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por Bruno Abreu

 

A primeira tarefa 


“Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas serão acrescentadas a vocês.”
 Jesus (Mateus, 6:33.)       


A maioria de nós tem olhado para esta questão de forma equivocada e feito uma busca de forma confusa.

Temos tentado que o filho do homem, o ser que vive na Terra e com qual nos identificamos, faça esta busca. Mas a realidade é que ele nunca chegará ao Reino dos Céus, ficará na Terra, mais tarde ou mais cedo.

O corpo tem o seu limite e o Ego ou caráter também. A maior prova disso é que ele não se recorda de suas reencarnações anteriores. Deve ter vivido uma vida muito diferente, pois pode ter sido noutro país e com certeza  foi numa outra época, com muitas diferenças.

Quem pode ascender ao Reino do Céus?

Logicamente o seu “cidadão”, o filho de Deus.

Como o poderemos fazer?

A primeira etapa do caminho é a de percebermos que não somos este ser que tem causado tanta confusão na Terra, o Ego. Este é filho da Ignorância.

Este ser separa-se mentalmente dos restantes, como eu, uma personalidade, criando os seus certos e errados, que vão alterando-se ao longo da vida, e luta por estes até a morte. Não foi o que levou Adão e Eva a serem expulsos do Paraíso?

Jesus declarou aos seus discípulos: “Se alguém deseja seguir-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e me acompanhe. Porquanto quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, encontrará a verdadeira vida”.

Jesus ensina nesta passagem que o caminho é o do abandono de si próprio. Não é o abandono do corpo, nem do Espírito, mas é o abandono de nós próprios.

Nós podemos ver claramente que temos que abandonar as nossas más tendências. Onde nascem estas?

Experimente ter uma má tendência, como o ódio ou o orgulho sem pensamento. O que acontece? Não é possível, no entanto não deixou de existir o corpo, que é o filho do homem, e o filho de Deus.

O que não existiu? O caráter, a personalidade, o Ego, como quisermos chamar.

O pensamento nasce numa identidade que construímos ao longo da vida terrena, que não tem vida eterna, logo, uma entidade separada do Filho de Deus ou do Espírito.

A entidade da vida anterior ou dos milhares de vidas anteriores acabaram, morreram, o mais tardar, no nascimento da nova. Chamamos de véu. Uma formatação do computador, para a nova vida, feita na medida do que temos de viver.

Nós damos tanta importância a esta forma de ser, que acreditamos ser um ser. Através disto, odiamos, orgulhamo-nos, somos egoístas e todas as outras confusões más que criamos e sentimos aqui na Terra.

Por isso o conselho de Jesus, para o podermos seguir, temos de nos abandonar.

Joanna de Ângelis fala em renascimento constante a cada segundo. Este renascimento é um abandono da identidade a cada segundo,

Onde se situa a mágoa? Ou o ódio? Ou o orgulho?

Também se situa o conhecimento da profissão, da tecnologia, mas este não nos faz mal. O que nos faz mal é o que chamamos de caráter ou eu, aquele que utiliza a tecnologia de forma errada, que luta com os outros, que é apegado à Terra.

Ao abandonarmos a más tendências, estamos a abandonar este ser ilusório, mas é necessário dar um passo, que nos tem faltado e que agora a maioria da humanidade está pronta para dar. Por isso o Planeta estar em fase de passagem para uma nova categoria de mundo.

Conhecer a “verdade” de que Jesus nos falou. Pois vivemos em ilusão; não é o que Ele afirma quando diz conhecereis a Verdade e esta vos libertará?

Sem dúvida, podemos assumir que precisamos urgentemente de mudar para não destruirmos o planeta. Essa mudança tem de ocorrer em nós.

Podemos afirmar que algo nos mantém presos a uma forma de funcionamento autodestruidora? Podemos chamar de Ignorância?

Podemos afirmar que a sabedoria, saber sobre isso, é o que nos fará dar um passo em frente e abandonar uma forma de viver caótica?

Não foi Jesus que nos disse “vós sois escravos, sois escravos do “pecado”. Onde nasce o pecado, não é no pensamento? Tente ser orgulhoso sem pensamento, ou sentir ódio sem pensamento. Seria o mesmo dizer, vós sois escravos do pensamento. Por isso nos dá como principal tarefa, a Vigia.

É ou não é uma verdade de acredita ser “eu”? Experimente responder à pergunta: Quem você é?

A resposta é automática: Sou Eu.

Sei que parece muito confuso, mas se não fosse, não estaríamos há milhares de anos às voltas. Hoje já entenderíamos porque nós tivemos de abandonar e o que abandonamos?

Temos usado o princípio de que eu vou crescer espiritualmente e entrar no reino de Deus.

Mas o caminho é contrário. “Eu” vai ter de desaparecer para entrarmos no Reno de Deus.

O maior será o menor no Reno de Deus, o menor de vocês será o Maior no Reino de Deus, não é este o ensinamento?

Para que a confusão em nossa cabeça diminua, não é suficiente aprender as palavras. Se fosse, Jesus tinha deixado uma enciclopédia.

É necessário percorrermos um caminho de autoconhecimento, sobre o ser que vive na Terra, para que possamos nos aproximar da “Verdade”.

Conforme nos vamos apercebendo da ilusão em que vivemos, através do ser que construímos mentalmente, vamos abandonando as formas de estar egoístas, orgulhosas e agressivas, construídas pela mente.

Ninguém lhe poderá ensinar isto, tem de ser cada um a descobrir, por isso os ensinamentos de Jesus serem tão poucos.

O caminho faz-se caminhando, mas tem de ser para o lado certo. Se não for, o sofrimento resultante das nossas ações nos incentivará para tomarmos outra direção.


Bruno Abreu reside em Lisboa, Portugal.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita