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por Cláudio Bueno da Silva

 

“Caminhos foram feitos pra seguir” *


É preciso reconhecer que os avanços significativos que o ser humano empreende ao longo da sua trajetória surgem das iniciativas de homens corajosos, determinados, com visão de futuro. Certamente são personalidades visionárias (que hoje chamaríamos de progressistas, talvez?) que compreendem que é preciso fazer algo além do corriqueiro no processo dinâmico da vida. Provavelmente se sentem desconfortáveis com o estabelecido e veem possibilidades de avançar, com benefício para todos.

“O homem, sendo perfectível, traz em si o germe de seu melhoramento” (Questão 776, LE). O impulso natural da vida é para a frente, é progressivo. Ninguém pensa em “viver para trás”. Como escrevi alhures, “Caminhos foram feitos pra seguir”. *

No entanto, há um número expressivo de pessoas que reage a incorporar certos progressos à vida cotidiana. Chamadas conservadoras, essas pessoas preferem se ajustar (para não dizer se acomodar) ao que já existe. Mudar exigirá delas adaptação a novas ideias e saída da rotina que atende satisfatoriamente aos seus gostos e vontades. Muitos dos conservadores não estão dispostos a alterar o modelo tradicional de pensamento e vida que, segundo acham, lhes dá segurança e estabilidade, além de manter padrões que consideram imutáveis.

O conservadorismo em si não é um mal, propriamente. Ele é prejudicial quando se manifesta associado à desinformação, ao fanatismo de qualquer viés. Muitos alegam discrição, cautela, moderação por trás do rótulo de conservador, mas o que se esconde é o desejo de manter tudo como está. Essa é a questão. Por trás desse desejo há os interesses pessoais.

Da mesma forma, o progressismo afoito, ansioso, rebelde, pode ser contrário aos interesses humanos. Além de não gerar mudanças imediatas, pode ser taxado de radicalismo, trazendo decepções. Eu já disse, também alhures, que a revolução que a filosofia espírita propõe para a humanidade é pela Educação, pelo amor à Educação.

Para compreender um pouco melhor essa dualidade conservador/progressista, nada como conhecer as conceituações básicas das duas ideias. Vamos ao dicionário.

Conservador: indivíduo afeito a ideias e costumes antiquados, já ultrapassados, manifestando-se contrário a quaisquer mudanças da ordem estabelecida; indivíduo que, em política, opina pela conservação do estado tradicional, opondo-se a reformas sociais; indivíduo hostil a inovações e que postula o retorno às tradições na ordem moral, política e religiosa. (Michaelis-Dicionário Brasileiro da língua portuguesa.)

Progressista: favorável ao progresso; adepto de reformas nos âmbitos político, social, econômico, educacional etc.; que está em evolução constante, seguindo as novas tendências da ciência e da tecnologia; pessoa que preconiza o progresso. (Michaelis-Dicionário Brasileiro da língua portuguesa.)

Como se vê, progressista e conservador são termos que definem, eu diria até que qualificam, modos de pensar, agir e reagir, formas de viver e ver o mundo.

No que concerne às reflexões espíritas, avaliar esses dois caracteres existenciais, já a partir das suas conceituações, é de extrema importância.

O Espiritismo – afirmou categoricamente Allan Kardec – é uma Doutrina progressiva e progressista. Aqueles que a estudam com seriedade verão nela todas as ideias pertinentes ao progresso dos seres e dos mundos. O progresso é o alvo da vida, a destinação do Espírito.

Portanto, de acordo com as definições que colhemos e a orientação de Kardec, podemos afirmar que os espíritas pisarão em terreno seguro se alicerçarem a sua transformação interior na coragem de amar, na capacidade de realizar, na ousadia de criar um futuro melhor para si e para todos, dando as mãos ao progresso. O caminho não é fácil, mas está muito claro.

 

*Verso da canção “Raiz de primavera”, composta por Francisco Ferreira e Cláudio Bueno. Ouça no canal CBS música solidária: clique aqui


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita