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por Ricardo Orestes Forni

 

Os mesmos motivos


Fazendo uma pequena exposição em uma Casa espírita da cidade, fiz a seguinte pergunta: será que os motivos que levavam as pessoas a procurar por Jesus, quando Ele esteve encarnado entre nós, são diferentes das razões que nos levam a buscá-Lo através das diversas religiões cristãs que existem?

Pedi que a resposta, cada um dos presentes desse a si próprio lembrando que os Espíritos superiores sabem perfeitamente o que estamos pensando e sentindo.

Os leprosos, os cegos, os vitimados pela paralisia, os obsidiados, os surdos e mudos, enfim, pessoas atormentadas por problemas físicos ou emocionais buscavam Jesus por um motivo diferente daquele pelo qual a maioria O procura nos dias atuais? O que você acha?

Talvez você tenha ouvido alguém dizer assim: “Eu me aproximei do Espiritismo porque tenho um enorme desejo de ajudar aos necessitados!”

Já ouviu essa justificativa? Eu nunca ouvi.

Quem sabe você tenha ouvido essa outra: “Eu sou católico porque quero colocar em prática todos os ensinamentos maravilhosos dessa religião para me tornar uma pessoa mais digna de Deus”!

Já presenciou esse tipo de manifestação? Eu nunca tive essa felicidade.

Quem sabe você tenha ouvido o seguinte: “Pretendo por meio da religião evangélica transformar este mundo para melhor!”

Teve a felicidade de escutar tal colocação? Eu nunca tive.

Então, qual seria o real motivo pelo qual buscamos Jesus através das diversas religiões, transcorridos mais de dois mil anos de cristianismo?

Aprendamos com Emmanuel no capítulo 49 do livro Vinha de Luzonde ele diz o seguinte: O Cristianismo é campo imenso de vida espiritual, a que o trabalhador é chamado para a sublime renovação. O sedento encontra nele as fontes da “água viva”; o faminto, os celeiros do “eterno pão”. Os cegos de entendimento nele recebem a visão do caminho; os leprosos da alma, o alívio e a cura. Ninguém se engane, pois, na oficina generosa e ativa da fé. No serviço cristão, lembre-se cada aprendiz de que não foi chamado a repousar, mas à peleja árdua, em que a demonstração do esforço individual é imperativo divino.

Vamos trocar em miúdos. Quando Jesus curava alguma pessoa, os problemas dessa pessoa estavam resolvidos para sempre? Evidentemente que não. Prova disso é que Ele afirmava categórico: Vá e não peque mais para que não te suceda o pior. Ou seja, um problema estava resolvido, mas outros poderiam surgir caso o envolvido não modificasse o seu modo de ser.

Como na imensa maioria daqueles que professam uma religião, o motivo de ainda procurarmos por Jesus é para pedir alguma coisa, solicitar um socorro para algum problema do momento presente, não tenhamos a ilusão de que, atendidos na urgência de nossas vidas, tudo estará resolvido para sempre. A mesma advertência – Vá e não peque mais – continua a vigorar de acordo com as Leis que regem o Universo.

Quantas pessoas não são socorridas em momento de aflição no Centro espírita e depois desaparecem como se nunca mais fossem precisar de um novo socorro. Que nunca mais retornem ao Centro não é o problema. Mas que não abandonem a necessidade de continuar modificando suas imperfeições para que as dificuldades não continuem a repontar pelo caminho evolutivo da pessoa, essa é a grande advertência que não deve ser esquecida!

E por que será que isso acontece? Porque o mundo está repleto de propostas sedutoras para todos aqueles que ainda estão bem no início da jornada do reino animal para o reino hominal.

Continua ensinando Emmanuel no capítulo 50 do mesmo livro mencionado: Perderam o rumo para o Cristo, seduzidos por espetáculos fugazes, nas numerosas estações da jornada espiritual, e, por esquecerem o alvo sublime, chega de modo inevitável o instante em que, cessados os motivos da transitória fascinação, se sentem angustiados, como viajores sedentos nos áridos desertos da vida humana.

Terminamos com Emmanuel retornando ao capítulo 49: Não se equivoquem, pois, os que buscam o Mestre dos mestres... Receberão, certamente, a esperada iluminação, o consolo edificante e o ensinamento eficaz, mas penetrarão a linha de batalha, em que lhes constitui obrigação o combate permanente pela vitória do amor e da verdade, na Terra, através de ásperos testemunhos, porque todos nós, encarnados e desencarnados, oscilantes ainda entre a animalidade e a espiritualidade, entre o vale do homem e a culminância do Cristo, estamos constrangidos a batalhar até o definitivo triunfo sobre nós mesmos pela posse da Vida Imortal.

Como os motivos pelos quais buscamos Jesus nos dias atuais são os mesmos de há dois mil anos, não devemos esquecer da célebre advertência Dele que é totalmente válida a todos os interessados: ir e não pecar mais para que não nos suceda o pior.

 


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita