Reencarnação, diálogo entre
espiritualidade e filosofia
Filosofia é um campo muito interessante do conhecimento
humano.
A reencarnação é um dos pilares fundamentais do
Espiritismo, servindo como ponte entre a espiritualidade
e a filosofia. Este conceito não apenas explica a
continuidade da existência da alma, mas também promove
uma visão racional e de progresso sobre a evolução do
espírito ao longo de suas múltiplas existências.
A relação entre a reencarnação e a justiça divina se
apresenta, no entendimento espírita, como uma forma pela
qual os espíritos evoluem moral e intelectualmente
através de sucessivas experiências na Terra e em outros
mundos habitados.
Cada existência é uma oportunidade para corrigir erros
do passado, desenvolver virtudes e ampliar
conhecimentos, promovendo um aprendizado contínuo rumo à
perfeição espiritual, quando deixaremos de ser espíritos
errantes para nos tornarmos um ser pleno, no dizer de
Joanna de Ângelis, identificado totalmente com os
valores do bem, da paz, do conhecimento e do amor.
Do ponto de vista filosófico, a reencarnação responde
questões sobre a existência, o sofrimento e a
desigualdade humana. Por que alguns nascem em condições
favoráveis, enquanto outros enfrentam adversidades desde
o nascimento? No Espiritismo, essas diferenças são
compreendidas como consequências das ações passadas,
reforçando a lei de causa e efeito. Assim, a
reencarnação harmoniza-se com princípios de
responsabilidade moral e livre-arbítrio.
Para o Espiritismo não existe o nada, em tudo há algo,
seja material ou espiritual. O universo é completo, mas
ainda com muitos segredos não desvendados pelo homem e
diferenças evolutivas nos diferentes orbes. O mundo
espiritual se perde em suas múltiplas estruturas em
diferentes planos evolutivos, tal como no mundo físico.
Assim a reencarnação dá o suporte necessário para
identificar essas diferenças e o processo evolutivo fica
claro, onde a filosofia e a espiritualidade se
encontram.
A espiritualidade, por sua vez, ilumina essa compreensão
ao demonstrar que a vida não se resume à existência
material. Os relatos mediúnicos coletados por Kardec em
obras como O Livro dos Espíritos e O Evangelho
Segundo o Espiritismo confirmam que os espíritos
mantêm sua identidade e continuam sua jornada após a
morte física, reencarnando conforme suas necessidades
evolutivas.
Com a reencarnação transforma-se nossa forma de enxergar
a vida. Se nossas ações influenciam nosso futuro
espiritual, torna-se essencial cultivar valores como
amor, caridade e paciência. Além disso, essa compreensão
incentiva o perdão e a empatia, pois reconhecemos que os
desafios atuais podem ser reflexo de experiências
passadas e oportunidades para o nosso aprendizado.
No Espiritismo, a reencarnação é um elo entre
espiritualidade e filosofia, oferecendo uma visão muito
ampliada de nossa existência. Mais do que uma crença,
ela é uma lei natural que explica o progresso dos
espíritos, evidenciando que somos artífices do nosso
destino e que cada vida é um capítulo de uma longa
jornada rumo à perfeição.
Sem a reencarnação toda a filosofia espírita não teria
estrutura adequada, pois a doutrina é baseada no
processo evolucionista. Toda sua base está na moral e no
conhecimento, e somente com sucessivas reencarnações
vamos conseguir obter esses valores profundos, sem os
quais não acontece a evolução.
Evolução para a eternidade, mas não aquela baseada no
ócio, mas um processo sustentado pela luta e
desenvolvimento interior através das oportunidades que
nos são oferecidas pela espiritualidade superior.
Quando a filosofia se abeirar dos conceitos espíritas,
terá uma ferramenta de estudos e observações ilimitadas,
mas, para isso, necessário que a academia, a
universidade derrubem toda a vaidade e tenham a
compreensão de que, como dizia Sócrates, nada sabemos e
temos tudo a aprender.
Vamos refletir em tudo que estamos vivenciando em nossas
vidas. Vamos orar, amar, perdoar e seguir em frente. A
doutrina espírita nos oferece uma ciência experimental,
uma religião baseada profundamente nos ensinos de Jesus
e uma filosofia alicerçada na ética, na moral e na busca
do conhecimento.
As aquisições do saber e a vivência nos postulados de
Jesus vão marcar nossa passagem pela vida, oferecendo a
nós um despertar de consciência para vivermos a vida em
profunda harmonia com o reino de Deus, que está dentro
de nós mesmos.