Artigos

por Martha Triandafelides Capelotto

 

Diferenças e diferentes


O objetivo deste texto é levantar, de maneira despretensiosa, algumas questões de ordem moral e espiritual que permitam melhorar os nossos relacionamentos, a partir de um processo reflexivo sobre elas.

Em O Livro dos Espíritos, na questão 804, temos um ensinamento que assim nos diz: ”Necessária é a variedade das aptidões, a fim de que cada um possa concorrer para a execução dos desígnios da Providência, no limite do desenvolvimento de suas forças físicas e intelectuais”.

O que poderíamos extrair desse ensinamento?

Em primeiro lugar, que as diferenças sempre existiram, existem e existirão pela simples razão de termos sido criados em tempos diferentes e com aproveitamento das experiências de maneira desigual. Mais uma vez aqui, se faz necessária a compreensão do princípio reencarnatório para que possamos admitir essas diferenças e, até mesmo, compreender a Justiça Divina.

Filosoficamente falando, as diferenças têm conotações de rara beleza e profundidade, como nos ensina Ermance Dufaux, no seu livro “Mereça Ser Feliz”. No entanto, na maioria das vezes, acabam por gerar uma série de conflitos e adversidades. Não só nas nossas relações familiares ou profissionais, mas também nos núcleos espiritualistas, sejam eles de que ordem forem, observa-se o desafio de se estabelecer uma relação harmoniosa e fraterna, quando nos deparamos com aqueles que não pensam e agem como nós. Assim, não escapam desse comportamento nem aqueles que já estão no caminho da busca espiritual.

E agora, reportando-nos a esses, incluindo-nos, obviamente, é importante salientarmos que o respeito por todos aqueles que são diferentes, diríamos, distintos, únicos, é atitude da maior relevância para o nosso crescimento espiritual, pois a não aceitação dos outros pelas diferenças que se estabelecem, leva-nos a tratá-los com a indiferença. Por sua vez, a indiferença gera algo mais grave que é a exclusão afetiva como solução para as dificuldades nos relacionamentos.

Inegavelmente, conviver é difícil, chega a ser mesmo um desafio. Porém, como em todas as coisas, necessitamos “aprender a conviver” para que a indiferença gerada pelo descaso não acabe gerando em nós, ausência de solidariedade.

O terceiro milênio, no qual já adentramos, promete ser o milênio do homem interiorizado, lembrando que as grandes transformações, tanto no campo das ideias como também na própria estrutura do planeta, já se iniciaram e elevarão o nosso orbe à condição de mundo de regeneração, no qual só habitarão Espíritos que já tiverem desenvolvido os sentimentos de solidariedade e fraternidade.

Desse modo, não mais se justifica olharmos de maneira negativa as diferenças, mas, sim, buscarmos nelas condições de aprendizado construtivo, tanto para aprendermos como disponibilizarmos os nossos próprios talentos e aptidões.

Diferenças não são defeitos, tampouco os diferentes são nossos oponentes. Quando abdicamos do afeto, caímos invariavelmente nas masmorras do desamor. Assim, tenhamos atitudes positivas de combate ao nosso personalismo, que ainda é o grande obstáculo para o nosso crescimento espiritual.

Jesus, na Parábola do Semeador, ao se reportar aos vários terrenos em que foram distribuídas as sementes, deixa-nos um tratado sobre as diferenças e suas etapas. Os solos da narrativa correspondem aos níveis evolutivos em que cada qual dará frutos conforme suas possibilidades.

Benditos sejam os diferentes com suas diferenças!




 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita