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por Maria De la Concepción Aren Parada

 

Eles também são importantes


“Pois eu me sinto devedor a gregos e a bárbaros, a sábios e ignorantes
.” - Paulo (Romanos, 1:14)


O apóstolo Paulo frisou claramente a sua condição de legítimo devedor de todos e essa condição é a de qualquer ser da comunidade humana. Cada um de nós deve incalculáveis tributos àqueles com quem convivemos. A dívida é imposta em compromisso, e compromisso significa resgate natural ou compulsório. Todos nós somos devedores uns dos outros, fazendo parte de um todo onde temos as mesmas chances, os mesmos direitos. Precisamos, assim, nos unir, amando sem esforço o nosso semelhante, procurando vê-lo como irmão.

Quando acreditamos na força do bem e somos fiéis aos ensinamentos do evangelho de Jesus, entendemos o verdadeiro significado de sermos solidários uns para com os outros, respeitando a dignidade individual, confortando os companheiros de tarefas, colaborando com amor para uma vida melhor, mais verdadeira, de modo espontâneo com quem nem mesmo nos conhece. Importante lembrar que, ao não espalharmos os conhecimentos espirituais, estamos escondendo egoisticamente a luz que beneficiará a muitos.

Médiuns que se afastam do trabalho, apagam a luz que em si trazem para clarearem o caminho dos irmãos menos evoluídos, pois, quando a solidariedade se estende a todos e se torna um hábito, deixamos de fazer julgamentos precipitados, ampliando a nossa capacidade de amar. Segundo George Bernard Shaw, o pior pecado que cometemos com nossos semelhantes, não é odiá-los, mas sermos indiferentes com eles. Essa é a essência da desumanidade. O maior presente que podemos oferecer ao mundo é a total atenção à existência das criaturas. Vivemos hoje uma espécie de cegueira; criamos uma sociedade que não enxerga os “invisíveis”, que deixam de ser notados como se fossem transparentes.

Cada instante de nossa existência nos faculta lições de aprendizado indispensáveis ao desenvolvimento da nossa mediunidade. Considerando nossas características ainda imperfeitas e nos situando na condição de seres espirituais necessitados de profunda reparação de nossos equívocos, a luz que podemos fazer brilhar hoje é aquela que caracteriza a nossa sinceridade de propósitos, posicionando-nos como aprendizes do Mestre e da vida.

Lembremos que mediunidade bem praticada ainda se assemelha ao caminho do Gólgota. É a esse respeito que o generoso benfeitor Emmanuel se expressa: “A missão mediúnica se tem aos percalços e suas lutas dolorosas são uma das mais belas oportunidades de progresso e de redenção concedidas por Deus a seus filhos. Sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é um atributo do espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador de posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência sempre que se encontre ligada a princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo”.

Bondade e conhecimento, pão e luz, amparo e iluminação são arcos divinos que integram os círculos perfeitos da caridade. Não só receber e dar, mas, ensinar, aprender e amar: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”, asseverou o Mestre. (Mateus, 22:34.)

Ainda somos frágeis em relação ao amor fraternal. Nossa compreensão ainda não chegou ao ponto de aceitar que o amor é essência divina, é amigo indulgente que une toda a humanidade e jamais perece, porque está alicerçado na crença da vida futura, na fé e na certeza de que as pedras estão nos caminhos e a nós basta juntá-las para construir a grande casa do Pai.

O Espírito André Luiz, no livro Ideal Espírita, página 127, esclarece: “O amor puro é uma síntese de todas as harmonias conhecidas. A fraternidade é o pacto de amor Universal entre todas as criaturas perante o Criador. Nossa alegria somente viceja em conjunto com a alegria de muitos. De que vale a alguém o título de herói numa tragédia? Onde o benefício de uma santidade que terá brilhado no deserto sem ser útil a ninguém?”.

Estamos em abençoada missão na Terra e devemos nos dedicar aos encargos que a vida nos oferece através das mãos benevolentes de Jesus, para desempenhar o trabalho que nos compete com generosidade e contentamento. Se desejarmos nos tornar efetivamente úteis, coloquemo-nos à disposição de qualquer atividade, edificando e, dessa forma, teremos as ferramentas necessárias para concretizar nossos propósitos, doando o que possuirmos de melhor, a fim de que a nossa existência seja oportunidade abençoada, cumprindo com fidelidade a missão que o Pai de amor nos oferta.

Possamos, assim, assumir nossos compromissos, aperfeiçoando os próprios recursos, não esquecendo que o melhor médium para o mundo espiritual, em qualquer tempo e circunstância, será sempre aquele que estiver resolvido a burilar-se, decidido a instruir-se, disposto a esquecer-se e pronto a servir.

 

Bibliografia:

RODRIGUES, H. Tozzi Sonia – Sob a Luz do Evangelho - ditado pelo Espírito Luiz Ricardo – 1ª edição – São Paulo/SP/ Editora Panorama – 2002.

RIGONATTI, Eliseu – O Evangelho dos Humildes – 18ª edição – São Paulo/SP/ Editora Pensamento - 2013.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita