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por Eder Andrade

Chico Xavier e o Espiritismo no Brasil


A história do Espiritismo no Brasil passa por grandes acontecimentos ao longo do século XIX e início do século XX, onde vários médiuns e trabalhadores, deram grande testemunho de boa vontade e perseverança. Poderíamos relacionar muitos personagens que marcaram a trajetória de consolidação do espiritismo desde Antônio Luiz Sayão, fundador do Grupo dos Humildes, depois Grupo Ismael da Federação Espírita Brasileira, do qual foi diretor, até Manuel Justiniano de Freitas Quintão que ingressou na FEB em 1903 e permaneceu no quadro social por 44 anos. Ali atuou como médium curador durante mais de meio século. Foi presidente da Federação Espírita Brasileira em 1915, 1918, 1919 e 1929.

Não podemos esquecer da fantástica mediunidade de efeitos físicos de Anna Rebello Prado, quando em 28/04/1921, numa sessão de materialização se manifesta o espírito de Rachel Figner, anteriormente desencarnada, na presença de seu pai, Frederico Figner, diretor da conceituada Casa Edison, no Rio de Janeiro, que foi tesoureiro, membro do Conselho Fiscal e vice-presidente da FEB.

Todos esses acontecimentos foram contribuindo para o advento de uma grande revelação que estava por vir, por intermédio da mediunidade de Chico Xavier, pois sem sombra de dúvida, podemos afirmar que sua mediunidade e seus trabalhos de revelação e consolação feitos por esse médium são um grande marco na história do espiritismo do Brasil.

Nascido na cidade de Pedro Leopoldo em 2 de abril de 1910, recebeu o nome de Francisco de Paula Cândido. Era integrante de uma família muito simples, tinha oito irmãos, filho de João Cândido Xavier, um vendedor de bilhetes da loteria federal e Maria João de Deus, uma lavadeira, ambos analfabetos.

Sua mãe morreu quando Chico tinha apenas cinco anos. Incapaz de criá-los, o pai distribuiu os nove filhos entre familiares. A segunda esposa de seu pai, Cidália Batista, uma mulher generosa e de grande coração, reuniu todos os seus irmãos e ainda teve mais seis filhos com o pai de Chico, João Xavier.

Em 1927, então com dezessete anos de idade, Chico viu-se diante da insanidade de uma irmã, que acreditou ser causada por um processo de perturbação mental. Nessa mesma época, Dona Carmen e Seu Perácio, casal de uma fazenda vizinha, convidam o Chico para participar de uma reunião espírita em sua casa, iniciando o contato dele com a Doutrina Espírita, quando apresentaram-lhe, o Evangelho segundo o Espiritismo e O Livro dos Espíritos.

Nessa mesma época, Chico funda em Pedro Leopoldo com seu irmão José e alguns amigos, o Centro Espírita Luiz Gonzaga, onde psicografava e dava psicofonias em geral. Em 1931 todo seu trabalho no Centro Espírita chegou ao conhecimento do então vice-presidente da Federação Espírita Brasileira e ex-presidente da FEB, Manuel Quintão que foi a Pedro Leopoldo conhecer Chico pessoalmente e trouxe uma série de poemas psicografados por ele e assinados por diversos poetas portugueses e brasileiros, a grande maioria parnasianos. Esses poemas foram levados para a FEB, onde decidiram editar um livro, cujo título foi Parnaso de Além-Túmulo, lançado no dia 08 de julho de 1932. Esse foi o primeiro livro editado pela FEB, obra essa que completa esse ano 90 anos de lançamento, concebido pela psicografia de Chico Xavier.

Manuel Quintão vai abrir as portas da FEB para as psicografias de Chico Xavier que num intervalo de uma década lançou os seguintes 14 livros:

 

Parnaso de Além-Túmulo – 1931 / Cartas de Uma Morta – 1935 / Palavras do Infinito – 1936

Crônicas de Além-Túmulo – 1937 / Emmanuel – 1937

Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho - 1938

Lira Imortal – 1938 / A Caminho da Luz – 1938 / Há Dois Mil Anos... – 1939 / Novas Mensagens – 1939

50 Anos Depois – 1939 / O Consolador – 1940 / Cartas do Evangelho – 1940 / Boa Nova – 1940.

 

Sem sombra de dúvida, uma grande produção literária em um curto espaço de tempo, fato esse que pode ser explicado, quando Emmanuel se apresentou ao Chico no ano de 1931, em uma represa de Pedro Leopoldo, quando Chico estava em oração à sombra de uma árvore e o informa sobre a sua missão de psicografar uma série de trinta livros, mas para tal seria necessário muita disciplina e assiduidade e Chico aceita o compromisso.

A FEB foi o principal veículo de divulgação das obras psicografadas por Chico no início da sua produção literária e existia um sistema parecido com um “clube do livro espírita”, cujo nome na época era “Novidades”. Que enviava por reembolso postal os lançamentos, que eram aguardados com entusiasmo por todos nas Casas Espíritas.

 

Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim. (Chico Xavier)

 

Atualmente existem cerca de umas 450 obras psicografadas, editadas e organizadas por diversos espíritos por intermédio direto e indireto de Chico Xavier, algumas obras publicadas em vida e outras organizadas após seu desencarne, que podem ser encontradas para nosso estudo e pesquisa.

As revelações oferecidas a todos por intermédio da sua mediunidade, permitiram desvendar os bastidores da vida espiritual em detalhes, com o lançamento da série de livros “A vida no Mundo Espiritual”, ditadas pelo Espírito André Luiz, conhecida por todos, cujo primeiro da série foi: “Nosso Lar”.


Referências:

1 - Arantes, Hércio Marcos Cintra; Notáveis Reportagens com Chico Xavier;

Ed. Instituto de Difusão Espírita.

2 - FEBTV – Vida e Obras de Chico Xavier.

3 - Sestini, Gerson; Inesquecível Chico; Ed. GEEM.

4 -Wikipédia (Enciclopédia livre).

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita