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por Rogério Miguez

 

A superação do homem velho


Ao longo de nossas jornadas evolutivas, iniciando-as a partir da simplicidade e da ignorância das leis que regem o Universo, temos experimentado incontáveis existências e, em consequência, moldamos uma personalidade e caráter que agora nos tornam únicos, considerando os nossos hábitos, costumes, tendências e a capacidade de distinguir entre o bem e o mal.

Hoje, com toda a certeza, possuímos uma quantidade de luz interior e, igualmente, um lado sombrio, pois guardamos inúmeras experiências - umas boas, outras nem tanto -, contudo, todas formando a nossa única estrutura psicológica.

Considerando a face obscura de nossa personalidade, sabemos que ela ainda teima em nos solicitar ações conforme antigos padrões desenvolvidos no decorrer de nossas muitas etapas de aprendizado como Espíritos encarnados. Ela foi gradativamente surgindo quando, por opção, caminhamos regularmente distanciados do bem; tanto quanto durante os correspondentes períodos em que estivemos na erraticidade sem aproveitamento moral, desnorteados, aguardando o retorno às lides terrenas, neste ou em outros mundos, às vezes, sem sequer saber que desencarnamos.

Muitos destes comportamentos do homem velho, que não nos interessam mais, defrontam-se com o conhecimento de propostas renovadoras, que agora aprendemos. Estas doutrinas incentivadoras da busca pelo melhor, representadas pelas novas teorias que se apresentam por força da Lei do Progresso, mecanismo inevitável que nos impulsiona sempre rumo à perfeição relativa, mexem com o atual estado psicológico do Espírito.

Estas novas Doutrinas, quando progressistas, incentivam o homem novo a buscar a sua melhoria, pois, desta forma, poderá obter melhores benefícios das novas oportunidades - de toda ordem -, oferecidas no decorrer da atual existência, que, em muitos casos, não foram bem aproveitadas no passado.

Desde o século retrasado, encontra-se à disposição de todos, uma Doutrina, de fato, reformadora, esclarecendo melhor as leis divinas e, ainda mais, respondendo todos os porquês existenciais de forma clara e racional: a Doutrina dos Espíritos.

Como não poderia deixar de ser, considerando que é a terceira revelação, esta nova ideologia, composta de aspectos filosóficos, científicos e religiosos, incentiva que todos os seus seguidores ou adeptos se observem detidamente, refletindo sobre si mesmos, buscando identificar as peculiaridades do homem velho. Com este conhecimento, busca-se delinear um homem novo, construído pela nova ordem de ideias, substituindo, gradativamente, os atuais aspectos característicos de sua personalidade e caráter incompatíveis com as renovadoras propostas recém-conhecidas.

É um trabalho pessoal, intransferível, ninguém poderá realizar esta tarefa por nós, nem mesmo Jesus. Ele certamente pode nos ajudar, nos incentivar a moldar este processo renovador, mas, em última instância, quem deverá de fato promover a substituição das condutas desajustadas aos princípios divinos, desenvolvidas no passado, somos nós mesmos.

Contudo, não é tarefa fácil descobrir os traços negativos do homem velho e substituí-los de pronto. É atividade gradativa, paulatina, sem pressão para terminá-la hoje. Os condicionamentos do homem velho foram muito bem edificados ao longo de milhares de anos, sendo assim, ninguém vai se iludir acreditando que poderá, ao impulso de poucos atos renovadores, dominar o homem velho. Não funciona desta maneira.

Sendo assim, aos poucos, devemos controlar ora uma atitude aqui, ora outra conduta ali.

Uma boa receita é escolher algumas tendências que reconhecemos prejudiciais ao próximo e, quem sabe, a nós mesmos, e trabalhá-las, diariamente, sempre que uma possibilidade se apresentar para tanto no cotidiano da vida.

Veremos que, gradualmente, vamos obtendo pequenas vitórias, sobre nós mesmos, daí em diante vamos nos tornando cada vez mais fortes para resistir aos futuros embates morais e éticos, que certamente virão, podendo, na medida do possível, selecionar outras particularidades de conduta e passar a vigiá-las, também de perto.

É preciso ficar atento também aos costumes e tendências deste estranho mundo moderno que nos instiga, a toda hora, à violência e ao sensualismo. Estes, poderão facilmente encontrar ressonância em nossos próprios desejos inferiores, alimentando-os. Devemos tentar filtrar o que vem de fora, quando a prática não nos interessa, para não sofrermos em futuro próximo, por dentro.

Considerando o nosso passado não tão digno, é fácil desistir do esforço nobre, agindo tal qual a massa desvairada, nas suas coletivas manifestações inferiores. Apoiados pelo grupo, nos sentimos menos culpados, entretanto, após a morte, não daremos contas dos outros, mas, certamente, apenas de nós mesmos.

É preciso aprender a dominar as nossas más inclinações vencendo-as aos poucos, contudo, estando preparados para os insucessos e derrotas, pois estas decerto virão e, nesta hora, não pode haver desânimo. Uma conversa honesta com o nosso Pai, funcionando como uma oração, explicamos que sinceramente tentamos, mas não conseguimos vencer-nos, entretanto, da próxima vez, tentaremos com mais empenho e, para tanto, a ajuda Dele será de inigualável valia.

O nosso anjo guardião também deverá ser lembrado nestes momentos de testes, solicitando igualmente o seu apoio e paciência, diante de nossas hesitações e fraquezas.

Combatamos assim o homem velho, mas combatamos segundo o bom combate sugerido por Paulo, ou seja, através de uma vida bem vivida a serviço de Deus!




 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita