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por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

 

O ceticismo e o não perdão


Em O Evangelho segundo o Espiritismo, encontramos o ensinamento de Jesus: "Amai os vossos inimigos; fazei o bem àqueles que vos odeiam e orai por aqueles que vos perseguem e caluniam" (Mateus 5:44-48). Este conselho revela que a verdadeira perfeição reside na caridade, não apenas como bondade, mas como prática de todas as virtudes. A caridade verdadeira se manifesta na benevolência, na indulgência e, principalmente, no perdão. Amar os inimigos é um sinal de superioridade moral.

O filme A mulher mais odiada dos Estados Unidos retrata a vida de Madalyn Murray O'Hair, uma ativista ateísta, que na década de 1960 lutou para que a leitura da Bíblia fosse retirada das escolas públicas americanas. Com seu ativismo jurídico, Madalyn desafiou a ligação entre Estado e religião, fundando uma organização que arrecadou fundos globalmente. Contudo, seu engajamento gerou uma onda de perseguições e ódio, consequências que ela não poderia prever.

Sua militância acabou isolando-a, afetando até sua relação com o filho, Bill Jr., cujo casamento terminou em separação por influência da dependência da mãe com ele, levando-o a sucumbir ao alcoolismo, pós-separação. Bill perdeu a guarda da filha para Madalyn, e ela se envolveu com David Lucas, um homem com passagens pela prisão. A relação tumultuada com seu gerente Lucas e um incidente envolvendo álcool e ressentimentos culminaram em um sequestro, levando a um final trágico, com a morte de Madalyn, de um dos filhos e da neta.

O filme evidencia o poder destrutivo do ressentimento, do ódio e do egoísmo. Madalyn, ao afirmar "Eu sou assim, é meu gênio", revela como o orgulho e a falta de perdão a afastaram do amor, da família e da verdadeira felicidade. Esse comportamento, cultivado ao longo da vida, leva inevitavelmente à solidão e ao sofrimento.

Muitas pessoas priorizam o trabalho, o sucesso e a independência em detrimento das relações familiares, e ao final da vida, percebem que o tempo perdido não pode ser recuperado. O que realmente importa, afinal, é o amor e a capacidade de perdoar. A arrogância e o orgulho criam barreiras, afastam aqueles que amamos e nos tornam inimigos até de quem não deveria ser. No final, o que resta de um sonho de sucesso são as cicatrizes do egoísmo, da desilusão e da perda de saúde. O perdão e o amor são, portanto, o caminho para a paz de consciência, nosso verdadeiro reino.


Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é diretor da Editora EME.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita