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por Rogério Coelho

 

Sono inteligente


Sejamos abundantes na meditação, na prece e na vida reta


“(...) Através do sono fisiológico, revelam-se os estados espirituais dos transeuntes da carne.” - 
Joanna de Ângelis[1]


Sono inteligente?  O que é isso?!

Isso, como infinitas coisas outras, não nos seria dado saber sem a “chave” que torna tudo compreensível, chamada: Doutrina Espírita.

Os Amigos Espirituais fazem referência ao “sono inteligente” ao responderem à questão 402 de “O Livro dos Espíritos”. Segundo afirmam esses Numes Tutelares, quem tem “sono inteligente”, consegue morrer e desencarnar logo em seguida, isto é, desligam-se rapidamente do envoltório somático e dura um lapso de tempo curtíssimo a onipresente perturbação “post-mortem”.

Afinal, que é ter sono inteligente? Ter sono inteligente é ir – assim que se dorme – para junto dos seres que nos são superiores.  E com eles viajamos, conversamos e nos instruímos... Infelizmente, grande número de criaturas não tem sono inteligente, pois quando dormem, vão[2] “a mundos inferiores à Terra onde os chamam velhas e destrambelhadas afeições, ou em busca de gozos quiçá mais baixos do que os em que aqui tanto se deleitam. Vão beber doutrinas ainda mais vis, mais ignóbeis, mais funestas do que as que já professaram no seu dia a dia, enquanto “despertas” na matéria grosseira.

O sono liberta a Alma do corpo. Quando dorme, o homem se acha por algum tempo no estado em que fica permanentemente depois que morre”.

Esse fato é de molde a nos ensinar que não devemos temer a morte, vez que o sono nada mais é do que um “ensaio” para ela.  Morremos todos os dias, ao dormir.

Pelo sono os encarnados nos lançamos pelo Espaço e entramos em relação direta com os Espíritos.

“Sonhar” com um ente querido que já “morreu”, outra coisa não é senão o resultado de um reencontro feliz proporcionado pela emancipação temporária provocada pelo sono nosso de cada dia.

Graças ao sono, os Espíritos encarnados estamos sempre em relação com o Mundo dos Espíritos. Por isso é que os Espíritos Superiores aceitam, sem grande repugnância, em reencarnar entre nós. Quis Deus que, tendo de estar em contato com o vício, pudessem eles ir retemperar-se na fonte do bem, a fim de, igualmente, não falirem, quando se propõem a instruir os outros, ainda mais atrasados.

O sono é a porta que Deus lhes abriu, para que possam ir ter com seus amigos do Mais Além; é o recreio depois do trabalho, enquanto aguardam a Grande Libertação que os guindará ao meio que lhes é próprio, isto é, aos arremansados Cimos Espirituais.

Portanto, para que sejam proveitosos nossos sonos, tenhamo-los inteligentes, a fim de que não só se enriqueça nossa economia espiritual, mas também logremos os agentes facilitadores de nosso despertar na reentrada ao Mundo Maior, através do mais natural dos fenômenos que erradamente conhecemos pelo nome de “morte”.

Sejamos abundantes na meditação, na prece e na vida reta.

Pela meditação, conseguimos silêncio interior, pela prece estabelecemos contato com o Plano Superior da vida e pela vida reta nos fazemos merecedores das benesses daquele Plano Maior.

Embora sem ser cristão e muito menos conhecedor da Doutrina dos Espíritos, o grande Mahatma da Índia proclamou: “a oração deve ser a tranca da noite e a chave da manhã”.

Sonos inteligentes para todos!...


 

[1] - FRANCO, Divaldo Pereira. Lampadário espírita.  2. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1971, cap.  25.

[2] - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, questões 401 e 402.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita