Brasil
por Angélica Reis

Ano 14 - N° 675 - 21 de Junho de 2020

Danton Mello interpreta o médium José Arigó no filme “Predestinado”


Deveria ser lançado neste mês de junho nos cinemas do Brasil o filme Predestinado - Arigó e o Espírito do dr. Fritz. A estreia foi, contudo, adiada em face das medidas sanitárias tomadas no Brasil para conter a expansão da Covid-19.

Estrelado por Danton Mello e Juliana Paes, o longa-metragem focaliza a história do médium mineiro José Pedro de Freitas, o José Arigó, que se tornou a esperança de cura para milhões de pessoas nas décadas de 1950 e 1960.

Questionado pela Igreja, pelos médicos e pela Justiça, mas reverenciado pelo povo brasileiro, estima-se que passaram por seu centro de atendimento cerca de 4 milhões de pessoas, em busca de cura ou da compreensão dos fenômenos de que José Arigó foi um excepcional instrumento da espiritualidade.

Apesar de grande prestígio junto ao povo, José Arigó não teve vida fácil como médium. Processado pela Associação Médica
de Minas Gerais sob a alegação de curandeirismo, foi condenado à prisão em 1956, mas, devido à pressão popular, acabou sendo indultado pelo presidente Juscelino Kubitschek. Em 1964, devido a nova condenação, ficou preso por sete meses. (1)

O filme, que teve locações em Congonhas, Cataguases e Rio Novo, todas localizadas em Minas Gerais, conta, além de Danton Mello como protagonista, com grandes nomes da televisão e do teatro, a exemplo de Juliana Paes, que interpreta Arlete, a esposa do médium, Marcos Caruso, Alexandre Borges, Marco Ricca e Carlos Meceni.

Quem foi José Arigó

José Pedro de Freitas, conhecido como José Arigó ou simplesmente Zé Arigó, nasceu em Congonhas (MG) em 18 de outubro de 1922 e ali mesmo faleceu no dia 11 de janeiro de 1971, antes de completar 49 anos de idade.

Desenvolveu suas atividades espirituais em Congonhas durante cerca de vinte anos, tornando nacional e internacionalmente conhecidas as cirurgias e curas realizadas – por intermédio de suas faculdades mediúnicas – pelo Espírito que se denominava Dr. Fritz, um médico alemão falecido em 1918 durante a Primeira Guerra Mundial.

Filho de um pequeno sitiante, Arigó pôde estudar apenas até à terceira série do atual Ensino Fundamental, no Grupo Escolar Barão de Congonhas. Em 1936, aos quatorze anos de idade, ingressou na Companhia de Mineração de Ferro e Carvão, onde trabalhou até 1942. Foi nesse período que ganhou o apelido que o acompanharia por toda a vida: "Arigó". Nomeado servidor do IAPTC, atual INSS, trabalhou na função pública até o fim da vida.

Em 1946, então com vinte e quatro anos de idade, casou-se com  Arlete, sua prima em 4º grau, e dessa união nasceram seis filhos: José Tarcísio, Haroldo, Eri, Sidney, Leôncio Antônio e Leonardo José.

O início do trabalho mediúnico

Por volta de 1950, Arigó começou a apresentar fortes dores de cabeça e insônia, percebendo visões – uma luz descrita como muito brilhante – e uma voz gutural num idioma que não compreendia, fatos que o levaram a pensar encontrar-se à beira da loucura. A incômoda situação perdurou por cerca de três anos, durante os quais visitou médicos e especialistas, sem melhorias.

Certo dia – contou ele a um de seus biógrafos – a voz que o atormentava foi percebida por Arigó como pertencendo a um personagem robusto e calvo, vestido com roupas antigas e um avental branco, supervisionando uma equipe de médicos e enfermeiros em uma grande sala cirúrgica, em torno de um paciente. Depois de semelhante sonho ter-se repetido várias vezes, o personagem apresentou-se como sendo Adolph Fritz, um médico alemão desencarnado durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), sem que tivesse completado sua obra na Terra.

Arigó não compreendia o idioma, mas entendeu perfeitamente a mensagem: ele fora escolhido como médium pelo Dr. Fritz para realizar a obra que o ex-médico não pôde completar na Terra. E para isso, outros Espíritos, médicos e enfermeiros desencarnados, os auxiliariam.

Arigó acordou desse sonho tão assustado que saiu correndo, aos gritos, ganhando a rua. Parentes e amigos trouxeram-no de volta ao lar, onde chorou copiosamente. Procurados, os médicos procederam a exames clínicos e psicológicos, sem encontrar nada de anormal, embora as dores de cabeça e os pesadelos continuassem. Até mesmo o padre da cidade tentou auxiliar, efetuando algumas sessões de exorcismo, mas sem sucesso.

Como ocorreu a primeira cura

Desesperado, sem encontrar uma saída, certo dia ele resolveu experimentar atendendo ao pedido do sonho. Encontrando um amigo aleijado, obrigado ao uso de muletas para andar, Arigó ordenou-lhe de súbito que largasse as muletas. E, arrancando-as com as próprias mãos, ordenou em seguida ao amigo que caminhasse, o que ele fez, continuando a fazê-lo desse dia em diante.

A partir de então, uma força que Arigó reputava como "estranha" passou a utilizar-se de suas mãos rudes para manejar instrumentos também rudes, em delicados procedimentos cirúrgicos, no atendimento a enfermos e aflitos.

Incorporado pelo Dr. Fritz, Arigó utilizava-se de facas e canivetes para extrair em
rápidos procedimentos quistos e tumores.

As incisões eram pequenas, se comparadas aos procedimentos cirúrgicos praticados à época, muitas vezes menores que o material por elas extraído. Por vezes, durante a intervenção, Arigó ditava uma receita, datilografada por um de seus assistentes, para ser entregue ao paciente.

Falecimento

José Arigó faleceu em decorrência de um acidente na rodovia BR-040.  Conforme escrito no boletim de ocorrência, quando dirigia na citada rodovia, às 12h23 de 11 de janeiro de 1971, ele perdeu a direção do seu carro, após ter sofrido um mal súbito. O veículo invadiu a contramão e colidiu com uma viatura do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER).

Sobre a vida e a obra de José Arigó, existe no Brasil farta literatura. Basta para isso ligeira consulta à internet.

Nesse sentido, o filme “Predestinado” servirá, com certeza, como uma agradável introdução, que o leitor pode aquilatar assistindo ao trailer que os produtores do longa-metragem disponibilizaram no YouTube. Para acessá-lo, clique aqui: trailer do filme

 

(1)  Os pormenores relativos à segunda condenação podem ser vistos pelo leitor na matéria “Zé Arigó na prisão”, publicado na revista O Cruzeiro, em 12 de dezembro de 1964. Para acessá-la, clique aqui

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita