Tema: Lei de Sociedade
A Festa da Primavera
Os animais da floresta estavam animados. O inverno havia
acabado e a primavera trazia de volta a beleza da
vegetação e as brincadeiras dos filhotes.

Todos os anos, os bichos comemoravam a chegada da
primavera com uma grande festa.
Simão, o macaco, coordenava os preparativos, formando as
equipes de trabalho. Ele contava com a colaboração de
vários amigos, cada um na função com a qual mais se
identificava.
As aves voavam alto e encontravam as árvores com frutas
maduras. Os animais que conseguiam subir nas árvores,
como os macacos, esquilos e quatis, eram os encarregados
de coletar as frutas. Os animais rasteiros ajudavam a
transportá-las. E assim por diante.
Alguns se dedicavam à limpeza da clareira da floresta
onde era realizada a festa. Outros preparavam as
brincadeiras ou providenciavam a decoração.
O papagaio ajudava Simão na coordenação. Ele conversava
com todo mundo e mantinha Simão informado do andamento
das coisas.
Simão estava contente naquele ano, pois Pepe, seu filho
mais velho, que adorava as festas da primavera, já
estava mais crescido e queria também ajudar nos
preparativos.
Pepe quis fazer parte da equipe que coletava as frutas.
Ele era um macaquinho jovem e corajoso. Conseguia subir
nos galhos bem altos e alcançar muitas frutas gostosas.
Ele recebeu vários elogios por sua contribuição. Todos
estavam satisfeitos com a participação de Pepe e ele
também.
A realização da festa da primavera exigia sempre muito
trabalho e de vez em quando surgiam alguns problemas. Às
vezes era o clima que não colaborava. Certa vez a festa
teve até que ser adiada por causa disso. Mas, na maioria
das vezes, as dificuldades vinham mesmo dos próprios
animais, que se desentendiam. Trabalhar em equipe nem
sempre é fácil.
Simão tinha bastante experiência com isso e, como
sempre, teve que administrar alguns conflitos: pedir que
as araras fizessem menos algazarra, que o tatu não
espalhasse terra onde o tamanduá já tinha varrido, que
as abelhas compreendessem que algumas flores haviam sido
levadas para a clareira porque a festa era uma ocasião
importante para toda a comunidade, e outras coisas
assim...
Mas, como sempre, tudo foi sendo contornado e mais uma
linda edição da festa da primavera se deu. Durante a
festa os bichos conversavam animadamente, fazendo planos
para os dias mais quentes do ano; as aves cantavam e
dançavam; os filhotes corriam brincando pra lá e pra cá;
e todos apreciavam as comidas gostosas.
Simão estava feliz com mais uma comemoração realizada.
Mas, de repente, ele notou Pepe, sentado em um galho,
com olhar desanimado.
O macaco deu um pulo e num segundo sentou-se ao lado
filho.
– O que foi, Pepe? Aconteceu alguma coisa? Você
trabalhou tanto, a festa está tão boa, mas parece que
você não está gostando!
– A festa está ótima, sim, pai! Estou contente com isso!
O que me deixou chateado foi ver que gente que não
ajudou em nada também veio. Olhe lá a dona coelha com
seus sete filhotes bagunceiros. O lagarto, que não
estava em nenhuma equipe, agora está lá, aproveitando a
festa, conversando com todo mundo que passa. A dona
jaboti, que teve que vir ajudada, se arrastando, foi
devagarzinho e comeu as amoras e bananas mais maduras.
Eu não acho justo! Estou-me sentindo explorado – disse
Pepe, tristonho.
Simão compreendeu e com carinho falou:
– Filho, pense bem, é maravilhoso que eles tenham vindo.
A dona coelha é uma ótima mãe, tem muitos filhotes e tem
que se dedicar a eles, enquanto são pequenos. Mas os
coelhos são boa gente. É um prazer convivermos com a
alegria deles. O lagarto esteve muito doente, precisou
de muito repouso e o cuidado dos amigos para conseguir
sobreviver. Agora está aqui, feliz, comemorando a
primavera e a vida! Dona jaboti está idosa, mas já foi
uma grande colaboradora da festa. Mesmo lenta, ela
coordenava muitos serviços, sempre atenta a tudo. Foi
ela quem percebeu, uns anos atrás, que o clima estava
mudando e que seria melhor adiarmos a festa ou a
tempestade estragaria tudo. Ainda bem que vocês
conseguiram frutas macias e doces para ela também poder
comer.
Simão continuou ensinando o filho:
– Pepe, Deus nos criou para sermos úteis, para
trabalharmos para nós e para os outros. Todos têm esse
direito e dever. Cada um deve colaborar com seu grupo
social da maneira que pode, com o que sabe e consegue
fazer. Mas, também, todos nós, em certas fases da vida,
precisamos da ajuda e cooperação dos outros. Você mesmo,
enquanto era filhote, sempre veio participar das festas,
mas ainda não tinha condições de ajudar. Agora já tem!
Vamo-nos alegrar por tudo o que você pode fazer, com a
certeza de que, quando você não puder, outros vão fazer
por eles e por você também!
O macaquinho pensou um pouco e percebeu que Simão tinha
razão. Pepe sorriu, abraçou seu pai e agradeceu.
Pepe havia entendido que poder ajudar não é ser
explorado, é colaborar com Deus e sua criação, cumprindo
o que manda Sua lei, que rege nossas vidas em sociedade.
Então, ele desceu da árvore e, com muita alegria, foi se
divertir também.