Apascenta-te
“Tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus
cordeiros.” (João,
cap. XXI; v. 15 a 17.)
No capítulo XXI do Evangelho segundo João vemos que
estando Pedro, Tomé, Tiago, João, Natanael e mais dois
discípulos reunidos, sentindo fortemente saudades de seu
mestre, que havia partido, isso com nossa interpretação,
Pedro disse que ia pescar e eles foram juntos. Não
pescaram nada, a noite toda.
Muito conhecido esse trecho do evangelho que vale a pena
rememorar.
O dia clareando, quando voltavam de barco, viram um
homem na margem. Era Jesus, mas não sabiam que era ele.
Ouviram-no perguntar: - Pescaram alguma coisa? Nada,
responderam. Atirem a rede do lado direito do barco,
disse ele. Assim o fizeram e a rede se encheu de peixes,
de tal modo que, mesmo juntando todos eles, não
conseguiram levar a rede para dentro do barco. “É o
Senhor!” exclamou João, reconhecendo-o.
Pedro vestiu-se e atirou-se na água, indo a nado. Aqui
pensamos que seu sentimento de culpa por ter negado
Jesus era grande, embora Jesus lhe tenha aparecido antes
e não o houvera condenado. Mas ele não se havia
libertado. Nadou para chegar primeiro, na ânsia de vê-lo
e ouvir de seus lábios o perdão. Jesus, porém, não
precisava perdoar. Espírito puro, de máxima grandeza,
não se sentira ofendido. Compreendera.
Por que não o tinham reconhecido antes de jogarem a rede
na água? Pela mesma razão, pensamos nós, que, na estrada
de Emaús, Cleofas e um outro discípulo só o reconheceram
quando ele partiu o pão, do modo como ele sempre o
fazia. Elucubramos que ele estava com um aspecto
diferente em seu corpo espiritual, dando uma
demonstração prática a eles do que já lhes ensinara em
particular.
O Espírito, nós o sabemos, pode aparecer do modo como
lhe apraz para aqueles que o conheceram, geralmente como
era visto antes, para ser reconhecido. Se Ele não o foi,
uma lição lhes queria deixar e que foi verificada pelo
apóstolo Paulo, quando esse disse que temos um corpo
material e um corpo espiritual. Estava com o corpo
espiritual com um aspecto diferente do que conheciam e
estava ali materializado. Tudo tinha um propósito e
esse, nesse momento, era ensinar, recordar o que lhes
havia dito antes.
São análises nossas, sem nenhum desejo de polemizar
nesse assunto.
Depois de se alimentarem, caminhando juntos, Jesus
perguntou: - Simão filho de Jonas, tu me amas? Ele
respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Pela
segunda e terceira vez, Jesus perguntou a mesma coisa.
Na terceira, imaginamos que Pedro fez a catarse
necessária para se libertar da culpa, quase gritando,
dizendo, Sim Senhor! Tu sabes que eu te amo!
Três vezes o negara, três vezes Jesus o faz afirmar que
o amava, provavelmente com a intenção de livrá-lo da
culpa que ele trazia. Em nenhum momento o condenou pelo
que ele tinha feito; pelo contrário, demonstrou
confiança nele, pedindo que apascentasse suas ovelhas.
No Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, vemos
que um dos significados de apascentar é doutrinar,
ensinar, guiar, pastorear. Claramente, então, entendemos
que Jesus, confiando em Pedro, lhe pede que cuide das
ovelhas do seu rebanho, que seríamos nós, os que
aprenderíamos o seu evangelho, através dos tempos.
Jesus continua conosco, mas se observamos o mundo na
atualidade, veremos que mesmo após dois mil anos de sua
passagem pela Terra, ainda não se interiorizou no ser
humano a sua mensagem de amor, paz e esperança. Basta
que tenhamos entendimento e veremos. Não haveria mais
uma guerra no planeta se os que se dizem cristãos de
fato seguissem o mestre Jesus.
Hoje, não é mais necessário que Ele apareça para todos
nós, considerando que o Espiritismo é a sua presença no
planeta, em bênçãos de esperança e consolação, trazidas
pelos espíritos que Ele enviou para tal. É preciso,
porém, que aquele que diz professar o Espiritismo ame
Jesus e seus ensinos, para se portar como o verdadeiro
“Homem de Bem”, conforme o capítulo XVII, d’ O
Evangelho Segundo o Espiritismo, “Sede Perfeitos”, e
que seja um verdadeiro cristão, pois verdadeiro espírita
e verdadeiro cristão são uma e a mesma coisa.
É necessário que sentimento e razão caminhem juntos.
Raciocínio e coração. Entendimento do Espiritismo e amor
a Jesus e ao próximo.
No capítulo XVIII do mesmo livro, vemos o espírito de
Simeão a nos alertar que poucos colhem os frutos do
Cristianismo, que há muitos séculos os vem distribuindo;
os frutos da árvore da vida, que são frutos de vida, de
esperança e de fé. Pede ele que nos afastemos daqueles
que nos chamam para apontar os tropeços do caminho e
sigamos os que nos conduzem à sombra da árvore da vida.
O Espiritismo é o florescer da árvore da vida, do
evangelho de Jesus, novamente para nós.
Apascenta-te para nós aqui significa “cuidemos de nós”.
Cada um de nós deve se apascentar, considerando que
estamos na maioridade espiritual.
Nesta hora difícil, de transição planetária, quando o
sofrimento impera, que vigiemos um tanto mais. Oremos
sempre. O templo somos cada um de nós e, como tal,
apascentemo-nos! Cuidemos um tanto mais de nós, seguindo
os conselhos dos bons espíritos, que, como Simeão, nos
pedem para ficarmos sob a sombra da árvore da vida!
Sejamos cristãos, verdadeiros espíritas e, como tal,
conduzamos nossas vidas! Façamos nosso esforço cotidiano
para melhoramos mais a cada dia, confiando que Jesus
está conosco! Se errarmos, levantemo-nos e continuemos a
marcha, sem interromper a jornada, na certeza de que,
como compreendeu Simão Pedro, Jesus nos compreenderá!
Não titubeemos! Caminhemos no bem, até a vitória total
do amor e do bem na Terra!
Cuidemos de nós!
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