Entrevista

por Orson Peter Carrara

A reestruturação de uma instituição que quase fechou devido à pandemia


 
Robson Juliano Vieira (foto) é natural de Ribeirão Preto (SP), onde também reside. Assistente Social, embora não exerça a função, ocupa cargo de confiança em autarquia da prefeitura como chefe de divisão de triagem e emissão de guias. Nas lides espíritas, participa da Associação Distribuidora de Pão aos Pobres, na mesma cidade, ocupando o cargo de tesoureiro. Entrevistamo-lo sobre sua experiência no trabalho espírita.

 

Como se tornou espírita?

Era católico e, aos 19 anos, procurei o Espiritismo por mera curiosidade. Não fui pela dor ou busca, mas sim por aquele sentimento que me dominou para saber como era.

No período pós-curiosidade, o que o levou a envolver-se com a Doutrina Espírita?

Iniciei frequentando palestras por muito tempo. Aí o envolvimento foi natural.

E sua vinculação com a atual instituição espírita onde foca sua vivência espírita?

Tinha terminado um curso no Senac de Ribeirão Preto, curso de radialista e locução. Essa instituição tinha interesse de montar uma rádio comunitária e a diretoria me convidou pra desenvolver a criação desta emissora. Fui um dos pioneiros dessa emissora comunitária que, em 2004, recebeu a outorga de concessão do Ministério das Comunicações, na época do ministro Michel Temer.  Mas ela funcionou até abril 2022, encerrando suas atividades devido à pandemia e a difícil situação financeira/administrativa da emissora. Mas eu ali permaneci, atuando até hoje.

Fale-nos sobre a distribuição de pães.

Não existe atividade de distribuição de pães. Na época, no início da instituição em 1996, havia sim distribuição de pães doados pela igreja católica Santo Antônio, que fica próximo da instituição. Os adeptos católicos deixavam todos os dias dezenas e dezenas de pães no altar da imagem de Santo Antônio. O padre dom Hipólito autorizou a retirada pela instituição para ser distribuído na Associação Distribuidora de Pão aos Pobres, que até o ano 2000 tinha no nome a palavra espírita: Sociedade Espírita Distribuidora de Pão aos Pobres. Devido à lei que rege as rádios comunitárias, a rádio não poderia ter vínculo religioso, senão não conseguiria a concessão da emissora. Foi preciso, por isso, retirar o nome espírita. Assim ficou do ano 2001 até os dias atuais sem o nome espírita na designação da instituição. Agora a recente diretoria já está trabalhando para voltar o nome espírita novamente, como era nos primeiros tempos.

Considerando o nome da instituição, qual o foco assistencial que desenvolve?

Reiniciamos há pouco tempo o serviço da distribuição de cesta básica aos necessitados, mas por enquanto sem cadastramento das famílias, pois está se reiniciando um serviço que esteve parado durante a pandemia e mesmo após a pandemia, e só agora, há pouco mais de três meses, foi reiniciado. Temos também a distribuição de roupas doadas para o Pão aos Pobres e que enviamos para instituições que trabalham com moradores em situação de rua. A instituição está reiniciando, porquanto, devido à falta de frequentadores e trabalhadores, ela quase fechou as portas após a pandemia. Então foi formada uma nova diretoria em 2022 às pressas para não fechar a instituição. Até então estamos lutando para reorganizar e reestruturar a casa. Quando assumimos, só havia atividade de palestra aos domingos, com somente três frequentadores na plateia assistindo. Era apenas isso que havia de atividade no Pão aos Pobres. Hoje já temos mais atividades e pessoas frequentando e alguns trabalhadores que, infelizmente, ainda são poucos.

Revendo o passado, o que mais o marcou nesses anos todos, considerando a vida da instituição a que se vincula?

O que me marcou foi que ao longo desses anos (1996 a 2025) pude aprender mais, fui melhorando, com o passar do tempo, a forma de como pensar da vida, tendo resposta para as perguntas que todos que chegam à doutrina espírita fazem, tais como: Por que eu existo? O que estou fazendo aqui? Por que estou aqui? O que devo fazer aqui? Por que estou passando por tantas coisas? Qual o sentido da vida? Para onde vou? Note que são muitas as perguntas, mas que nesse tempo de doutrina estão respondidas pra mim. A instituição onde estou me fez crescer moralmente e eticamente, e continua fazendo, ciente de que, mesmo desencarnando, continuarei evoluindo.

Algo mais que gostaria de acrescentar?

Eu acrescento dizendo que desde quando cheguei à doutrina espírita, e ao longo desse tempo, melhorei em muito os meus comportamentos, atitudes, posturas e o modo de viver a vida, sempre com a ótica da doutrina. No Pão aos Pobres pude colocar em prática o que aprendemos e não só dentro da instituição, que é um educandário, mas fora das paredes da casa espírita, pois é onde realmente devemos nos policiar constantemente no dia a dia, no convívio social e especialmente com nossos familiares. Família é o primeiro lugar em que devemos ser exemplos de tudo que aprendemos dentro da doutrina espírita. É o Orai e Vigiai a cada segundo da vida!

Suas palavras finais.

Minhas palavras finais são para dizer que sou muito grato a essa doutrina, que nos dá liberdade a consciência, nos responde os porquês da vida, que nos consola e nos conforta. É uma doutrina sem dogmas, sem rituais, sem crendices, sem superstições, sem líderes religiosos, sem hierarquia, sem adereços, sem indumentárias.  É através das obras codificadas pelos espíritos da verdade que nos preparemos para sermos espíritos de luz, espíritos felizes, um ser crístico!

O arcanjo de hoje foi um átomo de ontem, como o átomo de hoje será um arcanjo amanhã. Fomos criados por Deus para sermos felizes, estamos predestinados a sermos felizes. Isso é a vontade do Criador, pois somos a centelha divina do amor de Deus.

 
 

 

     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita