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por Waldenir A. Cuin

 

O que estamos fazendo com as lições de Jesus?


“Quem quer ser o primeiro, que seja o último de todos e o servidor de todos.”
  Jesus (Mateus, 9:35)


Tem muita importância  o destaque que fazemos das profundas lições de Jesus e muito valor os estudos e as reflexões que realizamos sobre elas, mas imprescindível se torna que as coloquemos em prática, em nosso quotidiano, se realmente temos interesse na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e humana.

Com frequência, louvamos a cura que o Cristo fez ao cego de Jericó, devolvendo-lhe a visão, atendendo ao doloroso apelo daquele necessitado. Obviamente, não conseguiremos fazer um cego voltar a enxergar, mas  não estamos impedidos de conseguir colírio para aliviar, pelos menos um pouco, os problemas visuais dos irmãos que seguem doentes dos olhos.

Com entusiasmo, aplaudimos o feito do Cristo ao devolver os movimentos físicos ao paralítico de Cafarnaum, mas nem sempre estamos dispostos a socorrer os deficientes físicos carentes que necessitam de amparo e recursos técnicos.

Com euforia, elogiamos a multiplicação de pães e peixes, quando o Mestre saciou a fome de enorme multidão, mas nem sempre temos vontade e disposição para oferecer uma cesta básica de alimento a uma mãe desesperada, que sofre ao ver a panela vazia e os filhinhos a implorar-lhe por comida.

Com emoção, nos sensibilizamos diante da beleza do Sermão da Montanha, no entanto temos imensas dificuldades em visitar um lar que a tragédia abateu, conduzindo algumas palavras de consolo e proporcionando momentos de fraternidade e alívio.

Com admiração, discursamos sobre a postura de Jesus em relação à mulher adúltera, mas em inúmeras oportunidades nos faltam a coragem e a humildade para perdoar aqueles que, porventura, nos ofenderam ou para pedir perdão a quem ofendemos.

Com reverência, estudamos o encontro do Cristo com Zaqueu, mas apresentamos dificuldades em dispor dos  nossos  recursos financeiros ou diminuir um pouco o nosso conforto, para aliviar o padecimento e as aflições dos irmãos que seguem pela vida em situação de penúria.

Com profundo respeito, meditamos sobre a recuperação de Lázaro, sob os influxos das mãos de Jesus, no entanto nem sempre estamos dispostos a socorrer, com médicos e remédios, os doentes pobres e solitários que sofrem sob os nossos olhares.

Com exaltação, discorremos sobre o momento em que o Mestre aplacou a tempestade que ameaçava o barco em que viajava com os discípulos, mas em oportunidades várias vacilamos em aplacar a ira ou o ódio abrigado em muitos corações revoltados e em desequilíbrio, inclusive o nosso.

Com indignação, refletimos sobre o diálogo de Jesus com Nicodemos, quando esse doutor da lei, temendo pela sua reputação, preferiu encontrar o Mestre na calada da noite, no entanto, com frequência, por timidez ou má vontade, não nos dispomos a trabalhar por uma boa causa que contraria o interesse da maioria.

Com sensibilidade, vislumbramos a calma e a serenidade de Jesus diante da sua crucificação, mas de nossa parte é comum o nosso desespero e desequilíbrio diante de situações adversas e complicadas, que nos exigem um pouco mais de fé e maturidade espiritual.

Com fervor, falamos da entrada triunfal do Cristo em Jerusalém, quando grande multidão o seguiu, mas em infindáveis situações deixamos de triunfar diante dos nossos compromissos em favor dos menos favorecidos devido à chuva, frio, pequenos incômodos físicos e outros, totalmente superáveis com boa vontade e determinação.

Incontestavelmente, precisamos estudar, comentar, admirar e aplaudir as inquestionáveis lições de Jesus Cristo, mas muito mais que isso, com urgência, devemos colocá-las em prática se temos a intenção de progredirmos espiritualmente e de contribuir para a edificação de um mundo melhor.

Reflitamos...


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita