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por Rogério Miguez

 

O travesseiro é o melhor conselheiro?


São incontáveis as máximas populares relacionando-se a uma diversidade considerável de situações do cotidiano, muitas, contudo, sem nenhum compromisso com as leis divinas.

Entretanto, o ditado contemplado neste texto sobre os possíveis aconselhamentos que seriam providenciados pelo travesseiro, tudo indica, possui a sua cota de verdade, embora a maioria desconheça por qual razão.

Quando dormimos, seja com a cabeça acomodada em um suave travesseiro de penas, ou mesmo sem nenhum travesseiro – lembremos que Jesus disse: "As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça" (1) –, nosso Espírito se afasta parcialmente do corpo físico, ao qual está enlaçado pelo perispírito, amplia as percepções, ganha mais liberdade de ação, acessa o passado, talvez o futuro, pois o corpo biológico age como um abafador de todos os sentidos. É uma questão da frequência da matéria densa em relação a do Espírito com o seu perispírito. A primeira é mais baixa, a segunda mais alta.

Ao dilatar a sua lucidez, o Espírito, em muitas ocasiões, percebe o que não consegue notar quando está enlaçado na matéria durante o estado de vigília e, com a percepção mais aguçada, obtém sucesso em responder, muitas vezes por si mesmo, variadas questões, ainda sem respostas, mesmo relacionadas ao seu ambiente de trabalho que o preocupam durante o cotidiano. Encontra saídas para dilemas que o agoniam no seu dia a dia.

Além dessa possibilidade, quando estamos emancipados – termo usado por Allan Kardec para designar este afastamento temporário do corpo -, entramos em contato, durante o período do sono, com outros Espíritos que podem ser: amigos ou familiares, encarnados ou não, neste ou em outros mundos, e, muitas vezes, com o nosso anjo da guarda. Nestas interações, dialogamos, trocamos opiniões com estas entidades e, destas conversações, surgem naturalmente novas ideias e propostas para, quem sabe, esclarecer as nossas dúvidas e preocupações, características de nossa jornada diária.

Há também a possibilidade de, desde que nos disponhamos para tanto, participar ou assistir palestras promovidas por abnegados instrutores no plano etéreo. Estas apresentações podem versar sobre temas que estão em nosso foco de atenção, advindo também destes estudos novas abordagens para lidar com as nossas muitas e rotineiras angústias.

Ademais, em paralelo a estes efeitos diretos sobre as apreensões variadas que mantemos, muitos Espíritos, acordando, se sentem revigorados de inexplicável maneira, mais esperançosos e aliviados, sem saberem explicar por qual razão estão se sentindo assim. São as boas impressões das variadas conversas que mantiveram no plano imaterial.

Por todas estas renovadoras sensações é que, com o passar do tempo, a Humanidade foi percebendo que, após uma boa noite de sono, advinham ideias e soluções para os mais diversificados problemas que criamos ao longo de nossa existência, atribuindo como causador deste misterioso efeito o inerte travesseiro, que não pode, de modo algum, criar qualquer pensamento novo com a capacidade de nos ajudar no bom andamento das existências.

É bem conhecido o fato do químico alemão Kekulé ter finalmente estabelecido a fórmula estrutural do benzeno, após décadas de pesquisas e estudos na busca desta particular formação, quando sonhou com uma serpente mordendo a própria cauda. (2)

Também é célebre o caso narrado por André Luiz sobre orientação dada por uma avó, desencarnada, à sua neta – Nieta - durante o sono da jovem, que passava por momentos difíceis em função de ter sido caluniada. A avó compara a calúnia a uma serpente, mas, se encarada de frente é como um brinquedo a se quebrar como o vidro pelo impulso de nossas mãos. Vencida a serpente, nos fica a flor da virtude. Os elementos principais foram fixados na mente de Nieta – calúnia, serpente, vidro, mãos, quebra, flor, virtude - , e quando ela acordou estava encorajada e bem disposta, embora sem condições de precisar a causa de seu bom ânimo. (3)

É sempre oportuno lembrar que para se realizar estes sonhos benéficos é preciso se preparar para dormir evitando: alimentação exagerada à noite, assistir filmes com temática sobre violência e sensuais, visualizar imagens perturbadores na WEB, ingestão de alcoólicos e drogas, sob pena de, ao invés de encontrarmos bons Espíritos, amigos e familiares, entrarmos em contato com outros Espíritos de tendência perturbadora - às vezes obsessores -, que nos comunicarão fluidos maléficos e sugestões inquietantes que mais nos tirarão o sossego e, ao acordar, as impressões serão opostas àquelas que acabamos de narrar.

Conselhos, quem não os deseja! Pelos sonhos poderemos receber estes salutares conselhos, mas é preciso criar as condições para tanto.

Bons sonhos!

 

Referências:

1 BÍBLIA, N. T. Lucas. Português. O novo testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 1966. cap. 9, vers. 58.

2  Veja em Brasil Escola Acesso em: 13/07/2025.

3 XAVIER, F. Cândido. Os mensageiros. Pelo Espírito André Luiz. ed. 16. Rio de Janeiro: FEB, 1983. cap. 38.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita