Artigos

por Roni Ricardo Osorio Maia

 

Valorização da vida


A vida é uma centelha indefectível por todo o sempre. Portanto, não se poderá extingui-la ou exterminá-la, porque a existência é física ou espiritual, ora estaremos, em aprimoramento no plano físico, ora no espiritual, porém somos seres pensantes, indissolúveis, perenes e ininterruptos rumo à plena evolução do ser inteligente, tudo isso se torna providencial ao aprendizado adquirido enquanto permanecermos na categoria de espíritos imperfeitos, conforme nos esclarece a escala espírita nas questões 100 a 113 de O Livro dos Espíritos.

Equivocar-se-á todo aquele que pensar, programar ou colocar em ação o plano nefasto de se autodestruir. As estatísticas atuais são preocupantes. Um grande número de pessoas nas faixas etárias desde a infância, juventude até a fase adulta tem cometido suicídio. No Brasil,  o CVV – Centro de Valorização da Vida atende a inúmeras pessoas com atendimento 24h pelo telefone 188 pelo território nacional presta relevante apoio às pessoas com ideações suicidas. É preciso falar e orientar diversos irmãos de caminhada terrena desalentados perante a vida.

Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) o suicídio é um problema de saúde pública mundial, deve-se preveni-lo com a distribuição de cartilhas, livretos e informações à população, o que tem surtido efeito por onde percorremos ou participamos de eventos direcionados a esse programa. Profissionais e estudiosos da conduta e saúde humanas têm engajado nessa vertente de apoio à vida a fim de elucidar e favorecer a diminuição dos altos índices de mortes abreviadas.

Convidaremos os leitores a se firmarem como formadores de opinião, em favor da vida diante de nossos escritos, pois desde que surgimos, como espíritos imortais, nós seguimos diversos estágios até firmarmos na fase atual, ainda na categoria inferior em processo progressivo pela Terra – nossa atual morada. Torna-se um aprendizado cada passagem em rápida existência corpórea, porém, ainda neste mundo na categoria de expiação e de provas, com sofrimentos propícios e necessários ao burilamento espiritual.

Seria um contrassenso entender o sofrimento que nos visitaria, sem  assimilar a verdade sobre a sobrevivência do espírito, após a morte do corpo físico. Por conseguinte, devemos compreender a bondade de Deus face às vicissitudes da vida, por exemplo, como aceitar a vida de uma criança que permaneceu encarnada apenas algumas horas? Dias? Meses? Ou de uma pessoa que somente viveu e sofreu todo o tempo na Terra?

O Espiritualismo estabelece a crença na existência da alma e produz em uma quantidade de seres humanos essa convicção da sobrevivência da mesma. Por outro lado, o materialismo, arraigado noutra parcela de pessoas preconiza que tudo acaba com a morte. O Espiritismo vai além, aponta a existência do ser espiritual, com sua preexistência e sua imortalidade, após o rompimento dos laços com a matéria que lhe serviu de abrigo enquanto dela precisou.

Em nossa obra Vida futura apresentamos nossas ponderações sobre a prevenção do suicídio, assim, traremos um breve recorte daqueles textos para algumas ponderações nas próximas páginas. A sobrevivência e a imortalidade da alma são características do princípio vital; juntamente com outras propriedades compatíveis à sua perpetuidade.  Por isso todos nós, um dia na eternidade, surgimos como Espíritos – simples e ignorantes, todos com a idêntica meta de evolução, sem favorecimento do Pai Criador; atingir esse propósito desafiador será o resultado de esforços próprios, juntamente com muito trabalho íntimo.      Somente com a necessidade de diversas encarnações dos espíritos, poderemos entender o abstrato que usa a matéria de forma intermediária para progredir-se e preparar-se para futuras roupagens terrenas ou em mundos compatíveis com sua gradação evolutiva.

Encorajar-se, buscar leituras edificantes e desenvolver a autopiedade serão os recursos plausíveis ao viajor temporário na matéria, diante da eternidade, em um período ínfimo de estágio e aprendizado; as forças imprescindíveis aos rompantes existenciais devem-se encontrar em si, pois elas são diretrizes apresentadas pelos terapeutas profissionais. A valorização da vida e a luta pela sobrevivência ofertou-nos durante o ano 2015 uma grande imigração divulgada pela mídia, com imagens de refugiados em travessias arriscadas em botes infláveis, amontoados nos porões de navios, barcos pesqueiros ou outras frágeis embarcações pelo mar Mediterrâneo e mar Egeu.

Foi um marco com número expressivo na ordem de milhões de pessoas refugiadas de seus países que chegaram à Europa, durante os últimos anos dessa década, essas comitivas corajosas e resistentes provaram-nos a vontade de viver! Oriundos em boa parte da Síria, países do Oriente Médio e do continente africano na tentativa de desembarcarem em terras europeias, utilizaram-se por caminhos as ilhas gregas ou outros pontos acessíveis pelo continente, como os portos espanhóis ou italianos, desde que liberados pelos governos locais , muitos outros chegaram às praias após a epopeia, e diríamos foram sobreviventes de possível holocausto em suas cidades de origens que, até então, eram suas moradias.

Ao longo dos tempos, temos notícias de motivos e causas para a tomada da resolução drástica em antecipar uma vida, e, nos dias atuais, continuamos vendo como prerrogativa diante de uma dor moral ou física.  O Espiritismo  tem realizado o seu papel de consolador e elucidador de almas, com palestras públicas, com as portas abertas às comunidades e público em geral, os estudos bem sedimentados na proposta doutrinária norteiam, esclarecem e, abertamente, explicam o porquê da vida e as consequências aos que pretendem encurtá-la. Entretanto, há o preconceito com a temática espírita, e repudiam o comparecimento ao Centro Espírita, aqueles que assim pensam, porém, ainda nos cabe a oração em favor desses infortunados em jornadas terrenas.     

Um estreito objetivo tem a religião - ligar o homem a Deus e exercitar sua crença na justiça divina, seja qual for o caminho religioso escolhido pela pessoa, que venha a abastecer a satisfação pessoal com os critérios apontados. Por isso, os Espíritos Superiores foram enfáticos ao relatarem que ninguém tem o direito de dispor da própria vida dada por Deus e aquele se mata não sabe do mal que atrairá para si. O suicídio é uma transgressão da lei de Deus.

A base moral, esquecida de uma boa parte de pessoas nessas circunstâncias apresentadas anteriormente, resvalou-se para o descrédito ou a descrença da imortalidade da alma e não presumiram nos seus pensamentos as sequelas advindas para o espírito sobrevivente ao encurtamento de sua estadia corpórea. Reflitamos, portanto, que a religião tem seu papel fundamental para encaminhar o homem a Deus, sem ela em nossas vidas torna-se mais denso o viver.

Ponderamos que, os ensinamentos para o bem guardados no íntimo de todos nós pela educação familiar, base de todos os homens na sociedade, nortearão muitas decisões na fase adulta e promoverão o equilíbrio entre as pessoas. Daí, encontrarmos inúmeros companheiros disponíveis à aceitação de suas dores morais e físicas; além de outros companheiros  pela sociedade hodierna prontos e disponíveis a ajudar e a acalmar seus semelhantes incapacitados de enfrentarem seus momentos desditosos.  E, relembramos a inolvidável companhia de todos nós em todos os momentos – a prece.

Muita paz!


Roni Ricardo Osorio Maia reside em Volta Redonda (RJ).

  
    

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita