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por Rogério Miguez

 

Os velhos desafios do Ano Novo


Parece que foi ontem!

Estávamos festejando a entrada de um Ano Novo – 2022, com muita festa e alegria e pronto: este ano em poucos dias se finda e outros 365 dias se apresentam para prosseguimento de mais uma pequena jornada destes Espíritos imortais habitantes da Terra - que somos todos nós -, apenas um instante considerando a nossa imortalidade.

Alguns pensam que é tudo a mesma coisa, mas não é.

Cada ano contém o seu particular script, com suas relativas surpresas, acontecimentos totalmente inesperados e alguma rotina misturada a este cenário, ou seja, ninguém pode prever com precisão como serão estes novos 365 dias de existência material, tempo este que só existe como uma convenção, pois na vida real, no plano etéreo, a contagem do tempo perde totalmente o sentido.

Entretanto, uma certeza podemos ter: este novo período nos provocará, certamente, com antigos desafios que ainda não superamos, bem como com novas propostas de crescimento espiritual que nos convocarão à renovação constante: é da Lei de Deus!

Se tivemos o cuidado de elaborar uma lista de propostas visando à nossa melhora moral e conquistas materiais, para este ano, devemos agora ter a atenção voltada para identificar aquelas que cumprimos, as que realizamos parcialmente, e, finalmente, talvez a maior parte da lista, as que não cumprimos, uma triste realidade, os velhos desafios.

É uma realidade, como as nossas dívidas e falhas de caráter hoje são significativas, em função de escolhas equivocadas na condução da vida nas existências passadas, não é fácil superá-las, pois as imperfeições morais estão bem enraizadas em nossa personalidade, e ainda há os prejuízos causados ao próximo e a nós mesmos, que devem ser ressarcidos de uma forma ou de outra.

São as feridas morais que agora temos que curar e, também, os desafios de ordem material que precisamos enfrentar, caracterizados pelas diversificadas expiações e provas.

Entretanto, a cada Ano Novo temos uma nova oportunidade de cobrir a multidão de pecados com a prática do amor, mas, para tanto, precisamos  empenhar-nos, e muito, uma vez que não basta querer, é preciso fazer acontecer esta mudança tão desejada, resgatando com paciência e aproveitamento as situações expiatórias que vivemos, bem como procurando atentar para não pecarmos mais, evitando criar resgates novos para as existências futuras.

Mas quais são estes velhos desafios?

Se prendem à nossa sombra – o lado de nossa personalidade e caráter que insiste em manter padrões de conduta distanciados das leis divinas.

Esta face sombria foi construída, pouco a pouco, por repetidas ações comandadas pelo egoísmo e orgulho, as duas chagas da humanidade que ainda mantemos em função da não aplicação da máxima crística - fazer ao próximo aquilo que desejamos nos seja feito.

Agora é hora de renovar condutas, aprender novas propostas de vida, estudar as nossas imperfeições, aprimorar o nosso caráter, vigiando de perto estes comportamentos inadequados que tanto mal nos trazem, e que ainda nos caracterizam.

Já identificamos as muitas virtudes que necessitamos aprender: ponderação, brandura, misericórdia, paciência, tolerância..., sendo assim, observemos se as nossas atitudes do dia a dia estão impregnadas destas virtudes. Se concluirmos que ainda não as possuímos na plenitude, trabalhemos para que elas se incorporem ao nosso modo de vida; o processo é simples, mas de difícil implementação, em função de já nos termos saturado das propostas opostas: leviandade, violência, impiedade, impaciência, intolerância...

Iniciemos, como exemplo, tomando uma das características que nos incomodam - a violência -, tão em voga nestes tempos turbulentos, e, rotineiramente, vigiemos para nos contermos caso surjam situações em que o nosso espírito belicoso queira manifestar-se e se impor.

De início, basta escolher um setor problemático, um vício por vez, apenas uma fraqueza de caráter e iniciar um programa de retrabalho, sem pressa, e vejamos o resultado. Se nos agradar, intensifiquemos a nova rotina para que incorporemos definitivamente esta nova virtude a nós mesmos.

Caso sintamos que ainda estamos pouco fortalecidos para enfrentar alguma particular deficiência de caráter, escolhamos outra virtude, pois ninguém disse que é fácil, mas se não tentarmos... quem fará por nós o trabalho que nos compete?

Em relação às expiações, que virão, queiramos ou não, experimentemos exercitar outra virtude – a paciência -, considerando que é preciso atravessar as tempestades provocadas pelos contratempos com aproveitamento das lições proporcionadas por estas dificuldades, caso contrário seremos reprovados no teste e, como lição não aprendida deve ser necessariamente repetida, isso se dará em nova reencarnação.

Não adianta fugir dos desafios da reforma íntima, pois o nosso destino é a perfeição relativa e esta só se obtém se houver muito esforço, trabalho, continuidade para superar os percalços da existência.

Não ajamos tais quais crianças que já fomos, nos escondendo dos deveres da vida através do deixar para depois ou da mentira. Estas duas atitudes jamais nos ajudarão, permanecendo descoberto o pecado cometido no passado, nos solicitando sanar as suas consequências, hoje ou amanhã.

Habituar-se a evitar responsabilidades perante a nossa jornada evolutiva conduz a uma falsa condição de comodidade, que mais tarde cobrará do indivíduo leviano e infantil os prejuízos dessa conduta, através da dor e do sofrimento.

No jogo da evolução, se houver o fracasso, é melhor perder jogando do que perder por WO.1 O pior jogador é aquele que não se testa e, como consequência, não se conhece.

O Ano Novo está chegando! Bate às nossas portas.

Agradeçamos esta nova oportunidade que a Divindade nos oferece e não desperdicemos, mais uma vez, este novo período de 365 dias, que, embora insignificante perante a nossa vida imortal, é momento valioso para consolidarmos aprendizados e adquirirmos novos conhecimentos.

 

1 WO é a sigla para a palavra em inglês walkover, que traduzido para a língua portuguesa significa “vitória fácil”. O WO é a atribuição de uma vitória dada a determinada equipe ou competidor individual quando a equipe adversária está impossibilitada de competir ou quando não existem adversários. (Fonte: link-1)

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita