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por Wagner Ideali

 

O espírito e o tempo


O espírito é o princípio consciente da existência. 
José Herculano Pires


Gostaríamos de fazer aqui algumas considerações sobre o espírito e o tempo. Nossa existência está repleta de situações muitas vezes desperdiçada para situações que não vem somar para nossa real evolução. Dentro do Espiritismo podemos entender que matéria e espírito são aspectos complementares da existência, onde a matéria é o instrumento de manifestação do espírito. Não há oposição entre os dois, mas harmonia evolutiva.

Publicado em 1964, O Espírito e o Tempo, livro que nos baseamos para construir esse texto, é uma das obras mais significativas do filósofo, jornalista e pensador espírita José Herculano Pires. O livro tem como objetivo fundamental demonstrar que o Espiritismo é a continuidade lógica e histórica do pensamento humano desde os primórdios da civilização, passando pela filosofia clássica, pela religião e pela ciência moderna. Pires propõe uma análise profunda das manifestações espirituais ao longo da história, defendendo que elas são uma constante antropológica presente em todas as culturas, o que ele denomina como “fato espírita”.

Um ponto importante é o fato espírita, ou seja, a existência de manifestações espirituais desde os povos mais antigos até a contemporaneidade. No livro O Espírito e o tempo, prof. Herculano Pires defende que tais manifestações, como visões, revelações e contatos com os mortos, não são invenções ou mitos, mas experiências reais que merecem estudo sério e científico. Essas ocorrências foram mal interpretadas pelas religiões e muitas vezes reprimidas pela ciência materialista. Importante que analisemos que essas manifestações foram absorvidas pelas tradições religiosas, especialmente nas religiões primitivas, no xamanismo, no judaísmo e no cristianismo, onde profetas e médiuns desempenharam papel importante. Essas experiências não podem ser descartadas simplesmente como superstição ou ilusão, pois fazem parte da trajetória espiritual e cultural da humanidade.

Podemos perceber que o espírito (entendido como essência consciente do ser humano) e o tempo (como o campo onde se desenrola a evolução da consciência humana), vamos perceber que a história é sem dúvida o palco do desenvolvimento progressivo do espírito, que se manifesta por meio da cultura, da filosofia, da arte e da religião.

Estudando a história, podemos perceber como Sócrates, Platão e Aristóteles, mostram suas ideias que abriram caminho para a compreensão do mundo espiritual. Em especial, destaca Sócrates como precursor do Espiritismo, com seu diálogo com o “daimon” (espírito-guia), prática mediúnica que se assemelha à atual comunicação dos médiuns com os espíritos.


O Espiritismo como Ciência e Filosofia

Como disse o prof. Herculano Pires, o Espiritismo é uma filosofia espiritualista de base científica. Allan Kardec, ao codificar o Espiritismo no século XIX, retomou essa longa tradição espiritual e deu-lhe um corpo doutrinário racional, lógico e experimental. O Espiritismo não é uma religião dogmática, mas uma ciência da alma, que busca compreender a realidade espiritual com métodos racionais e empíricos.

Podemos perceber que as religiões tradicionais que, ao institucionalizarem-se, afastaram-se da verdadeira essência espiritual. Entendemos que o Espiritismo propõe um retorno à espiritualidade consciente, livre e esclarecida, baseada no conhecimento e não na fé cega.


Materialismo e a Religião Dogmática

O materialismo científico e o dogmatismo religioso distorcem a experiência humana. O materialismo nega a existência do espírito e reduz o ser humano à matéria; a religião dogmática impõe crenças sem reflexão. O Espiritismo, nesse contexto, surge como uma terceira via, conciliando ciência e espiritualidade.

A evolução do espírito é um processo contínuo que se dá através da reencarnação, do aperfeiçoamento moral e da busca pelo conhecimento. A vida na Terra é apenas uma etapa dessa jornada espiritual. Assim estudando vamos entender que o Espiritismo fornece os instrumentos teóricos e práticos para compreender e orientar esse processo.


A Contribuição Cultural do Espiritismo

Vamos entendendo o papel do Espiritismo como renovador cultural e moral da humanidade. O Espiritismo pode colaborar para a transformação ética da sociedade, ao promover valores como solidariedade, justiça, fraternidade e responsabilidade espiritual.

O espírita precisa ter consciência que o Espiritismo não é apenas uma doutrina, mas uma verdadeira filosofia da existência que se conecta com as grandes questões da humanidade. 


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita