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por Martha Triandafelides Capelotto

 

A Paz no mundo


“A paz vos deixo, a minha paz vos dou. Não vo-la dou à maneira do mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.”


Andamos ansiosos esperando por dias de paz, por mais equilíbrio, por mais justiça social, fraternidade e solidariedade. Vivemos o nosso dia a dia na expectativa de que algo miraculoso acontecerá e que, finalmente, vivenciaremos o que nos vai no âmago da alma. Sentir paz e ter paz!

Ledo engano! Triste e ledo engano!

A paz que almejamos não decorrerá de nada exterior, de nenhuma ocorrência catastrófica que poderia mudar os rumos da nossa humanidade, ensinando o homem a viver no mundo, respeitando as leis naturais, tampouco suas leis transitórias e efêmeras.

Como bem nos ensina Emmanuel, mentor espiritual do nosso inesquecível Chico Xavier, “para que um homem seja filho da paz, é imprescindível trabalhe incessantemente no mundo íntimo, cessando as vozes da inadaptação à Vontade Divina e evitando as manifestações de desarmonia, perante as leis eternas.”

Exemplos mil poderia dar para que essa orientação seja bem compreendida, porém basta que nós comecemos apenas nos observando em nossas atitudes diárias, examinando nosso campo mental, nossas palavras, os sentimentos que externamos em relação aos outros e já teríamos uma medida para lá de suficiente e vermos que ainda não sabemos cultivar a paz dentro de nós, quanto mais querermos que ela seja uma tônica na nossa humanidade.

É certo e incontestável que ninguém atingirá o bem-estar sem esforço no bem, sem disciplina elevada de seus próprios sentimentos.

Também é indispensável compreendermos o enunciado acima, referente à paz do mundo e à paz proposta pelo Cristo. Mais uma vez, Emmanuel preleciona e com ele concordamos em todos os pontos: “Há muitos ímpios, caluniadores, criminosos e indiferentes que desfrutam a paz do mundo. Sentem-se triunfantes, venturosos e dominadores no século. A ignorância endinheirada, a vaidade bem vestida e a preguiça inteligente sempre dirão que seguem muito bem.”

Quantos são os que dormitam no sono enfermiço da alma acreditando terem a paz do mundo?

Por outro lado, e ao lado disso, existe por parte daqueles que já despertaram um pouco mais suas consciências para as verdades espirituais uma inquietação que os leva a questionar o desenrolar dos acontecimentos, cobrando uma interferência ou uma colaboração mais direta dos emissários divinos. Distanciados das noções de justiça, não compreendem que seria terrível furtar ao homem os elementos de trabalho, resgate e elevação. Aborrecem-se, facilmente, com as reiteradas e afetuosas recomendações de paz das comunicações do além-túmulo, porque ainda não se harmonizaram com o Cristo.

Assim, em poucas palavras, já temos uma pálida ideia de quanto nos compete realizar em favor de nós mesmos e dos outros.

Enquanto o trabalho de regeneração individual não se efetivar, por meio de um esforço hercúleo de autoconhecimento e autotransformação, a paz estará distante, vivendo numa realidade que, por ora, não nos pertencerá.

Se desejamos a paz, se ansiamos pela paz, que ela se inicie dentro de nossos corações.

Certos estejamos de que grande é a nossa responsabilidade. Cada um, individualmente, contribuirá e fará com que os dias de paz cheguem à nossa humanidade.

Não esperemos grandes sinais, pois estes já foram dados de há muito com o advento do Cristo no nosso orbe, com todo o seu Evangelho de Amor e, para que um dia possamos sentir a sua paz, não podemos nos quedar como os preguiçosos que respiram à sombra, à espera do fogo-fátuo do menos esforço.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita