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por Claudia Gelernter

No convívio com o Cristo


“Se me amais guardareis os meus mandamentos….” - Jesus -
João 15:15


Como muito bem nos esclareceu o Espírito Emmanuel, através da psicografia de Francisco Cândido Xavier, no capítulo 175 do livro Palavras de Vida Eterna, é bastante simples, para nós, desenvolvermos um apaixonamento pela figura do Cristo, quando lemos sobre sua vida, tecendo elogios, exaltando sua personalidade, sua força, sua luz.

É fácil para nós entoar louvores, reconhecendo sua sabedoria e bondade, chegando até mesmo a abusar do seu nome, já que sabemos sobre sua tolerância com nossos erros milenares.

“Tudo isso, realmente, ser-nos-á possível, sem o menor constrangimento, no campo das manifestações exteriores…” - afirmou o Benfeitor.

Entretanto, para sermos íntimos de Jesus, para sentirmos sua presença pacificadora em nossos corações, é imprescindível amá-lo a partir de sua obra e vida. Não apenas como bajuladores, como seguidores encantados, como mariposas que se lançam ao poste de luz, mas antes será preciso guardar os seus mandamentos, ou seja, estudar suas falas, sua postura e, a cada desafio da existência, perguntarmo-nos: “- Nesta situação, como agiria Jesus?”. 

Sim, sabemos que a dificuldade de todos nós reside justamente nas sombras da nossa personalidade, nas feridas não reconhecidas, nos melindres acumulados, na crença de que somos melhores (ou piores) que outros, de que podemos nos fazer sozinhos, ou, ainda, de que tudo isso o que Jesus vivenciou e disse cabe apenas aos santos, muito distantes de nossas possibilidades íntimas…

Porém, basta um simples exercício de lógica para nos darmos conta de que absolutamente tudo o que nos foi ensinado, exemplificado por Jesus, é sim factível, possível de ser exercitado por todos, ainda que sob quedas, deslizes, fracassos, enganos circunstanciais.

Ora, o Espírito mais evoluído, mais moralizado que já veio ao Planeta não traria tantos ensinamentos se não fossem possíveis de ser aprendidos e reproduzidos.

Acaso suspeitamos que Sua sabedoria e Amor veio à Terra para lançar sementes estéreis em corações sedentos de vida e paz?

A questão é que, para que façamos nascer os brotos da Boa Nova em nós, antes será preciso compreendermos o que nosso Mestre nos ensinou; que nos decidamos a exercitar tais ensinamentos em nossas vidas, e, através da renovação de hábitos, mudarmos nosso panorama interno, para, então, influenciarmos o mundo, dentro de nossas possibilidades.

Sendo assim, cabe-nos refletir que ninguém faz enormes mudanças do dia para a noite, mas que toda mudança é possível, a partir da abertura de consciência e disposição para o novo.

Se temos exemplos maravilhosos de mudanças rápidas, impressionantes e inspiradoras, através das vidas de Paulo de Tarso, Maria de Magdala ou Francisco de Assis, fato é que estes Espíritos, como muitos outros de que temos notícia, embora transitoriamente equivocados, já tinham realizado uma caminhada significativa, em vidas pregressas.

Já sabemos que a Alma não pula etapas - antes é preciso que o ensinamento, para fazer sentido, esteja em sua zona proximal de aprendizagem.

Bastou a estes baluartes da fé a presença do Cristo em suas vidas, para alterarem substancialmente a direção e a energia de seus corações, conectando-se com seus talentos e valores mais sagrados, deixando, também, um legado maravilhoso a nos inspirar na jornada terrena.

Por outro lado, muitos outros que conviveram com o Cristo não comungaram de suas ideias e disposições... Mesmo os próprios discípulos se demoraram na trilha, atolados em seus medos e ignorâncias, sendo preciso, após a morte, que o Mestre Amigo lhes aparecesse algumas vezes, relembrando-lhes tudo o que disse e fez, em seus três anos de dedicação incondicional.

Estejamos nós em qual etapa for, sempre é tempo de estudar, conhecer, raciocinar e sentir Jesus através dos evangelhos, mas, acima de tudo, que nossa fé possa ser coroada pelas obras, tão necessárias (dentro e fora de nós), a fim de que o convívio com o Cristo ocorra para além das manifestações exteriores, quanto antes.

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita