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por Nilton Moreira

 

Perdoar? Esquecer é mais difícil  


Existe uma grande diferença em perdoar e o ato de esquecer. Acreditamos que é menos difícil perdoar do que esquecer, pois é comum dizer-se “quem leva o tapa nunca esquece”. De fato, é tarefa complicada.

Há um parente meu que considero muito, e ele sempre diz: “eu nunca faço a primeira ofensa”. É muito importante isso, pois constato que esta pessoa já atingiu um grau de evolução, mas como se comportará depois de ser ofendido?

Sabemos que existem pessoas que não estão nem aí para a evolução moral ou conduta correta. Querem mesmo é ofender, passar por cima dos outros sem a mínima consideração. É destas pessoas que devemos nos cuidar, pois, como estão acostumadas a estarem envoltas em energias ruins, não se preocupam com a língua ou atitudes maldosas.

Mas, no momento que somos ofendidos, a tendência é revidar, pois é uma questão de autodefesa que nos acompanha desde o tempo que dispúnhamos apenas do instinto, embora após algum tempo constatemos que aquela energia péssima que nos envolveu não deve continuar conosco, motivo pelo qual devemos então pensar no perdão, já que a ofensa não partiu de nós.

Então vem o momento de trabalharmos o perdão, que não é fácil, mas com dedicação e muita meditação, vamos conseguindo. Mas repito: não é fácil! Pode demorar dias, meses, anos ou até nem acontecer nesta vida, mas, se conseguirmos perdoar o que nos foi feito, temos então de tentar esquecer o acontecido.

Isso é mais difícil, pois, embora tenhamos a capacidade de minimizar a lembrança da ofensa ou calúnia, sempre fica um resíduo em nossa mente do fato, e volta e meia comentamos com alguém, ou até mesmo nos pegamos pensando, e isso nos reporta a um momento de energia muito prejudicial ao organismo.

Jesus, sabendo da difícil tarefa de perdoar, respondeu dizendo que o deveríamos praticar setenta vezes sete, isto é, indefinidamente.

Mas não nos preocupemos de quantas vezes vamos lembrar o acontecido, o importante é que a cada momento em que aquela energia ruinzinha vier à mente, lembremos o Mestre, e perdoemos novamente. Esse é um exercício que vai de encontro ao que Ele falou. Agindo assim, aquilo que nos fizeram vai ficando cada vez mais longe, e, certamente, ao longo do tempo quase nem lembraremos mais.

Não podemos sair desta vida levando conosco um rancor de uma pessoa que muitas vezes nem lembra o mal que nos causou, e que certamente terá de prestar contas ao Criador num futuro próximo ou até mesmo nesta existência, mas, nós, não carregando o rancor, estaremos livres do contato com o ofensor em outra vida, pois o deixamos liberado de resgatar algo conosco.

Exercitemos o perdão setenta vezes sete e tentemos esquecer, e certamente ficaremos livres. Energia a todos.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita