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por Ricardo Orestes Forni

 

Queremos ser curados?

 
No Evangelho de João, diante do paralítico do tanque de Betesda, Jesus pergunta àquele homem, que vivia em condições precárias devido à sua enfermidade, se ele desejaria ser curado.

Pergunta à primeira vista, perante os mais desavisados, estranha. Era óbvio que aquele sofredor desejava a cura. Mas ele, o enfermo, tinha a certeza disso?

Algumas vezes, quando o doente retorna ao médico para saber os resultados dos exames solicitados para investigar um conjunto de sinais e sintomas apresentados, o paciente se frustra com os resultados negativos desses mesmos exames. É uma reação estranha, paradoxal, mas fica-se com a impressão de que a pessoa se decepciona diante dos resultados que nada revelam quando deveria alegrar-se!

Se parece ser óbvia a pergunta de Jesus ao homem paralítico, ela nada tem de desnecessária, muito pelo contrário, ela é de extrema importância.

Para entendermos isso, recordemos o ensinamento do doutor Bezerra de Menezes que o doutor José Carlos de Lucca nos apresenta no capítulo intitulado O poder da vontade, em seu livro O Médico Jesus, Editora Interlítera: Não olvideis que, basicamente, toda cura depende da movimentação da vontade do próprio enfermo, sem cujo concurso determinante ela não ocorrerá.

Agora fica fácil de entender a indagação de Jesus. Ele estava criando uma sintonia para que o paralítico se tornasse uma espécie de ímã poderoso a atrair a energia que partiria do coração amoroso do Mestre. Jesus estava ali para doar, mas o doente queria realmente receber, movimentar a sua vontade em favor de si mesmo?

Na passagem da mulher hemorroíssa não foi preciso criar essa sintonia porque a sofredora já a possuía com a mais convicta certeza, permitindo que Jesus sentisse a energia emanar Dele em direção a ela.

Vamos observar o que o doutor José Carlos de Lucca nos ensina no mesmo capítulo e livro mencionado anteriormente: Antes de curar, o Médico Jesus costumava perguntar aos enfermos: “Queres ficar curado?”. Com semelhante indagação, o Divino Médico queria saber se poderia contar com a vontade firme do paciente, pois sem ela Jesus não realizaria algo contra o desejo daquele que, de uma forma ou de outra, ainda não se decidira pela libertação de suas dores.

Recordemos aqueles pacientes que se decepcionam diante dos exames que nada revelam, dando a impressão que preferiam a doença!

Podemos dizer que essa mesma sintonia, essa mesma vontade firme do paciente é necessária quando se busca o socorro do passe. Muitas vezes a pessoa não sintoniza com o plano espiritual superior, ficando com a sua mente voltada para os problemas que ficaram na parte de fora do Centro espírita onde é socorrida. Os Espíritos amigos ali estão para nos fornecer a ajuda do plano espiritual, mas não estabelecemos a ponte necessária para que o socorro chegue até nós. Permanecemos sintonizados com os problemas do mundo ao invés de elevarmo-nos em direção às esferas onde o socorro está à nossa espera.

Como Jesus prometeu permanecer conosco até o fim dos tempos, a pergunta “Queres ficar curado?” reverbera nas dobras do tempo ao lado do nosso “poço de imperfeições de Betesda” onde quer que estejamos, dentro ou fora de um corpo físico.

Sim! Também fora de um corpo material na dimensão dos Espíritos porque a cura definitiva somente será alcançada quando o ser espiritual estiver em plena harmonia com as Leis de Amor do Universo!

Aliás, essa era a cura proposta por Jesus e não aquela que se confunde até hoje com a restauração de um corpo físico que caminha inexoravelmente para a morte, mais dia, menos dia.

E então? Queres ficar curado?

O Médico Jesus está e estará sempre ao seu lado proporcionando as medicações que cada um tem necessidade para a saúde plena de um Espírito necessitado de regeneração perante si mesmo em busca do maior de todos os mandamentos: amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo!



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita