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por Orson Peter Carrara

 

Eles não sabem


Sim, realmente eles não sabem. E muita gente, inclusive médiuns e dirigentes despreparados, sem conhecimento, também se enquadram nessa situação de não saber. O fato de um Espírito estar desencarnado não significa, em absoluto, que ele tenha conhecimento de tudo. Muitos Espíritos ignoram inclusive que já partiram desta vida material. Portanto, as comunicações vindas do plano espiritual via médiuns devem passar pelo crivo da razão e do bom senso antes de serem aceitas como verdade ou para serem divulgadas.

Isso também porque os médiuns igualmente podem estar iludidos e também fraudar. O Espírito pode estar equivocado, o médium pode se enganar ou enganar propositalmente para impressionar, e ambos podem criar uma situação constrangedora dentro de uma falsidade construída.

Espírito não sabe tudo, não tem informação à queima-roupa. E Espírito evoluído não fica respondendo perguntas fúteis. Perguntas frívolas são respondidas por Espíritos frívolos e nem um pouco comprometidos com o bem das pessoas. E na mesma situação se encontram muitos médiuns, interessados em fraudar para impressionar ou conquistar autopromoção. E, infelizmente, isso também acontece com presidentes ou dirigentes de supostos centros espíritas que se colocam na condição de resolver todos os casos, num pedestal de vaidade e falsa humildade, colocando-se como pretensos orientadores, esquecidos de que todos precisamos sim de orientação, que pode ser conquistada no estudo continuado e perseverante dos postulados espíritas, para não ficarmos por aí inventando à moda da casa.

Cuidado, pois, com informações vindas de médiuns. Especialmente aquelas que fazem revelações bombásticas, que fixam datas, que preveem futuro ou citam acompanhamentos sombrios ou indesejáveis, ou mesmo revelam o passado. Cuidado! Muito cuidado. Os bons e sábios Espíritos são discretos e jamais semeiam medo, censura, críticas ou se colocam como reveladores. Eles, os autênticos benfeitores, respeitam a vida e a liberdade das pessoas e jamais surgem como amedrontadores ou ameaçadores nas situações do cotidiano, jamais semeiam dúvidas. Não fazem prognósticos nem ficam atendendo desejos de curiosidades, não ordenam diretrizes, mas sim respeitam nossa liberdade de ação.

Eles se comunicam? Claro que sim, mas são sempre discretos, não se preocupam com nomes e, nas orientações que fazem, são sutis, sem alarde. Até porque as orientações estão fartas nos livros e pequenas mensagens avulsas, sempre à disposição.

Não precisamos ficar consultando Espíritos a toda hora. Eles têm mais o que fazer, e nós já sabemos quais os caminhos do equilíbrio. Basta confiarmos em Deus e agirmos no bem, até porque não existe nenhuma pessoa que esteja desamparada. Todos somos muito amparados pela bondade anônima desses amigos espirituais.

Existem, é claro, Espíritos com muito conhecimento, bondade e sabedoria, mas não ficam à nossa mercê, atendendo a toda hora nossos caprichos e indicando mediocridades ou disputando destaques. Não! Eles atuam de maneira contínua, serena, equilibrada, e trabalham muito, sempre a nosso favor. Estão sempre a nos ajudar e não precisam ficar se comunicando a todo instante para dizer que ali estão ou despertando curiosidades vazias.

Cuidado, muito cuidado pois, com comunicações espirituais. Prudência e análise com as comunicações que vierem. Previsão de datas, indicação alarmante de acontecimentos, indicação de perseguições espirituais, semeaduras de medo e pavor, pedidos esdrúxulos e solicitações que não atendam ao mínimo de bom senso e razão (já imaginou o que cabe nessa expressão?). Esqueça! Isso provém de mentes manipuladoras, inferiores, com intenções menos dignas. O que igualmente se aplica a médiuns e pretensos dirigentes, que, levianamente, se utilizam do adjetivo espírita em suas tarefas, sabe-se lá com quais objetivos.

Para saber o que seguir ou em quem confiar, analise antes se o bem é o que prevalece, ou se há outros interesses. Em havendo, esqueça! Mas, para isso, estude o Espiritismo, você estará equipado para não se deixar enganar.

Para entender bem tudo isso, busque o capítulo 20 – Influência moral do médium – de O Livro dos Médiuns, de preciosas orientações. Dentre elas, essa preciosa pérola do item 230 no mesmo capítulo: “(...) vale mais repelir dez verdades do que admitir uma só mentira”.

Somos todos aprendizes, todos com parcelas bem miúdas da verdade, necessitados de humildade e respeito uns aos outros. Inclusive médiuns e Espíritos, todos filhos de Deus no gigantesco processo de aprendizado e amadurecimento adquiridos nas experiências de vida.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita