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Professora
aposentada, com formação superior em Biologia,
Ademildes André Basílio (foto),
natural de Tupã-SP, reside em Pompeia, cidade
também localizada no estado de São Paulo. Nas
lides espíritas, ela participa das atividades do
Centro Espírita Cairbar Schutel, no qual
responde pelo departamento de doutrina, e do Lar
da Criança Alice Araújo, que foi fundado por
iniciativa dos espíritas, como ela nos conta na
presente entrevista.
Quando e como você se tornou espírita?
Aos 18 anos é que encontrei o Espiritismo
através do meu esposo, que conheci em 1968 e com
ele comecei a frequentar a Mocidade Espírita
Allan Kardec, já me iniciando nos estudos e em
trabalhos voluntários como coleta de alimentos e
montagem de cestas básicas, bazar de doces e de
roupas usadas. Alguns anos depois, no Centro
Espírita Chico Xavier, em Marília, comecei os
estudos das Obras Básicas e na explanação do
Evangelho. Em 1980, por motivos profissionais,
mudamo-nos para Pompeia, assumindo assim os
trabalhos no Centro Espírita Cairbar Schutel.
Situe a cidade de Pompeia no contexto
demográfico e geográfico para conhecimento dos
nossos leitores.
Pompeia está localizada no interior do estado de
São Paulo, na região centro- oeste paulista e
dista 488 km da capital e 30 km da cidade de
Marilia-SP. A população da cidade é em torno de
20.500 habitantes, que vivem predominantemente
na área urbana. A cidade conta com grandes
indústrias, bom comércio, escolas e, entre
estas, a Fatec, que oferece o curso de
Mecanização em Agricultura de Precisão, único no
mundo. Pompeia oferece boa qualidade de vida a
seus habitantes.
Quantas instituições espíritas existem na cidade
e quando foi fundado o Centro Espírita a que se
vincula?
Pompeia possui apenas o Centro Espírita Cairbar
Schutel, fundado em 20 de janeiro de 1935.
Quando surgiu o Lar da Criança Alice Araújo? É
uma instituição autônoma ou departamento da
instituição espírita?
Temos poucos registros em ata sobre o início do
Lar da Criança. Em 19 de novembro de 1957 o
senhor Constantino Marcolino de Souza convocou
amigos espíritas com a intenção de construir um
abrigo para crianças desamparadas. Foram até a
cidade de São Manuel visitar a creche Anália
Franco e voltaram motivados. Conseguiram o
terreno, batalharam na construção e assim surgiu
o Lar da Criança Alice Araújo. Por que Alice
Araújo? Porque na visita ao Lar Anália Franco
conheceram a senhora Alice Araújo, funcionária
muito dedicada. Daí resolveram homenageá-la,
dando seu nome à instituição. O Lar é uma
entidade privada e autônoma.
Fale-nos sobre os objetivos e funcionamento do
Lar da Criança.
Atendemos filhos de mães que trabalham fora de
casa, crianças essas de 4 meses a 5 anos em
regime de semi-internato, das 6h30 até 17h30.
Atualmente estamos com 60 crianças. Temos uma
diretoria executiva, conselhos e 13 funcionárias
remuneradas. Procuramos oferecer um ambiente
saudável, seguro, abrangendo os diversos
aspectos não só físicos como também psíquicos,
sociais, nutricionais, emocionais e pedagógicos.
Direcionamos os nossos trabalhos pautados nos
valores e virtudes essenciais que conduzam à
construção de
uma sociedade mais justa e solidária.
Dessa sua dedicação a esse trabalho, o que você
pode destacar?
Ver a criança chegando ao Lar com 4 meses e
acompanhar o seu desenvolvimento: primeiros
passos, primeiras palavras, alimentar-se
sozinhos, chegando aqui totalmente dependente e
ganhando dia a dia a sua autonomia e
socialização. É gratificante também sentir a
pureza da criança e sua espontaneidade. Ela é
intensa na alegria, na tristeza, no medo e
precisa ser acolhida nesses sentimentos. É um
trabalho desafiador que nos ensina lições
valiosas sobre o amor, a paciência e a
importância de cada pequeno momento.
Como você percebe o conhecimento espírita
influenciando nesse compromisso?
Sem dúvida o conhecimento da doutrina espírita
me auxiliou a ver a criança como um espírito em
evolução, um espírito reencarnado trazendo
consigo experiências e aprendizados de vidas
passadas. Essa visão leva a um olhar mais
profundo e respeitoso para as necessidades
individuais de cada criança, considerando seu
ritmo de aprendizado e suas tendências. A
doutrina espírita me ajuda ver a criança além do
físico. Ela é um ser integral com necessidades
físicas, emocionais, intelectuais e espirituais.
Algo mais a acrescentar sobre esse trabalho?
É gratificante receber o retorno dos pais sobre
o impacto do Lar na vida de seus filhos, no que
diz respeito às mudanças comportamentais como
autonomia, socialização... Parece um ato
simples, mas também é emocionante quando ao
chegar ao Lar ver as crianças correndo para nos
dar um abraço num gesto de acolhimento.
Suas considerações finais.
Gostaria de agradecer a oportunidade de
compartilhar um pouco sobre minha dedicação pelo
trabalho voluntário com as crianças, destacando
o valor dessa fase tão importante que é a
primeira infância.

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