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por Martha Triandafelides Capelotto

 

A importância da afetividade


Como em todas as questões que a criatura humana enfrenta, no sentido de ainda estar distante das realizações mais elevadas no campo do amor, da moral e da espiritualidade, desenvolver o afeto, que é o primeiro passo para a vivência do amor incondicional, é tarefa das mais árduas.

O alimento afetivo é essencial para o equilíbrio do ser humano. Apesar dessa relevância, a humanidade terrena estagia nos primeiros degraus do aprendizado relativo a questões da vida afetiva.

Várias abordagens podemos fazer, iniciando dizendo que a afetividade é inerente ao desenvolvimento dos valores do Espírito na sua caminhada milenar na aquisição de sua maturidade. Conflitos e frustrações, traumas e carências, culpas e ódios, indisciplina e revolta, seja dessa ou de outras existências carnais, são os componentes principais de quem não conseguiu estabilizar sua vida emocional e psíquica, sendo essas “feridas do coração” que irão determinar inibições nas relações interpessoais.

Assim, conhecer a fundo as nossas emoções, através do processo do autoconhecimento, tão falado e decantado, e que poucos se propõem a realizá-lo; reeducar as nossas tendências, adquirindo, gradativamente, o controle sobre as reações emocionais; exercitar a sensibilidade: são medidas de extrema profilaxia para o desenvolvimento afetivo.

A inteligência é um atributo do Espírito. Muito embora alguns animais já tenham uma espécie de inteligência, o que na verdade nos difere dos mesmos é que detemos a capacidade de pensar com continuidade e de decidir sobre nossas ações. Em assim sendo, força descomunal tem o afeto sobre a inteligência dos raciocínios, manifestando a intuição, a fé e a capacidade de escolha em sintonia com o bem. Porém, a educação do coração no estágio em que nos encontramos conta com os empecilhos acima nominados para o exercício do Amor, já que o afeto é o caminho para ele.

Numa obra maravilhosa de Ermance Dufaux, intitulada “Laços de Afeto”, capítulo 8, ela nos orienta que “de todos os meios que dispomos para o desenvolvimento do afeto em nós, o mais relevante é a reeducação da sensibilidade, nos habituando a olhar o mundo, a natureza, os acontecimentos, as pessoas, sob uma ótica reflexiva, pelas vias da “meditação espontânea”, buscando sempre os “porquês” de tudo, ainda que a princípio não tenhamos condições de compreender com profundidade em nossas análises”. Trocando em miúdos, e para uma fácil compreensão, precisamos aprender a sensibilizar-nos com os dramas da vida, com a dor alheia, com a fome em todas as partes, com as ocorrências desastrosas por toda parte, pelo abandono dos seres, pela carência do outro, por tudo enfim, que saia do nosso próprio mundo, dos nossos desejos, das nossas necessidades.

Há que se ressaltar que sensibilidade não se confunde com emotividade ou comoções sentimentalistas que, muitas vezes, são manifestações do afeto comprometido pelos traumas, culpas e frustrações.

A elevação espiritual nos leva ao desenvolvimento da sensibilidade que sempre ilumina o raciocínio, levando-nos a entender os motivos subjetivos de cada um e, assim, impedindo de nos abstermos das preciosas lições evangélicas do perdão, da tolerância e da solidariedade e, mais do que isso, da compreensão, único meio seguro de entendermos as razões e os porquês da conduta de cada um.

Assim, concluindo o que desejaria externar, desenvolver o afeto em nós é de extrema relevância para que possamos melhorar as nossas relações interpessoais, seja qual for o campo em que elas acontecerem.

Como é possível depreender, temos um longo caminho a percorrer para que tenhamos relações mais saudáveis, menos complicadas, menos recheadas de melindres e incompreensões, menos destoantes com o sentimento de Amor autêntico, fonte de saúde e vitalidade para todos.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita