O inolvidável tema perdão
Somente uma doutrina de luz – como o Espiritismo
– poderia nos clarear tão bem essas premissas
anunciadas ao longo dos séculos, em função das
devidas reconciliações humanas. Inúmeros homens
sábios, filósofos e mensageiros do bem assim nos
nortearam sobre relevante atitude altruística.
Em seu ministério sublime, Jesus esclareceu
àqueles que o ouviam por meio dessa vertente de
amor a si e ao próximo. Ele não se esquivou de
revelar a prática do perdão, que é assaz
inconfundível e inolvidável nas relações
sociais.
Não diríamos que tudo será resolvido de pronto
para todos os agravos cometidos. Contudo, o
início do reajuste será semeado entre seres
comprometidos entre si. Aos poucos, lentamente,
no bojo de experiências pelas vidas sucessivas,
com amadurecimento ético-moral, o ser imortal
paulatinamente perdoará as agressões e ultrajes
recebidos, enxergará como o seu semelhante
esteve equivocado, em atos impensados, nesta ou
noutra(s) vida(s).
Perdão é assunto premente em um mundo de
expiações e de provas em face de nossas
imperfeições, o qual ingressar-se-á futuramente
na categoria de regeneração. Por conseguinte,
tal prática ainda será constante em face de
nossas carências cognitivas em razão da falta de
vivências virtuosas. Certamente conhecemos
inúmeros casos e fatos inamistosos que carecerão
desses alentos para que os envolvidos se
reaproximem fraternalmente.
Dessa forma, quando Simão Pedro indagou do
Mestre dos Mestres quantas vezes deveria perdoar
o irmão que pecou contra si, ele quantificou
sete vezes ao relembrar a tradição das antigas
escrituras e cultura do povo onde se situavam,
porque eles adotavam o número sete como
totalidade. O Rabi da Galileia lhe respondeu que
não deveria ser em torno de sete vezes, mas
setenta vezes sete[1],
ou seja, uma grande conta a se fazer para criar
o hábito do perdão.
Assim, muitos jornadeiros sediados em atitudes
torpes, uma vez redirecionados a outras posturas
educativas, reverão quanto se atrasaram e se
posicionarão junto ao progresso destinado a
todos os filhos de Deus. Desse modo, tem
acontecido ao longo das civilizações.
Não diremos que o adepto espírita é um ser
agraciado e imune às tempestades morais comuns
aos homens. Todavia, como um praticante do
estudo, e buscando esclarecimento a si e ao
semelhante, é capaz de se reerguer e se valer
como aquele que procura voltar-se ao Supremo,
por uma das instruções principais da Doutrina
Espírita, respaldada nos ensinamentos do Cristo
sobre o amor ao próximo, porque nessa condição
está incluída a prática do perdão incondicional
a si e ao semelhante, a qual deverá uma meta de
todos nós.
O perdão amplamente divulgado na literatura
voltada ao bem comum, e com destaque no
ensinamento cristão-espírita, torna-se requisito
elementar à elevação do ser pensante. A expertise de
quem pratica a virtude de perdoar se baseia na
consciência nutrida por bons pensamentos,
daquele compreendedor de que só alcançará
melhores degraus, rumo à plenitude, quando se
esforçar em ser alguém melhor, com conhecimento
daquilo que lhe prejudicará a evoluir.
Há que se considerar muitas atitudes imperfeitas
de todos nós. Há caminhos similares, a todos os
povos, mas ainda são percorridos por pessoas
desconhecedoras de que no Universo foi
estabelecida uma Lei Espiritual similar a uma
Lei da Física (terceira lei de Isaac Newton) –
conhecida por Lei de Ação e Reação, sem castigo;
no entanto, com consequências, necessária para
se aparar arestas quando se prejudica o próximo.
São burilamentos pertinentes aos espíritos
imantados no desconhecimento de tudo que vá
causar prejuízo alheio – ao autor que realizou
algo em detração ao seu semelhante, haverá um
retorno como corrigenda.
Nos nichos domésticos aportam-se costumeiramente
muitos desafetos entre si, em situações às vezes
surpreendentes, como as diversas histórias (as
quais se repetem) que foram narradas na vasta
lavra espírita,
para possíveis reajustamentos, planejados pelos
benfeitores espirituais, os quais programam
esses resgates para uma só finalidade: a
reparação de falhas mal resolvidas, em termos
espirituais.
Precisaremos nos esforçar e nos reerguer de
nossas próprias amarras da ignorância frente ao
processo evolutivo; tal alternativa é granjeada
indistintamente às criaturas originadas do mesmo
Criador. Portanto, caros leitores,
enfatizaremos novamente o apóstolo Pedro que nos
escreveu: “Sobretudo, conservem entre vocês um
grande amor, porque o amor cobre uma multidão de
pecados”[3] e
relembraremos o Cristo no derradeiro momento de
sua crucificação pelos equivocados homens
daquele tempo: “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem
o que estão fazendo”.
Roni Ricardo Osorio Maia
reside em Volta Redonda (RJ).