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por Mário Frigéri

 

A terapia do silêncio


A meditação é uma prática de profundo valor para o ser humano, pois favorece o autoconhecimento, a serenidade e a harmonização interior, funcionando como antídoto eficaz contra o estresse, a ansiedade e os conflitos emocionais que marcam a vida moderna. Ao silenciar a mente e voltar-se para dentro, o indivíduo acessa dimensões mais sutis do ser, restabelece o equilíbrio entre razão e sentimento, e fortalece sua conexão com o divino. Nesse estado de quietude consciente, o espírito se reoxigena, as percepções se ampliam, e surge uma clareza que orienta escolhas mais saudáveis e atitudes mais compassivas, promovendo, assim, saúde integral e crescimento espiritual.

Em linguagem clara e serena, o poema de nossa autoria que selecionamos para esta coluna traduz em poesia o que a psicologia transpessoal e a filosofia espírita vêm demonstrando: que o homem moderno adoece não apenas por causas externas, mas sobretudo por desconexão com sua essência. A meditação, nesse contexto, não é um luxo reservado aos místicos, mas uma necessidade vital para todos que desejam viver de forma lúcida e integrada. A partir dessa prática simples e acessível, o ser humano reconfigura sua interioridade e se torna capaz de compreender melhor a si mesmo e os caminhos da existência.

Diversamente do que alguns pensam, a meditação não exige rituais complicados nem o isolamento do mundo. Ao contrário, ela pode ser praticada com naturalidade no cotidiano, desde que haja intenção sincera e constância. O poema ensina que bastam alguns minutos de pausa, respiração consciente e elevação do pensamento para que se inicie o processo de cura da alma e de reencontro com Deus, o Pai Criador, em cujos braços encontramos sempre acolhimento e sentido.

O poema é, pois, mais do que um exercício estético; é um chamado à saúde integral, à espiritualidade vivida, à religação com o sagrado que habita em nós. Que seus versos toquem a sensibilidade de cada leitor, despertando a vontade de parar, respirar e sentir, para além do pensamento, a luz que nos toma pela mão e nos conduz ao nosso verdadeiro lar interior. Nossa fonte de inspiração foi a página homônima de Joanna de Ângelis, psicografada por Divaldo Franco, constante do livro Alegria de viver, Leal Editora, capítulo 16:

 

NECESSIDADE DE MEDITAÇÃO

 

“Habitua-te à meditação, após as fadigas.” Joanna de Ângelis

 

Uma existência tranquila e sadia

Requer a busca da meditação:

Por meio dessa interiorização

O homem se conhece e autoavalia.

 

Meditar é reunir, na intimidade,

Os muitos fragmentos da emoção

Num todo harmonioso, com a expulsão

De fobias, conflitos e ansiedade.

 

Liberam-se, destarte, em tal processo,

Os sentimentos presos em sua alma,

Os quais lhe tolhem por completo a calma

E o anseio genuíno de progresso.

 

As compressões e excitações da vida,

Bem como as rebeldias interiores,

Geram conflitos, amarguras, dores,

Que enfermam o Ser, nessa agitada lida.

 

Só a meditação é que lhe enseja

A terapia de refazimento,

Reconduzindo-o, à luz do sentimento,

Aos bons valores que vislumbra e almeja.

 

Para alcançar esse estado de paz,

Não é preciso a vida em solidão;

Além do mais, nem mesmo a imposição

De novos hábitos aqui se faz.

 

São necessárias só, sem misticismo,

Singelas instruções para, com calma,

Reoxigenar as células da alma,

Vitalizando a fé e o otimismo.

 

Respiração tranquila é o ideal

Para o exercício da meditação,

Eliminando os pontos de tensão

No espaço físico e também mental.

 

Manter-se quieto, em concentrar profundo,

Fixando a mente em algo superior,

Como a felicidade, ou o amor,

Acima dos limites deste mundo.

 

A identificação é, assim, tecida

Em luz, entre a criatura e o Pai Criador,

E se descobre o sentido e o valor

De quem se é, e do porquê da vida.

 

Não é momento de interrogações,

O da meditação; é de silêncio.

O Ser supera o nosso mundo e vence-o,

Se harmonizando em novas dimensões.

 

Nesse processo a Alma se conduz

Mais pelo coração e sentimento:

Assim se anula a ação do pensamento,

Para sentir, viver, tornar-se luz.

 

Reserva, pois, após teu árduo dia,

Alguns minutos à meditação;

Ora em seguida a Deus, com devoção,

Agradecendo a bênção que te envia.

 

Mário Frigéri é poeta, escritor, autor e youtuber com a mente e o coração voltados para o esplendor do Evangelho e da Doutrina Espírita. Campinas-SP.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita