Natural de Três Rios (RJ) e residindo em Matão (SP), Sayuri Sandra Takigahira (foto), advogada de profissão, integra a equipe de trabalhadores do Centro Espírita O Clarim como voluntária e, como tal, coordena a equipe de mediadores da visitação ao Memorial Cairbar Schutel, mantido pela instituição. Na presente entrevista ela nos fala sobre essa experiência.

Situe para o nosso leitor o Memorial Cairbar Schutel.

O Memorial Cairbar Schutel encontra-se estabelecido na cidade de Matão (SP), na Rua 28 de Agosto, 780 - Centro, em um imóvel que foi residência de Cairbar Schutel e também sede da redação do jornal O Clarim, por ele fundado.

Quando foi inaugurado? E quem organizou o acervo?

O Memorial foi inaugurado em 13 de novembro de 2013. O acervo foi organizado pela historiadora Larissa Rizzatti Gomes e a montagem do espaço foi feita pela agência de publicidade e propaganda TG3 Comunicação.  A estruturação e a montagem do Memorial Cairbar Schutel duraram cerca de 9 meses, período que envolveu as etapas de curadoria, pesquisa, higienização do acervo e concepção do espaço expográfico.

Quais os principais conteúdos do acervo do Memorial?

O acervo contém livros, material farmacêutico (frascos de remédio e instrumentos farmacêuticos), objetos de uso pessoal, fotografias, correspondências, cadernos de anotações, cadernos de atas, documentos oficiais, o jornal O Clarim, a RIE e livros de registros. O espaço encontra-se dividido em salas temáticas, apresentando a linha do tempo da história de vida de Cairbar Schutel e sua atuação política (Cairbar cidadão); seu trabalho como divulgador da Doutrina Espírita, que compreende a fundação do jornal O Clarim e da Revista Internacional de Espiritismo (Cairbar jornalista); seu trabalho também como divulgador através dos livros escritos por ele enquanto esteve encarnado (Cairbar escritor); a Farmácia Schutel e as obras de caridade (Cairbar farmacêutico); o dormitório de Cairbar, mantido na localização original e mobiliado com as peças originais, e, por fim, a Sala Principal, que apresenta a relação de Schutel com a Doutrina Espírita.

Como funciona o esquema de visitação?

O Memorial Cairbar Schutel está aberto à visitação pública, que se faz mediante agendamento prévio, em qualquer dia, inclusive nos finais de semana. As visitas são acompanhadas por uma equipe de mediadores treinados para apresentar o Memorial aos visitantes e acompanhá-los durante a visita.

Você tem recebido as caravanas, grupos e pessoas para visitação, direcionando-as no conhecimento do acervo. Como tem sido essa experiência de recepção?  

É muito gratificante. Fico muito feliz em receber as pessoas e falar-lhes um pouco sobre a vida e a obra de Cairbar, que despertam em nós algo muito bom e que eu tento passar para os visitantes. Para que seu exemplo nos sirva de inspiração, precisamos despertar para os verdadeiros valores da vida, pois era esse um dos seus objetivos ao dedicar-se à divulgação do Espiritismo.

São muitas as cidades e estados que vêm conhecer o Memorial? Você tem ideia, ainda que aproximada, de quantas cidades e estados já o visitaram?

Sim, desde a sua inauguração o Memorial já recebeu mais de 1.500 visitantes (visitas registradas no caderno de assinaturas), fora os que estiveram em visitas e por esquecimento acabaram não deixando registro de sua presença em nosso livro. Foram visitas de mais de 120 cidades de 12 diferentes estados.

Quais são as principais reações que se notam nos visitantes?

As reações são diversas. Os que pouco ou nada sabem sobre a vida e o legado de Cairbar são tocados pela sua história, pelos exemplos deixados por esse Bandeirante, e certamente a visita desperta neles algum tipo de reflexão. Os que já conhecem um pouco mais sobre sua história se emocionam e passam a admirar seu trabalho ainda mais. Ninguém sai da visita do Memorial sem levar nada, sempre alguma semente é plantada, e esse é o nosso objetivo.

De suas lembranças, desde a inauguração, o que mais lhe chama a atenção?

São muitas as lembranças, muitos se emocionam durante as visitas, sobretudo quando entram no quarto que Cairbar utilizou. Uma visita que me marcou muito foi a de uma mãe cujo filho retornou ainda jovem ao plano espiritual. Essa mãe foi informada de que a equipe espiritual que trabalha com Cairbar foi responsável pelo resgate do seu filho, que hoje se encontra em uma Colônia Espiritual. Tamanha era a sua gratidão, que sentiu necessidade de vir ao Memorial, para saber quem era Cairbar Schutel. Foi emocionante! Em diversos momentos, enquanto eu apresentava um pouco da história de Cairbar, senti que ela se emocionou muito e eu me emocionei também. Até hoje me emociono quando me lembro daquela mãe.

Do acervo propriamente dito, o que você destaca?

O Cairbar jornalista, cujo trabalho foi de grande importância para a divulgação do Espiritismo no início do século passado, seja pelo jornal O Clarim, seja pela Revista Internacional de Espiritismo, com tamanho empenho, determinação e fidelidade à Doutrina Espírita codificada por Kardec e enfrentando todas as dificuldades da época.

Como devem proceder os interessados em conhecer?

Para conhecer o Memorial os interessados podem entrar em contato pelo WhatsApp (16) 99781-7855 ou pelo e-mail lucia@oclarim.com.br, ou ainda pelo telefone (16) 3382-1066, em horário comercial, e assim agendar a visita.

Algo mais que gostaria de acrescentar?

O Memorial é mantido pelo Centro Espírita O Clarim (atual denominação do Centro Espírita Amantes da Pobreza, fundado por Cairbar Schutel em 15 de julho de 1905). O acervo está à disposição para visitação do público espírita e não espírita, pois trata não somente da história de um espírita, mas de um cidadão muito respeitado por todos, com uma visão muito além do seu tempo e que muito contribuiu para o crescimento de Matão e das demais cidades da região. Consciente do seu importante papel na transformação do planeta, Cairbar é exemplo de um verdadeiro cristão, de alguém que viveu e vive o Evangelho do Cristo.

Suas palavras finais.

Agradeço pela oportunidade que me foi concedida para apresentar, de forma sucinta, o Memorial Cairbar Schutel. Watson Campelo sempre que ia encontrar Cairbar se despedia dos seus amigos dizendo: “Bem, meus amigos, agora vou tomar um pouco de sol, vou ver o Schutel”. Venham vocês também tomar um pouco de sol. Visitem o Memorial Cairbar Schutel! Fica aqui o nosso convite!