Cinco-marias

por Eugênia Pickina

 

A importância da primeira infância


A criança aprende brincando. Mais importante, ao brincar, a criança aprende a aprender
. O. Fred. Donaldson


Do nascimento até completar 6 anos. Essa é a primeira infância.

A influência do meio familiar se mostra importante em diversas fases da vida, mas, nessa etapa, aparece como um fator fundamental. Por isso, no ambiente doméstico, nesses anos iniciais, a criança se desenvolverá do ponto de vista cognitivo, afetivo e social a partir das interações que estabelece com os adultos em sua convivência diária. Depois, através da experiência escolar, professores, funcionários, a presença de outras crianças, todos eles também participarão diretamente do desenvolvimento infantil.

O aprendizado se dá por diferentes linguagens e principalmente brincadeiras na primeira infância. Ou seja, as brincadeiras são de extrema importância para a realização de conexões de neurônios, desenvolvimento da cognição, aprendizado e interação social. Sem dúvida, criança que brinca é criança que desenvolve suas potencialidades.

O contato com a natureza também é fator intrínseco ao desenvolvimento pleno da criança. É no contato com os elementos da natureza que a criança pode ver como as coisas funcionam e observar as transformações dos elementos naturais, como, por exemplo, quando está a brincar num parque e recolhe folhinhas do chão. O que ela vê? O que ela sente ao ver e tocar essas folhinhas? É imprescindível que os momentos de brincar ao ar livre sejam garantidos à criança.

De outro lado, a atenção com o ambiente doméstico também deve vigiar os hábitos da vida moderna refletivos na primeira infância, como o uso excessivo de equipamentos eletrônicos, como televisores, tablets… Não esquecer ainda que celulares não cabem na infância, pois para tudo há um tempo…

Em casa, os pais podem, por exemplo, oferecer aos filhos espaços e oportunidades para o brincar. Estimular a criança a correr, saltar, dançar, esconder-se, brincar com água, pular corda, fazer comidinhas, escorregar, dançar, subir na árvore, brincar nos parques, ouvir histórias, brincadeiras de roda, jogar, fazer pipas, bonecos com meias que não servem mais para o uso, dobraduras como um barquinho de papel, brincar na chuva… Que tal reinventar algumas brincadeiras, adaptando-as aos novos tempos e espaços? Que tal conhecer um parque aberto no bairro ou na cidade?

Sem querer antecipar fases, forçar aprendizados ou criar expectativas, nos primeiros anos da vida, ver uma criança brincar é ver um ser humano crescer e aprender.


Notinhas

É na primeira infância que a pessoa aprende muito e de forma rápida. As crianças absorvem todo tipo de informação, emoções e experiências que são expostas. É por isso que, mesmo que ela não compreenda integralmente determinada situação, os sentimentos e palavras ali inseridos serão incorporados. Quando a criança está em um ambiente de conflitos constantes, falta de estímulos ou em condições de extrema pobreza e desnutrição, esses fatores culminarão na absorção somente de estímulos negativos, o que prejudica o desenvolvimento cognitivo e social.

O que é cognição? A cognição é um conceito da psicologia que surgiu em meados dos anos 1970 e se caracteriza pelo conjunto de habilidades que um indivíduo tem para perceber, interpretar, conhecer e prever os mais variados estímulos, gerando respostas condizentes a eles. Ou seja, é a maneira como nós percebemos o que e quem nos cerca por meio dos cinco sentidos.

No Brasil, a pressão por um ensino “forte” ganha vigor a cada dia, e é comum ser exigido que uma criança de 4 anos, por exemplo, saiba ler e escrever, quando teoricamente isso só deveria ser ensinado no 1º ano do ensino fundamental. Todavia, vemos que países como Suécia e Finlândia vão no sentido contrário, abrindo cada vez mais espaço na grade curricular para o livre brincar, também chamado de brincadeira desestruturada, garantindo à criança acesso à natureza e, portanto, interação com os elementos do mundo natural: sol, terra, água e para subir nas árvores, criar mundos imaginários usando somente objetos simples como panos e caixas, ver as diferentes aves, fazer barulho ou simplesmente ficar em silêncio, ouvindo os sons do entorno. Na primeira infância, na realidade, o principal compromisso da criança é com o brincar.



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita