Internacional
por Ana Moraes

Ano 16 - N° 772 - 15 de Maio de 2022

 

 

Há 97 anos realizava-se o 1º Congresso Espírita Português

A União Espírita Algarvia, uma das primeiras entidades formadas em torno da doutrina espírita em Portugal, foi também a responsável pela organização, no Algarve, dos dois primeiros congressos espíritas realizados em terras de Camões, ambos a nível regional.

Em face da receptividade que tiveram esses eventos, e com o apoio expressivo do periódico algarvio "Ecos do Além", foi organizado na capital do país o 1º Congresso Espírita Português, que foi realizado no Ateneu Comercial de Lisboa, nos dias 14 a 17 de maio de 1925.


Repercussão do evento

A afluência de público e a qualidade das comunicações apresentadas foram elevadas, fato que repercutiu, de modo geral, na imprensa da capital portuguesa.

Entre os nomes então presentes no conclave, destacavam-se:

- Viriato Zeferino Passaláqua (general do Exército português), presidente da comissão organizadora do congresso

- José Francisco Cabrita (professor), presidente da seção Moral e Filosofia

- Maria O'Neill (docente da Faculdade de Ciências de Lisboa e escritora), presidente da seção Ciência

- Afonso Acácio Martins Velho (advogado e escritor), presidente da seção União e Assistência

- Adolfo Bernardino de Sena Marques e Cunha (docente da Faculdade de Ciências de Lisboa)

- Amélia dos Santos Costa Cardia (médica e escritora)

- António Joaquim Freire (médico e escritor)

- António Eduardo Lobo Vilela (matemático e escritor)

- Artur Sangreman Henriques (major do Exército português)

- João Catanho de Menezes (advogado e político)

- João José da Silva (magistrado)

- Leonardo Coimbra (filósofo, professor e político)

- Pedro Cardia (jornalista).


As teses apresentadas no Congresso

O Congresso iniciou-se no dia 14 de maio, quinta-feira, às 14h, e encerrou-se no dia 17 de maio, domingo, no final da tarde, com leitura de todas as conclusões aprovadas e o discurso de despedida do presidente da comissão organizadora.

Foi publicado na época pela Tipografia Minerva, de Famalicão (Portugal), um opúsculo que contém o convite, a ordem do dia, a programação e as conclusões das teses aprovadas no Congresso, que foram agrupadas em três seções distintas:

Primeira seção:

Moral e Filosofia, sob a presidência do professor José Francisco Cabrita.

Sete teses foram apresentadas:

1 – O bem, religião da humanidade

2 – O aperfeiçoamento do espírita

3 – Solidariedade e não caridade

4 – A moral espírita

5 – Destrinça entre a ciência espírita e a moral espírita; valor moral daquela e influência espiritual desta

6 – Reencarnação e em que ela se baseia

7 – Espiritualismo e Espiritismo.

Segunda seção:

Ciência, sob a presidência de Maria O'Neill, docente da Faculdade de Ciências de Lisboa e escritora.

Cinco foram as teses apresentadas:

1 – Socialismo e Espiritismo

2 – A atitude da ciência perante o Espiritismo

3 – O Espiritismo como ação social

4 – Podem ser admitidos dogmas na ciência espírita?

5 – Loucura espírita, ou seja, obsessão.

Terceira seção:

União e Assistência, sob a presidência do escritor e advogado Afonso Acácio Martins Velho.

Quatro teses foram apresentadas:

1 – A união dos espíritas portugueses

2 – Relatório da Comissão Pró-Federação

3 – Porque se não deve confundir Espiritismo com Espiritualismo no sentido de teosofia, ou seja, a sabedoria divina

4 – Assistir os deserdados da fortuna moral e material.


Quem foi Viriato Zeferino Passaláqua

O presidente da Comissão Organizadora do 1º Congresso Espírita Português, o primeiro realizado no país com
abrangência nacional, Viriato Zeferino Passaláqua, pioneiro espírita em Portugal, foi militar do Exército português, no qual alcançou a patente de general. 

Considerado por seu pares um dos mais cultos exegetas do Velho e Novo Testamento bíblicos do seu país, além de presidir o Congresso de maio de 1925, nele colaborou apresentando as teses "Espiritualismo e Espiritismo" e "Loucura Espírita", este último versando sobre a obsessão.

Foi colaborador assíduo das revistas "Luz e Caridade" (de Braga) e "Estudos Psíquicos", bem como do jornal "O Mensageiro Espírita", da Federação Espírita Portuguesa.

Nascido em 1836, desencarnou em 14 de março de 1926.

Quando do seu falecimento, a revista "Luz e Caridade" registou:

"O seu lugar nas hostes espíritas fica vago, porque não há ninguém que possa substituí-lo. Batalhador incansável, homem de uma só têmpera, forte na sua crença, iluminado pelo fulgor da sua fé, ele foi um dos mais ardorosos propagandistas da religião de Jesus – do Cristianismo primitivo. Em toda a sua pureza, em toda a sua grandiosidade."


 
  


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita