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por Waldenir A. Cuin

 

Compreender o processo evolutivo


“No estado errante, antes de nova existência corpórea, o Espírito tem consciência e previsão do que lhe vai acontecer durante a vida? - Ele mesmo escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto consiste o seu livre-arbítrio.” (Questão 258 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.)

 

Que somos Espíritos a caminho da evolução não há nenhuma dúvida, embora tenhamos ainda alguma dificuldade em entender o processo evolutivo, pois que ante a postura espiritual que ostentamos não é fácil compreender a necessidade das lutas, desafios e superações dos obstáculos que vamos encontrando pela frente.

Não tendo ainda condições de fazer uma análise mais apurada de todo o complexo de situações e detalhes que permitem o nosso avanço espiritual, carregamos a opinião de que seria melhor se obtivéssemos todas as promoções e vitórias, na vida, sem os esforços que tais conquistas exigem.

Mas a exemplo de um estabelecimento escolar, onde a cada dia o professor apresenta matéria nova, a existência na Terra é um eterno legado de lições e mais lições, abrindo caminho para conhecermos a verdade que nos promoverá a liberdade, conforme nos informou Jesus Cristo.

Em sã consciência, ninguém afirma que gosta de tomar injeções, pois que são incômodas e doloridas, no entanto, diante de uma profunda cólica renal, o doente implora que seja conduzido, o mais rapidamente possível, ao pronto-socorro, para receber uma injeção de analgésico que possa aliviar-lhe o padecimento. Assim, ante a dor insuportável, a injeção antes incômoda e dolorida se transforma numa bênção de Deus.

Também não vamos encontrar ninguém que tenha prazer em se submeter a um processo cirúrgico, obviamente pelos transtornos que gera, mas carregando no corpo físico um tumor de consequências fatais, não teremos o mínimo receio em aceitar que um médico rasgue a nossa carne para nos salvar a vida. Portanto, vendo a morte de perto, o processo cirúrgico, antes temido e desconfortável, se caracteriza como tratamento desejado.

Assim acontece na vida física, da mesma forma, não é diferente quando se trata de conquista de valores espirituais.

Um dia na espiritualidade, despertando a nossa consciência, conseguimos observar as marcas da imperfeição que ainda ostentamos. Detectamos os remorsos e arrependimentos pelos equívocos e ilusões do passado e começamos a pensar em buscar redenção, pois que vislumbramos a possibilidade de prosperarmos na direção da felicidade que tanto almejamos.

Mais conscientes, imploramos aos Benfeitores da Humanidade que nos permitam o retorno à Terra, em nova reencarnação, no palco de lutas junto àqueles a quem havíamos nos comprometidos, objetivando o reparo das faltas cometidas.

Por eles fomos alertados que enfrentaríamos aflições, dores e inúmeros obstáculos. Com firmeza de propósito aceitamos os desafios na certeza do progresso espiritual que realizaríamos e aqui estamos.

A redenção dos nossos equívocos e ilusões podemos comparar a uma cólica renal, que precisa o mais rápido possível de uma injeção de analgésico para ser extirpada, ou a um processo cirúrgico necessário e urgente para nos devolver a saúde. Ao invés de lamentar ou desconjurar os tratamentos, mesmo desconfortáveis e dolorosos, nós devemos agradecê-los.

Assim também precisa e deve acontecer com as lutas de cada dia, na presente reencarnação, que nos permitem a redenção dos nossos erros do passado. Mesmo incômodas e aflitivas, são imprescindíveis para o nosso crescimento espiritual. Dessa forma, o ideal será aceitá-las pacientemente, para maior proveito, pois que as solicitamos um dia na espiritualidade.

Então, nada de lamentação, desespero e inconformismo, pois que a rebeldia só poderá complicar a nossa vida, acenando com a possibilidade de perdermos a oportunidade que nos foi dada pela generosidade de tantos Espíritos Benfeitores.

Reflitamos...


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita