar da lentidão dos processos evolutivos, nosso destino é atingir a altura daquele que nos serve de polo de atração para o alto.

Tudo o que pensarmos em termos de educação, de melhora da criatura humana, de novos paradigmas morais e espirituais, Jesus será sempre o Mestre a seguir. Por isso, nossa humanidade se dividiu em antes e depois Dele.

E, para finalizar, um pensamento bastante oportuno do grande Léon Denis, em sua obra Depois da Morte: “Todas as chagas morais são provenientes da má educação. Reformá-la, colocá-la sobre novas bases traria à Humanidade consequências inestimáveis... a sabedoria por excelência consiste em nos tornarmos melhores”.

Quem, melhor do que o nosso Mestre Jesus, oferece as bases para adquirirmos a melhor educação e consequente conquista moral?

    

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita