|
Natural de Salvador (BA) e atualmente residente
em São Gonçalo (RJ), Larissa Chaves de Souza
Valois (foto) é psicóloga clínica e atua
como psicoterapeuta. Escritora e palestrante,
participa das atividades do Grupo Espírita
Servidores de Jesus, com o qual contribui no
setor de palestras e evangelização. Havendo
residido em inúmeras cidades, ela acumula vasta
experiência de vivência em várias casas
espíritas, um dos assuntos da entrevista que
gentilmente nos concedeu.
Como conheceu o Espiritismo?
Aos 14 anos, quando estive pela primeira vez
numa pequena casa espírita em Salvador. A mãe de
uma amiga iria nos dar carona para um
aniversário e no caminho parou numa casa
espírita para fazer um estudo de 30 min. Naquela
oportunidade encontrei o que há algum tempo já
buscava e desde então sigo estudando a doutrina
espírita e atuando no movimento espírita. Mais
detalhes dessa história estão relatados no livro
"Fé", lançado pela Intervidas.
O que mais se destaca a seus olhos do
conhecimento espírita?
A clareza nas explicações a respeito de questões
existenciais complexas e profundas, como quem
somos, o que estamos fazendo aqui, o porquê da
vida e dos sofrimentos. Desde muito cedo tais
questões já me inquietavam, encontrando algumas
respostas em minha própria cabeça e buscando no
mundo externo mais explicações sobre as demais
dúvidas. Situação que me causava angústia
recorrente na infância. Ao ler O Livro dos
Espíritos pela primeira vez, aos quatorze
anos, a clareza nas respostas me impactou de tal
forma, que senti como se minhas súplicas
houvessem sido atendidas.
Que foco direciona seus esforços como tarefeira
espírita?
No momento atuo mais intensamente nas palestras
doutrinárias presenciais e no estudo online
semanal realizado através da Rede Amigo Espírita
nas sextas-feiras de manhã. Mas tenho uma
necessidade grande de envolvimento nas tarefas
de cunho assistencial, que falam alto ao meu
coração.
Fale-nos de seu livro, recém-lançado.
O livro "Fé" apresenta 20 histórias
autobiográficas relativas à minha jornada de
autodescoberta no campo da fé. Tais narrativas
estão entrelaçadas ao Evangelho de Jesus e à
doutrina espírita. É uma obra destinada a todos
que anseiam por uma faísca de fé, sejam
religiosos ou não. Aos que sentem dificuldade em
perceber a presença divina na iniquidade do
mundo, aos que temem perder a fé na humanidade.
Aos que depositaram esperanças em ídolos humanos
e frágeis, incapazes de estabelecer uma conexão
direta com Deus.
Como sente o movimento espírita no país durante
as palestras?
Sinto o movimento espírita com realidades muito
diversas. Já tive a oportunidade de morar em
cidades diferentes do país, ao longo dos últimos
15 anos, em função do trabalho do meu esposo. Em
todas as oportunidades nos engajamos em casas
espíritas e atuamos no que fosse preciso e
possível. Percebo que existem características
diferentes conforme a região e classe social.
Algumas casas muito voltadas para o estudo e com
muitas barreiras para o acesso a uma reunião
mediúnica, outras com pouco estudo e muito
trabalho espiritual ostensivo. Algumas
inteiramente voltadas ao trabalho social, outras
centradas na evangelização. Existem casas que
cresceram ao redor da figura central de um
médium, outras que buscam apoio em casas irmãs.
Os cenários. assim como os desafios, são
múltiplos.
De suas vivências no movimento espírita, o que
mais lhe faz bem?
O trabalho social sem dúvida é o que mais atende
às minhas próprias necessidades espirituais. Já
tive a oportunidade de participar de trabalhos
variados nesse sentido e foram motivo de muito
aprendizado. Conhecer de perto realidades
materialmente mais desafiadoras nos faz repensar
qualquer possibilidade de reclamação de nossa
parte. Recordo-me de certa feita, num trabalho
de sindicância realizado na Juventude Espírita
Nina Arueira, do Centro Espírita Caminho da
Redenção, em Salvador, quando adentramos o
barraco em que uma mulher tinha seu filho
pequeno amarrado na cama e cozinhava uma sopa de
papelão e água. Como reclamar depois disso?
Apenas agradecer e ajudar.
E a pesquisa, o estudo espírita em si, qual sua
preferência?
Tenho um carinho e interesse especial pelas
obras do próprio codificador, incluindo as
Revistas Espíritas, cujo estudo cheguei a
realizar por alguns anos. Léon Denis também é
motivo de interesse recorrente nos meus estudos
doutrinários. Assim como todo o material trazido
à luz por dona Yvonne Amaral Pereira. Estudamos
com muito afinco e respeito também as obras do
querido médium Chico Xavier, com especial
destaque para os romances históricos de
Emmanuel. E por fim, temos grande afinidade com
a série psicológica da benfeitora Joanna de
Angelis, pelo médium Divaldo Franco.
E a experiência dos estudos on-line, o que
gostaria de dizer?
Na pandemia os estudos online foram uma grande
benção na vida de muitos de nós. De minha parte,
fui muito sustentada acompanhando os estudos de
amigos e também realizando alguns. Conheci
corações amigos ao redor do mundo e tive a
oportunidade de estreitar laços com o movimento
espírita das mais diversas localidades.
Atualmente reduzi expressivamente os estudos e
participações virtuais, tendo dado preferência
aos encontros e estudos presenciais em casas
espíritas da minha cidade ou de outros estados,
quando possível. Continuo considerando a
importância das atividades virtuais que
oportunizam o acesso a milhares de pessoas, mas
o encontro olho no olho, ao vivo e a cores,
sempre será minha preferência. No momento,
mantenho todas as sextas, às 9h da manhã
(horário de Brasília), um estudo virtual através
do canal no YouTube da Rede Amigo Espírita.
Nesse momento estamos finalizando o livro Psicologia
da Gratidão e em breve começaremos outros.
Para quem quiser participar, como deve proceder?
É necessário apenas procurar o canal da Rede
Amigo Espírita no YouTube, nas sextas as 09h,
para acompanhar ao vivo, ou pesquisar a gravação
na playlist do canal. Todos são muito bem
vindos.
Algo emocionante para lembrar de suas vivências
doutrinárias?
São muitas as lembranças. Nós não imaginamos o
alcance de um estudo ou de uma palestra e quando
encontramos, durante as viagens, pessoas que
compartilham seus depoimentos sobre a
importância de um determinado estudo ou fala,
num momento desafiador de sua vida, é sempre
muito emocionante. Em dada oportunidade
aconteceu algo engraçado também. Meu esposo
estava em seu trabalho e um colega, que também é
espírita, e não me conhecia, ao saber que ele
era espírita, foi indicar as palestras de uma
moça, cujos estudos ele estava gostando de
acompanhar. Ao compartilhar o link meu esposo se
deparou com uma palestra minha e rimos todos
juntos.
Algo mais a acrescentar?
Penso que cada um de nós é como um simples
instrumento, um lápis, uma borracha, um
apontador. Todos temos grande utilidade, quando
nos colocamos disponíveis a servir com as
habilidades de que dispomos. Mesmo um lápis
simples, nas mãos de um desenhista habilidoso,
pode expressar maravilhas. Nós podemos ser esse
instrumento, ainda imperfeito, mas disposto a
ser utilizados pelos nossos benfeitores
espirituais para esclarecer, consolar e servir.
Suas palavras finais.
Apenas agradecer a oportunidade e deixar um
abraço aos amigos leitores. Sigamos, como diria
Léon Denis, "sempre para frente e para o alto".

|