Cinco-marias

por Eugênia Pickina

Filhos na pré-adolescência


A educação pelo medo deforma a alma
. Coelho Neto


Por volta dos 10 anos começa a pré-adolescência e pode durar por até 4 anos. Esse período é marcado por muitas transformações físicas. Fase em que as meninas e os meninos se despedem dos interesses da infância e começam pouco a pouco a construir uma nova identidade. Ficam atentos às regras de grupos, o que pode gerar insegurança, angústia…

Na pré-adolescência, os pais precisam respeitar as escolhas do filho no seu modo de ser. É importante ainda demonstrar interesse pelas atividades da escola e manter o contato com os amigos do filho ou da filha.

De outro lado, ter uma rotina faz com que todo mundo se sinta confortável e seguro. Como o filho já não é criança, os pais podem sentar juntos para definir uma rotina de obrigações e atividades. Também vale apostar em um cronograma cotidiano para todos se organizarem, lembrando também que existem combinados negociáveis e inegociáveis, e que as regras e os limites são fundamentais para viver em família e em sociedade.

Embora a pré-adolescência seja a fase onde tudo é “chato” (ou “um cinco”), apesar de ter o corpo mais desenvolvido, o pré-adolescente continua com necessidades infantis de dependência, e isso gera medo, insegurança. Portanto, da mesma forma como na infância, é importante que os pais criem espaço para conversas olho no olho. Postura firme, sem ser autoritária. Conversar, se aproximar e se envolver é a melhor maneira de garantir a segurança do filho e, ainda, criar brechas para incentivar o contato com bons hábitos e com conteúdos de qualidade nessa fase.

Como cada pessoa é única, ninguém tem condições de afirmar realmente quando começa a pré-adolescência ou quando termina a adolescência, e isso às vezes dificulta a prática educativa dos pais. Por isso o espírito sensato deve prevalecer: é bom ter os olhos voltados para o mundo em que o filho vive/convive sem perder de vista os princípios que sustentam a família.

Sair da infância não é fácil e a pessoa experimenta, na pré- adolescência (e na adolescência), muitas mudanças.  E os pais, por sua vez, querem que os filhos tenham um bom futuro, estudem, tenham boas companhias, criem responsabilidade, não se envolvam com drogas... No entanto, os pais devem ser afetuosos, senão nada funciona. Não podem apenas exigir, cobrar. Na realidade, a cobrança precisa ser intercalada com carinho, diálogos, momentos descontraídos. Muita pressão cansa os dois lados: filhos e pais.


Notinhas

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, a adolescência vai dos 12 aos 18 anos. Normalmente, então, a pré-adolescência começa por volta dos 10 anos, quando a segunda infância termina e a puberdade começa, e pode estender-se até os 14 anos, quando a adolescência se intensifica. No entanto, é importante não esquecer um fato: mesmo tendo a mesma idade, frequentando a mesma escola e série e manifestando interesses e comportamentos semelhantes, garotas e garotos são bem diferentes.

Ainda que muitos pais sintam que os filhos na pré-adolescência não querem proximidade, eles desejam sim que os pais estejam envolvidos na vida deles. No entanto, eles se incomodam com certas atitudes/perguntas, como "para quem você está mandando mensagem?”. Logo, é importante saber como e a hora de se aproximar.

Muitos adultos desvalorizam os sentimentos dos mais jovens e, com isso, os pré-adolescentes acabam afastando-se dos pais. Frases como “Isso vai passar logo”, “Deixa de drama” e/ou “Não chore por isso” só reforçam a sensação de insegurança e fazem com que os filhos se distanciem dos pais. O importante é ter uma conversa franca dizendo que entende seus sentimentos, mas que não há motivos para desespero... As frustrações também são importantes, ajudam no amadurecimento e tornam as pessoas mais fortes e resilientes.

Não esquecer: filho recém-saído da infância exige atenção especial a respeito de assuntos como bullying, ansiedade, vida digital...



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita