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por Ricardo Orestes Forni

 

Endereço muito procurado


Depois disso, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, ainda que oculto pelo medo dos judeus pediu a Pilatos permissão para tirar o corpo de Jesus, e Pilatos concedeu-a. Foi José quem tirou o corpo. Nicodemos, aquele que no princípio viera ter com Jesus de noite, foi também, levando uma composição de cerca de cem libras de mirra e aloés. Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos de linho com os aromas, como é de costume entre os Judeus sepultar os mortos. No lugar em que Jesus fora crucificado, havia um jardim e neste um túmulo novo em que ninguém tinha ainda sido posto. Ali, pois, por causa da Parasceve dos judeus e por estar perto o túmulo, depositaram a Jesus
. (Jo, 19:38-41)


Devido aos dias tribulados que a humanidade está atravessando, creio que a procura por Jesus tem sido muito grande, principalmente entre aqueles que não desconhecem que Ele ordenou que a tempestade se acalmasse eliminando o perigo que ameaçava o barco dos pescadores de almas. Chego até a crer que, mesmo fora do cristianismo, ninguém se negará a aceitar uma ajuda tão eficaz como a do Cristo envolta com muito amor, porque o Divino Pastor não faz distinção alguma entre as suas ovelhas divididas em rebanhos com denominações diferentes pelo preconceito do ser humano.

Com a mais absoluta certeza o endereço do Mestre não é aquele mencionado na transcrição acima do evangelho de João, tão somente para relembrar à amnésia proposital do homem da Terra que ao corpo físico do Mártir da cruz se sucedeu o esplendor da imortalidade da vida abundante que Ele anunciou e confirmou após os sofrimentos que por ignorância lhe imputamos.

O endereço de Jesus também não é o dos mais variados templos religiosos do cristianismo que o ser humano que ainda não ama nem a si mesmo, nem a Deus ou ao seu próximo, tem construído ao longo da sua peregrinação sobre a face do planeta.

Qual, então, o endereço seguro do Governador da escola da Terra?

Valemo-nos de uma página do livro Levantar e Seguir do doutor José Carlos de Lucca, Editora Frei Luiz, intitulada Onde Encontrar Jesus, no qual o autor faz referência ao endereço correto no seguinte trecho: “Minha igreja não é de pedra. Ela é a reunião de corações que se unem no clima da fraternidade e do auxílio. Quem quiser me encontrar, procure, antes, a quem sofra e estenda a sua mão em meu nome, pois eu estou em cada rosto sofrido, em cada estômago vazio, em cada alma abatida, em cada lar em conflito. E assim, você também será ajudado pelos laços do meu amor.”

E para que não nos percamos na rota segura, acrescenta o mesmo autor: “Quem quiser me perder, procure-me na rua chamada ‘egoísmo’, pois, lá, eu jamais estarei.”

Será que não é exatamente por estarmos buscando-O por esse caminho que não temos encontrado Jesus?

Como está fácil encontrá-Lo neste período de grande conturbação que atravessamos!

Quantas mesas vazias de lares miseráveis onde falta o pão de cada dia não aguardam nossa visita para encontrar Jesus?

Quantos lares enlutados pela dor da separação aparente de entes queridos não esperam nosso comparecimento de solidariedade para com a dor alheia para nos encontrarmos com Jesus?

Quantos convites para que vivamos o orgulho, o egoísmo e a vaidade para nos desencontrarmos com Jesus?

Quantas mensagens de pessimismo aguardam o silêncio de nossos lábios como endereço seguro para encontramos Jesus?

Em quantos que dormem sob marquises em noites de inverno rigoroso temos conseguido ver Jesus?

Em quantas criancinhas vestidas com pouquíssimos recursos sentimos ser o mesmo Jesus que pediu deixar ir a Ele esses seres pequeninos?

A quantas pessoas que vasculham lixões à procura de algo para mitigar a fome temos procurado atendê-los por amor ao Cristo antes que cheguem a essa condição?

Quantas vezes temos pelo menos orado pelos velhos recolhidos em casa de amparo ou pelas crianças abrigadas em orfanato por entendermos que elas representam Jesus à nossa espera?

Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão e fostes-me ver.

Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer ou sede e te demos de beber? Quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-te?

E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.

Esse registro de Mateus é uma rota segura do endereço de Jesus para todos aqueles que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir. E esse endereço pode estar à distância de um estender de mãos ou a um passo dos corações sensíveis ao sofrimento do semelhante.

Entretanto, apesar de ter sido anunciado aos homens há mais de dois mil anos, esse endereço caiu no esquecimento de um grande número que somente busca Jesus para um socorro urgente na hora de suas próprias necessidades!


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita