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por Martha Triandafelides Capelotto

 

A ética da transformação


“Reconhece-se o verdadeiro cristão pela sua transformação moral.”


Na verdade, o enunciado acima foi por mim modificado, pois a ideia original é: “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral” (Capítulo XVII – item 4 – O Evangelho segundo o Espiritismo). A razão é que somos igualmente cristãos, tendo Jesus como nosso guia e Mestre.

Dessa forma, o que seguirá abaixo serve para todos nós, cristãos e não cristãos, crentes ou ateus. Falar de ética é assunto que deve interessar a todos.

Caráter, temperamento, valores, vícios, hábitos e desejos são alguns caracteres que podem ser renovados ou aprimorados, razão pela qual insistimos reiteradas vezes no processo educacional da criatura, na necessidade de se proceder a uma análise profunda do nosso ser, para sairmos do obscuro de nossas almas, condicionadas a comportamentos milenares de conceitos equivocados.

Em assim sendo, para o homem se aprimorar, o autodescobrimento exige uma nova ética nas relações consigo e com a vida: é a ética da transformação, sem a qual, a incursão no mundo íntimo pode estacionar em mera atitude de devassar a subconsciência sem propósitos de mudança para melhor.

Para tal desiderato, estamos todos convocados a efetivar uma era que seja contemplada pela unificação ética - a união pelo amor -, pródiga de novas atitudes na edificação de uma comunidade mais sintonizada com os princípios morais nobres, exarados por Jesus, tendo a fraternidade como eixo fundamental.

Por outro lado, deve ser observado que o maior obstáculo que enfrentaremos será transpor o interesse pessoal, o conjunto de viciações do ego repetido em várias existências corporais e que cristalizaram a mente nos domínios do personalismo.

A verdadeira renovação espiritual é aprender a negar-se a si mesmo, sem descuidar-se, a esvaziar-se de si, desprezando as atitudes egoicas, tirar as máscaras da hipocrisia e do “pseudoamor” que vestimos, para que o homem novo surja.

O Espiritismo, tendo como um dos seus principais objetivos, que é a revivência do Cristianismo primitivo, é inesgotável manancial ao alcance desse objetivo e creio que ele não veio ao mundo para ser mais uma corrente filosófica, mas, trazer luz, conhecimentos espirituais, morais, éticos que deverão nortear a todas as demais religiões e a toda a Humanidade. Se acham que estou exagerando, procurem conhecê-lo antes de emitirem opiniões falsas e, muitas vezes, levianas e desrespeitosas.

O momento que estamos vivendo é de transição planetária, onde um turbilhão de acontecimentos está desequilibrando a muitos de nós, porém, esta é a hora de nos movimentarmos e remarmos contra todas as correntezas do mal que tentam nos arrastar para as sintonias menos refinadas, e iniciarmos o que estamos adiando de há muito. Conhecermo-nos e transformarmo-nos para melhor. A hora é esta. As trombetas estão tocando, convocando-nos às mudanças necessárias.

A adoção de uma ética da paz, no transcorrer da metamorfose de nós mesmos, será medida salutar, inadiável. Conviveremos bem com os outros na proporção em que estivermos vivendo bem conosco mesmos, conscientes do nosso verdadeiro papel no mundo que é fazer benfeito a nossa parte.

Ananias, o apóstolo chamado para curar os olhos do Doutor Tarso, quando o Mestre Jesus o chama pelo nome, o colaborador humilde, com prontidão e livre dos interesses pessoais, responde sadiamente: “Eis-me aqui, Senhor”.

Assim, façamos o melhor, deixando o pessimismo, as críticas ácidas, a inconformação inativa e nos coloquemos à disposição na seara do bem, cada qual com seus talentos e possibilidades infinitas.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita