Entrevista

por Orson Peter Carrara

Vivências que somam: diversidade no país traz muitas experiências


 
Natural de Salvador (BA) e atualmente residente em São Gonçalo (RJ), Larissa Chaves de Souza Valois (foto) é psicóloga clínica e atua como psicoterapeuta. Escritora e palestrante, participa das atividades do Grupo Espírita Servidores de Jesus, com o qual contribui no setor de palestras e evangelização. Havendo residido em inúmeras cidades, ela acumula vasta experiência de vivência em várias casas espíritas, um dos assuntos da entrevista que gentilmente nos concedeu.

 

Como conheceu o Espiritismo?

Aos 14 anos, quando estive pela primeira vez numa pequena casa espírita em Salvador. A mãe de uma amiga iria nos dar carona para um aniversário e no caminho parou numa casa espírita para fazer um estudo de 30 min. Naquela oportunidade encontrei o que há algum tempo já buscava e desde então sigo estudando a doutrina espírita e atuando no movimento espírita. Mais detalhes dessa história estão relatados no livro "Fé", lançado pela Intervidas. 

O que mais se destaca a seus olhos do conhecimento espírita?

A clareza nas explicações a respeito de questões existenciais complexas e profundas, como quem somos, o que estamos fazendo aqui, o porquê da vida e dos sofrimentos. Desde muito cedo tais questões já me inquietavam, encontrando algumas respostas em minha própria cabeça e buscando no mundo externo mais explicações sobre as demais dúvidas. Situação que me causava angústia recorrente na infância. Ao ler O Livro dos Espíritos pela primeira vez, aos quatorze anos, a clareza nas respostas me impactou de tal forma, que senti como se minhas súplicas houvessem sido atendidas. 

Que foco direciona seus esforços como tarefeira espírita?

No momento atuo mais intensamente nas palestras doutrinárias presenciais e no estudo online semanal realizado através da Rede Amigo Espírita nas sextas-feiras de manhã. Mas tenho uma necessidade grande de envolvimento nas tarefas de cunho assistencial, que falam alto ao meu coração. 

Fale-nos de seu livro, recém-lançado.

O livro "Fé" apresenta 20 histórias autobiográficas relativas à minha jornada de autodescoberta no campo da fé. Tais narrativas estão entrelaçadas ao Evangelho de Jesus e à doutrina espírita. É uma obra destinada a todos que anseiam por uma faísca de fé, sejam religiosos ou não. Aos que sentem dificuldade em perceber a presença divina na iniquidade do mundo, aos que temem perder a fé na humanidade. Aos que depositaram esperanças em ídolos humanos e frágeis, incapazes de estabelecer uma conexão direta com Deus.

Como sente o movimento espírita no país durante as palestras?

Sinto o movimento espírita com realidades muito diversas. Já tive a oportunidade de morar em cidades diferentes do país, ao longo dos últimos 15 anos, em função do trabalho do meu esposo. Em todas as oportunidades nos engajamos em casas espíritas e atuamos no que fosse preciso e possível. Percebo que existem características diferentes conforme a região e classe social. Algumas casas muito voltadas para o estudo e com muitas barreiras para o acesso a uma reunião mediúnica, outras com pouco estudo e muito trabalho espiritual ostensivo. Algumas inteiramente voltadas ao trabalho social, outras centradas na evangelização. Existem casas que cresceram ao redor da figura central de um médium, outras que buscam apoio em casas irmãs. Os cenários. assim como os desafios, são múltiplos. 

De suas vivências no movimento espírita, o que mais lhe faz bem?

O trabalho social sem dúvida é o que mais atende às minhas próprias necessidades espirituais. Já tive a oportunidade de participar de trabalhos variados nesse sentido e foram motivo de muito aprendizado. Conhecer de perto realidades materialmente mais desafiadoras nos faz repensar qualquer possibilidade de reclamação de nossa parte. Recordo-me de certa feita, num trabalho de sindicância realizado na Juventude Espírita Nina Arueira, do Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, quando adentramos o barraco em que uma mulher tinha seu filho pequeno amarrado na cama e cozinhava uma sopa de papelão e água. Como reclamar depois disso? Apenas agradecer e ajudar. 

E a pesquisa, o estudo espírita em si, qual sua preferência?

Tenho um carinho e interesse especial pelas obras do próprio codificador, incluindo as Revistas Espíritas, cujo estudo cheguei a realizar por alguns anos. Léon Denis também é motivo de interesse recorrente nos meus estudos doutrinários. Assim como todo o material trazido à luz por dona Yvonne Amaral Pereira. Estudamos com muito afinco e respeito também as obras do querido médium Chico Xavier, com especial destaque para os romances históricos de Emmanuel. E por fim, temos grande afinidade com a série psicológica da benfeitora Joanna de Angelis, pelo médium Divaldo Franco.

E a experiência dos estudos on-line, o que gostaria de dizer?

Na pandemia os estudos online foram uma grande benção na vida de muitos de nós. De minha parte, fui muito sustentada acompanhando os estudos de amigos e também realizando alguns. Conheci corações amigos ao redor do mundo e tive a oportunidade de estreitar laços com o movimento espírita das mais diversas localidades. Atualmente reduzi expressivamente os estudos e participações virtuais, tendo dado preferência aos encontros e estudos presenciais em casas espíritas da minha cidade ou de outros estados, quando possível. Continuo considerando a importância das atividades virtuais que oportunizam o acesso a milhares de pessoas, mas o encontro olho no olho, ao vivo e a cores, sempre será minha preferência. No momento, mantenho todas as sextas, às 9h da manhã (horário de Brasília), um estudo virtual através do canal no YouTube da Rede Amigo Espírita. Nesse momento estamos finalizando o livro Psicologia da Gratidão e em breve começaremos outros. 

Para quem quiser participar, como deve proceder?

É necessário apenas procurar o canal da Rede Amigo Espírita no YouTube, nas sextas as 09h, para acompanhar ao vivo, ou pesquisar a gravação na playlist do canal. Todos são muito bem vindos.

Algo emocionante para lembrar de suas vivências doutrinárias?

São muitas as lembranças. Nós não imaginamos o alcance de um estudo ou de uma palestra e quando encontramos, durante as viagens, pessoas que compartilham seus depoimentos sobre a importância de um determinado estudo ou fala, num momento desafiador de sua vida, é sempre muito emocionante. Em dada oportunidade aconteceu algo engraçado também. Meu esposo estava em seu trabalho e um colega, que também é espírita, e não me conhecia, ao saber que ele era espírita, foi indicar as palestras de uma moça, cujos estudos ele estava gostando de acompanhar. Ao compartilhar o link meu esposo se deparou com uma palestra minha e rimos todos juntos.

Algo mais a acrescentar?

Penso que cada um de nós é como um simples instrumento, um lápis, uma borracha, um apontador. Todos temos grande utilidade, quando nos colocamos disponíveis a servir com as habilidades de que dispomos. Mesmo um lápis simples, nas mãos de um desenhista habilidoso, pode expressar maravilhas. Nós podemos ser esse instrumento, ainda imperfeito, mas disposto a ser utilizados pelos nossos benfeitores espirituais para esclarecer, consolar e servir. 

Suas palavras finais.

Apenas agradecer a oportunidade e deixar um abraço aos amigos leitores. Sigamos, como diria Léon Denis, "sempre para frente e para o alto".

 
 

 

     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita