Entrevista

por Orson Peter Carrara

Fundação Educandário Pestalozzi: 80 anos com o olhar voltado para a educação


 
Natural de Franca (SP), onde reside, Dr. Cleber Novelino (foto) é médico pediatra e homeopata. Nas lides espíritas vincula-se à Fundação Educandário Pestalozzi, de sua cidade, da qual é o atual presidente. Filho do Dr. Tomás Novelino, também médico e vulto expressivo na história do Espiritismo, ele nos fala nesta entrevista, entre outros assuntos, sobre o conhecido e importante Educandário, que está comemorando 80 anos de atividades voltadas para a educação.


Como é ser filho de personalidade tão marcante na história do Espiritismo brasileiro, o Dr. Tomás Novelino?

Como espírita, sei do papel relativo da herança física. Mas nascer em um berço espírita com os  pais muito atuantes no movimento espírita e, viver junto com eles ,toda uma vida dedicada à educação e a doutrina espírita, foi e é muito impactante e de grande responsabilidade. Aí está uma verdadeira herança (família espiritual). Reconheço em meus pais, Espíritos que tinham consciência de suas missões e, trabalharam com todo o denodo para cumprir a tarefa. Não eram perfeitos, mas procuraram ser Homens de Bem.

Fale-nos de seu pai como médico e educador.

Meu pai exerceu a medicina por mais de quarenta anos, com grande responsabilidade e amor. Trabalhou vinte e sete anos como médico voluntário do Hospital Allan Kardec de Franca; foi Diretor da Santa Casa de Misericórdia da cidade. Naquele tempo era um médico generalista, basta ver a sua placa no consultório: (T. Novelino –Médico- Clínica- Cirurgia – Partos). Como educador, a sua grande obra (junto com minha mãe), foi fundar uma escola espírita (hoje, Fundação Educandário Pestalozzi), em 1945 e, dedicar todas as suas forças físicas e espirituais nesta empreitada, até os seus respectivos desencarnes (minha mãe com 76 anos, meu pai com 99 anos).

Nestes oitenta anos da Fundação Educandário Pestalozzi, em Franca (SP), o que se destaca aos seus olhos?

Hoje a Fundação Educandário Pestalozzi em suas duas unidades, trabalha a educação nos moldes de trabalho de seu patrono João Henrique Pestalozzi, educando a mente. mãos e coração; assistência social sempre conjugados ao aspecto educacional, oferendo atividades espíritas dentro da escola (sempre respeitando a religião e o pensamento dos alunos, professores e funcionários).

O que é hoje a Fundação?

Atualmente a Fundação tem duas unidades escolares:

- Unidade I (particular), oferendo cursos do Maternal ao Ensino Médio, no momento com 1280 alunos.

- Unidade II (social), oferendo cursos do ensino Infantil ao Ensino Fundamental I, em período integral, ofertados a famílias carentes, com total apoio de material escolar, alimentação, assistência de saúde, no momento com 320 alunos.

Fale-nos de seu livro sobre essa efeméride tão importante.

Há quatro anos, a diretoria da Fundação Educandário Pestalozzi, como forma de preservar a memória de toda a história da instituição e, servir como baliza para os que virão dar continuidade a este trabalho, resolveu escrever um livro que contasse toda a história, aproveitando a presença ainda dos colaboradores que viveram junto com os seus fundadores, bem como colaboradores que vieram depois. Este livro foi lançado em 20 de maio passado (data exata da criação da Fundação Educandário Pestalozzi) e tem como título: Fundação Educandário Pestalozzi – a história de uma obra.

A nosso ver, ficou um trabalho primoroso, que retrata fielmente todo o trabalho desenvolvido de 1944 até os dias atuais. O livro pode ser adquirido através da Livraria IDEFRAN, de Franca (SP), pelos meios abaixo:

- whats: 16 98218-8370

- site (com livraria virtual):  https://idefran.com.br/

Comente sobre as mensagens de Eurípedes Barsanulfo e Anália Franco dirigidas a seu pai?

Em 2001, na data que meu pai completaria cem anos (desencarnou com noventa e nove anos), lançamos também um livro intitulado: “Escritos Espíritas – uma militância pedagógica”, contendo 50 artigos escritos por Tomás Novelino e 25 escritos por Maria Aparecida Rebêlo Novelino, para o jornal A Nova Era, jornal espírita da cidade, do qual meu pai foi redator por muitos anos.

A jornalista Dora Incontri, grande amiga do casal, escreveu como introdução a biografia deles, bem como da obra que realizaram. Ali também constam duas cartas endereçadas ao casal, recebidas por Chico Xavier (uma em 1946 de autoria de Eurípedes Barsanulfo, outra em 1974, de autoria de D. Amália, que foi secretária de Eurípedes Barsanulfo). Estas duas cartas, recebidas em momentos diferentes e em ocasiões de necessidades específicas, foram muito importantes como incentivo ao trabalho e a continuidade em momentos difíceis. Consta ainda uma última carta de Eurípedes Barsanulfo, recebida pela médium Alzira França Amui, de Sacramento (MG), e entregue a meu pai, quinze dias antes do seu desencarne, como forma de selar o compromisso assumido. Este livro também se encontra à disposição para aquisição no IDEFRAN (contatos acima citados).

Fale-nos sobre sua mãe.

Minha mãe tinha uma personalidade muito discreta, mas firme, inteligente, perspicaz e muito amorosa. Foi sem dúvida o ponto de apoio para o meu pai (mais extrovertido e empreendedor). Colaborou em todas as frentes, inclusive no trabalho profissional (como professora, secretária e diretora), e até financeiramente.

Meu pai reconhecia isto de todo coração. Lembremos as palavras de D. Amália, na carta supra mencionada: “Em Novelino, a força de realização, em Cida, o sentimento que lhe assegura estabilidade”.

De suas memórias da vivência espírita familiar, o que gostaria de destacar?

Dos seis filhos do casal, três são médicos. Fiquei doze anos fora de Franca (tempo de cursinho, faculdade, residência e início do trabalho profissional). Sempre achei que um dia voltaria para Franca e, de alguma forma, colaboraria no trabalho da Fundação Pestalozzi. Há mais de trinta anos venho colaborando na instituição em diversos cargos e serviços. Atualmente estou já há algum tempo Presidente.

Se Deus o permitir, gostaria de terminar os dias da presente existência, batalhando pela educação como a vê a Doutrina Espírita (intelecto, sentimento, espiritualidade), contribuindo com as novas gerações, formando Homens de Bem para o Mundo de Regeneração

Suas palavras finais.

Agradeço de coração a oportunidade de dar o meu testemunho.

 
 

 

     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita