Tema: Orgulho
A aluna nova
Mariana e Julia se reencontraram na escola, depois das
férias de julho. Elas estudavam na mesma classe e eram
amigas. As duas eram boas alunas, sempre faziam seus
deveres de casa e costumavam tirar boas notas também.
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Elas se abraçaram alegremente e depois se sentaram lá na
frente, como de costume. Foi, então, que perceberam uma
aluna nova na classe, numa
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carteira próxima às delas. Mariana e Julia se
apresentaram e também ficaram sabendo que a nova
colega se chamava Gisela. |
As amigas ficaram curiosas para saber por que Gisela
estava entrando na classe delas no meio do ano.
– Você morava em outra cidade e sua família se mudou pra
cá?
– Não, eu sempre morei aqui. Eu estudava em outra
escola, mas não gostava da minha classe. Só tinha gente
que não combinava comigo, ninguém sabia nada de nenhuma
matéria e ainda eram chatos comigo. Então, pedi para
minha mãe me mudar e agora deu certo.
– Nossa! Que pena! Espero que você goste daqui. Aqui a
gente tem que estudar bastante, sim. E também tem
pessoas legais, não é, amiga? – disse Mariana brincando
e abraçando a Julia.
Quando a professora chegou, apresentou Gisela para a
turma.
Durante a aula a menina demonstrou interesse. Prestou
atenção, fez anotações e até respondeu às perguntas da
professora. Em poucos dias, os colegas já haviam
percebido que Gisela era uma boa aluna.
Mariana e Julia a convidavam para ficar com elas na hora
do recreio e aos poucos foram-se aproximando. As duas
amigas, que também gostavam de estudar e cumprir bem
seus compromissos, achavam que Gisela se daria bem com
elas.
Até que por algum tempo foi isso mesmo que aconteceu.
Mas só até Gisela conhecer um pouco mais a escola e se
atualizar com a matéria que estava sendo dada. Logo que
ela ficou mais confiante, passou a tratar os colegas com
desprezo, sempre demonstrando que sabia mais que eles.
Mariana e Julia entenderam então por que ela não se dava
bem na outra escola.
Um dia, a professora pediu que fizessem um trabalho em
grupo. Mariana e Julia se olharam e sorriram uma para
outra, demonstrando que queriam fazer o trabalho juntas.
Gisela esperou um pouco. Ela se achava a melhor aluna da
classe e pensava que todos iriam querer fazer o trabalho
com ela. Mas, como ninguém a convidou, ela mesma disse
às meninas:
– Se vocês quiserem, eu posso ficar no grupo de vocês.
Na verdade, elas preferiam trabalhar sozinhas, mas,
compreendendo a situação, concordaram.
Elas se encontraram, à tarde, na biblioteca da escola,
para fazerem o trabalho e Gisela foi logo dizendo:
– Deixem que eu faço a parte da escrita! Eu escrevo bem
e quero garantir uma boa nota.
Mas Mariana, incomodada com a arrogância da menina,
argumentou:
– A Julia também escreve bem, Gisela. Ela gosta de ler e
faz ótimas redações.
– Gosta de ler? Parabéns, Julia! Mas duvido que você
leia mais do que eu. – disse Gisela. – Eu não gosto! Mas
leio! Leio vários livros, mesmo que sejam difíceis ou
com muitas páginas.
– Se você não gosta e lê mesmo assim, você que está de
parabéns, Gisela, pela sua força de vontade. É difícil a
gente fazer o que não gosta, por muito tempo – disse
Mariana.
– Eu não gosto de ler, nem de estudar. Eu gosto é de
saber! – disse Gisela, com arrogância. – Gosto de
responder alguma pergunta que a professora fez e todo
mundo ver como eu sou inteligente. Gosto de estar
conversando com alguém e falar coisas que impressionam.
Eu sei coisas sobre vários assuntos que ninguém sabe.
As outras meninas ficaram espantadas. Perceberam que
Giselda não era uma boa aluna por gostar de estudar ou
por sentir compromisso em cumprir seus deveres. Sua
motivação era alimentar seu orgulho.
Depois de alguns segundos Julia disse:
– Eu não. Eu leio sobre o que eu gosto. Eu comento com
as pessoas o que eu acho interessante. Mas não para
mostrar que eu sei mais. Só para trocarmos aprendizados.
Tem gente que sabe mais do que eu em outras coisas. Eu
não me importo – disse Julia. – A Mari não gosta tanto
de ler, mas ajuda a mãe dela na cozinha e já sabe fazer
comidas deliciosas. Eu não acho que sou melhor do que
ela porque ela não lê muito. Nem ela é melhor do que eu
porque eu não sei cozinhar. Cada uma tem seu jeito, suas
preferências, é boa em uma coisa...
E pra concluir, Julia ainda disse:
– Essa sua mania de ficar se exibindo, de querer parecer
melhor do que os outros não é nem um pouco legal, sabia?
Ninguém é melhor do que ninguém, pois somos todos
criados por Deus da mesma forma e estamos todos
aprendendo a desenvolver nossas virtudes.
– Gisela, se você gosta de saber as coisas, saiba que o
maior mestre de todos, que foi Jesus, ensinou que o
caminho da felicidade é através da humildade e de nos
ajudarmos uns aos outros. O que a gente aprende deve se
tornar uma coisa boa e útil para nós e para os outros.
Não para afastar as pessoas de nós – completou Mariana,
com bondade.
Gisela ficou olhando para elas, sem ter o que responder.
Ela sabia que Julia e Mariana eram muito amigas e queria
também ter uma amizade como a delas.
Naquele momento ela compreendeu que elas estavam certas.
Ela nunca valorizava ninguém e esperava que todos a
valorizassem, que vissem como ela era superior e
corressem atrás dela. Mas, era justamente o contrário
que acontecia e ela ficava cada vez mais sozinha.
Gisela era orgulhosa, mas era inteligente também. Depois
de pensar um pouquinho, ela disse:
– Tudo bem, Julia. Podemos dividir a parte da escrita e
a Mari fazer a parte das figuras. Pode ser? O que vocês
acham?
– Que tal nós fazermos tudo juntas? – respondeu Julia.
– Tudo bem, pode ser! É melhor, mesmo. Senão, depois, é
capaz de eu ainda ficar comparando pra ver se a parte
que eu fiz está melhor que a de vocês – disse Gisela,
sorrindo e reconhecendo que precisava se modificar.
As meninas trabalharam juntas e fizeram um excelente
trabalho.
Quando saiu a nota elas comemoraram. Gisela se sentiu
muito bem por ter feito o trabalho com elas e agradeceu
por elas a terem aceito no grupo.
Mariana e Julia não eram apenas boas alunas. Eram boas
pessoas também. Aos poucos, na companhia delas, Gisela
passou a agir de forma diferente e se tornou uma boa
amiga também.
Sem mais se preocupar em ficar apenas impressionando os
outros, Gisela passou a se dedicar às coisas de que ela
mais gostava, como biologia, história e vôlei.
As pessoas passaram a admirá-la, de verdade. Mas, o
importante é que ela também aprendeu a admirar os outros
e a ser muito mais feliz.