Música e Espiritismo
Certamente a maioria de nós já teve a oportunidade de
apreciar cantores/cantoras/coros/músicos se apresentando
nas varandas/sacadas de residências, desde o início do
confinamento recomendado pelas autoridades sanitárias.
Aparentemente, o “marco zero” ocorreu em um conjunto
residencial em Salerno, cidade italiana próxima de
Nápoles.
No Brasil, os exemplos foram numerosos e, para “reduzir
a amostragem”, citaremos o caso de João Filho (49 anos)
que passou a tocar músicas com seu saxofone, todo dia às
18h, no bairro onde mora na cidade de Águas Claras/DF.
Inicialmente sem entender o que estava acontecendo, os
vizinhos começaram a cumprir, elevados, este compromisso
musical, diariamente, nas sacadas de seus prédios.
Segundo o site sonoticiaboa.com.br, a relação de João
com o saxofone começou depois de uma depressão, entre
2006 e 2008, quando ainda trabalhava como bombeiro
militar em Brasília. “Além dos remédios, o psiquiatra
sugeriu que eu fizesse música para ajudar no tratamento,
foi quando comecei as aulas de saxofone”, contou ele na
matéria. A ideia fez bem para ele e também para outras
pessoas: há 10 anos, João usa a música para aliviar a
tensão de pacientes e profissionais da saúde. Ele toca
em hospitais do Distrito Federal.
Será que a Doutrina Espírita pode, também nesse tema,
nos ajudar? Sem dúvida! E temos, ainda, mais uma chance
de agradecer ao Codificador pela abrangência de suas
perguntas aos Espíritos. Vejamos a 251 de O Livro dos
Espíritos [1]: “São sensíveis à música os Espíritos?”
Na resposta, Kardec recebeu dois outros
questionamentos. “Aludes à música terrena? Que é ela
comparada à música celeste?”
Fica claro, no prosseguimento da resposta, que o
Espírito fez questão de ressaltar a qualidade da música
celeste (“refiro-me à música celeste, que é tudo o
que de mais belo e delicado pode a imaginação espiritual
conceber”), sem deixar de reconhecer a importância
da melodia para nós, encarnados. (“Espíritos vulgares
podem experimentar certo prazer em ouvir a vossa música,
por lhes não ser dado ainda compreenderem outra mais
sublime.”)
E concluiu: “a música possui infinitos encantos para
os Espíritos, por terem eles muito desenvolvidas as
qualidades sensitivas”.
Ratificando a clareza desta resposta (como se fosse
necessário...), podemos ainda trazer a contribuição do
célebre compositor italiano Rossini, no tópico A
música espírita (duas comunicações recebidas por
médiuns diferentes na Sociedade Espírita de Paris) do
livro Obras Póstumas [2]: “O grande maestro Rossini,
o criador de tantas obras-primas segundo os homens, nada
mais fez, ah! do que debulhar algumas das pérolas menos
perfeitas do escrínio musical criado pelo Mestre dos
mestres. Rossini reuniu notas, compôs melodias, bebeu da
taça que contém todas as harmonias, roubou algumas
centelhas ao fogo sagrado, mas esse fogo sagrado nem
ele, nem outros o criaram! Nada inventamos: copiamos do
grande livro da Natureza e a multidão aplaude, quando
não apresentamos por demais deformada a partitura”.
E o Espírito conclui, respondendo à questão que
propusemos: “Oh! sim, o Espiritismo terá influência
sobre a música! Como poderia não ser assim? Seu advento
transformará a arte, depurando-a. Sua origem é divina,
sua força o levará a toda parte onde haja homens para
amar, para elevar-se e para compreender. Ele se tornará
o ideal e o objetivo dos artistas. Pintores, escultores,
compositores, poetas irão buscar nele suas inspirações e
ele lhas fornecerá, porque é rico, é inesgotável”.
Por ora, amigos, temos a melodia que nos deslumbra. É o
que pode ser por agora...
Enquanto ainda não vivenciamos a harmonia celeste, já
podemos nos inebriar com o amor emanado das ações
musicais relatadas no início deste texto.
Faz parte do trabalho na messe do Senhor.
Referências:
[1] Kardec, Allan. O Livro dos
Espíritos - Ed. FEB.
[2] Kardec, Allan. Obras Póstumas -
Ed. FEB.