Brasil
por Paulo Salerno

Ano 12 - N° 586 - 23 de Setembro de 2018

Divaldo Franco: “A alegria de viver deve ser a tônica de todos os dias”


Um público numeroso se fez presente nas cidades de Cascavel e Medianeira, ambas no Paraná, para ouvir o conhecido médium e orador

 

Cumprindo seus compromissos doutrinários, Divaldo Pereira Franco, acompanhado de Juan Danilo Rodríguez Mantilla, médium espírita equatoriano atualmente radicado no Brasil, estiveram levando a palavra consoladora de Jesus e os ensinamentos do Espiritismo a Cascavel e Medianeira, no Oeste do Paraná, nos dias 11 e 12 de setembro, respectivamente.

Em Cascavel, o Semeador de Estrelas, Divaldo Pereira Franco, ao chegar ao Centro de Convenções e Eventos de Cascavel Pedro Luiz Boaretto, acompanhado por Juan Danilo Rodríguez e Laudelino Risso, dirigente espírita, concedeu entrevista para a TV Cultura e para a CGN, o portal de notícias em vídeo, destacando a solidão que vem acompanhando os indivíduos, a falta de valores éticos-morais e os ensinamentos apresentados por Jesus. Disse ele sentir-se lisonjeado e jubiloso de poder falar sobre o Espiritismo e Jesus, principalmente em Cascavel, cidade que visita há 50 anos.

A Mansão do Caminho e suas inúmeras atividades foi outro ponto abordado, destacando que já psicografou 282 livros, dizendo que o livro é o amigo silencioso com poder de iluminar aos que o buscam. Asseverou que a alegria de viver deve ser a tônica de todos os dias, entusiasmando-se ao fazer o bem indistintamente.

A conferência em Cascavel

Divaldo, o Trator de Deus, expressão utilizada por Chico Xavier, destacou os movimentos sociais protagonizados pelos indivíduos de suas respectivas épocas, notadamente a partir do século XVII, com o advento da separação entre ciência e religião, o homem buscou encontrar soluções. Lord Bacon asseverava que uma filosofia superficial leva a mente humana ao materialismo, mas uma filosofia profunda conduz a mente humana à verdadeira religião.

De período em período, e vivendo as crises específicas para cada quadra da evolução social, o homem foi aprimorando o conhecimento, ampliando a tecnologia e, porque fixado no materialismo, foi-se distanciando de Deus, embrutecendo-se. Várias linhas filosóficas foram apresentadas, buscando equacionar o sentido da vida e suas intercorrências. “O homem deve viver de tal forma que possa sentir que viver vale a pena, que é compensador”, destacou o inspirado conferencista.

A ciência, então empírica, deu oportunidade ao aperfeiçoamento do conhecimento e o desenvolvimento da inteligência, sempre buscando o ideal. Ainda sobre o século XIX, Divaldo destacou dois fatos marcantes e suas conexões: o primeiro, o lançamento, em 21 de fevereiro de 1848, do Manifesto Comunista, de Karl Marx, marcando o aparecimento da doutrina marxista na Terra; em segundo, o surgimento da Doutrina Espírita com a apresentação de O Livro dos Espíritos, por Allan Kardec, destacando a imortalidade, Deus, a sobrevivência do Espírito e a comunicabilidade entre os dois planos da vida, a pluralidade dos mundos habitados e das existências, o ser espiritual e o Evangelho de Jesus.

Referindo-se ao fato de que tudo é, essencialmente, energia e que vivemos num mundo de pensamentos, ondas, raios e vibrações, Divaldo referiu-se à carta de Albert Einstein à sua filha, na qual o eminente físico alemão descreveu sobre o amor como sendo a maior e mais poderosa força do Universo, superando o eletromagnetismo, a gravidade e as forças quânticas forte e fraca, constituindo-se, portanto, na 5ª força do Universo. Sobre Deus, Einstein dizia não crer Nele, mas saber Dele.

O homem e seus instintos, as grandes atrocidades, o falso socialismo, a degradação da família, os valores éticos e morais degradados, a depravação, a corrupção, a falta de respeito de uns pelos outros, o terrorismo, as relações conflituosas entre as criaturas humanas, tais como as desenvolvidas entre homens e mulheres, pais e filhos, alunos e professores têm levado os indivíduos a experimentarem muitas dores, pois que vem privilegiando o individualismo, o sexismo e o consumismo, aprofundando a decadência moral através de condutas materialistas.

As crises, sempre cíclicas, objetivam retirar os indivíduos de um patamar evolutivo para outro mais alto. Assim, é necessário experimentar as crises como oportunidades de crescimento efetivo. A filosofia profunda que aproxima o homem de Deus é a Doutrina Espírita. Jesus e todos os seus ensinamentos, mas principalmente as Bem-Aventuranças conduzem as criaturas humanas para Deus, libertando-as do materialismo. Jesus mudou os destinos da humanidade ao apresentar a Lei de Amor, tão simples, que basta fazer aos outros tudo o que desejar para si.

O homem, sempre amparado pela divindade, recebe periodicamente os emissários do bem e que apresentam propostas libertadoras, como por exemplo, Francisco de Assis. Sendo o Espírito imortal e perfectível, é necessário reconstruir o senso ético-moral com base no amor, na vida, tanto material, quanto espiritual, atento as influências espirituais, boas ou más. Vale a pena viver, asseverou o ínclito e incansável orador, superando as crises com a utilização da ciência da imortalidade da alma.

O amor convida à plenitude. A Terra está repleta de amor, de ternura, apesar de alguns recalcitrantes. Cada indivíduo deve amar sem sentir medo de amar. Sede vós os que amam, se alguém não vos ama, o problema é dele, o amor é bom para quem ama, assim se expressou o preclaro expositor. Saúde é um ato de amor, não é a ausência de doença, conforme assertiva da Organização Mundial de saúde. Saúde é o bem-estar fisiológico, uma harmonia psicológica, o equilíbrio financeiro e uma tranquilidade espiritual. Tudo isso decorre do amor. É necessário instalar na Terra o primado do amor. O importante é não ser inimigo de ninguém.

A nova era já se revela entre os homens, os novos seres que estão reencarnando apresentam dons especiais em várias artes e em inúmeras áreas da ciência. Jesus convida os homens para a vida nova, de paz, de alegria de viver e de bênçãos. O amor deve ser exercido em plenitude, contemplando todos os seus matizes. Amor de homem e de mulher, de pais e de filhos, etc., guardando no coração a gratidão pela vida.

Ao encerrar, após a declamação do Poema da Gratidão, Divaldo Franco foi efusivamente aplaudido de pé pelo enorme público composto por quase cinco mil pessoas, que tocadas pelas palavras amorosas e libertadoras, absorveram os bálsamos do amor que liberta. O amor é a solução.

A conferência em Medianeira

O LAR Centro de Eventos de Medianeira, uma instituição da Cooperativa Agroindustrial, recebeu um público de aproximadamente duas mil pessoas para assistir o renomado conferencista e médium espírita Divaldo Franco.

O orador por excelência conduziu os seus audientes para a identificação da felicidade e de como se pode fruí-la. Percorrendo o pensamento filosófico, e apresentando diversos pensamentos sobre a felicidade, Divaldo destacou inúmeros conceitos emitidos por diversos pensadores e filósofos, desde os mais antigos em nossa História. Então, o pensamento filosófico incompleto a respeito da felicidade ganhou maior e expressiva direção a partir do pensamento socrático com o velho axioma do conhecer-se a si mesmo.

O Poeta brasileiro Vicente de Carvalho, analisando a problemática da felicidade humana, afirmava que “a felicidade é um pomo que pomos onde não estamos, e sempre estamos onde não a pomos.” O conceito de felicidade é ainda alicerçado nos objetivos imediatos da vida sensorial. A criatura humana não é somente o conjunto das células que constituem o organismo físico. Na transcendência do ser, a felicidade é o estado de plenitude, em que os valores éticos têm preferência às sensações imediatas.

A Humanidade passou a conhecer, e, até certo ponto, dominar os aspectos do micro e do macrocosmo, porém, ainda não conseguiu olhar para dentro de si e percorrer o caminho do autoconhecimento, libertando-se da ansiedade. Jesus, o Homem Incomparável, derramou as suas luzes sobre a sociedade humana, informando que a solução para todos e quaisquer problemas é o amor.

Amar é a solução, e o sentido da vida é abandonar o instinto e adotar o amor. Mais do que nunca é necessário que o homem volte-se para dentro de si mesmo e descubra o sentido para a sua vida. As criaturas humanas estão na Terra para se amarem, amarem-se umas as outras, e a Deus. Quando desenvolver o autoamor, o homem encontrará o sentido para a vida, encontrando, também, a beleza. Através do amor o indivíduo se realiza, e o perdão, então, o libertará, exercitando a caridade, alcançando a plenitude.

Ilustrando a sua excelente abordagem, Divaldo narrou duas comoventes histórias, em que o perdão e o amor incondicional libertaram aqueles personagens que, possuindo fé e desejo de alcançar a felicidade, passaram a se amar, amando ao próximo, mesmo sendo este um inimigo, colocando em prática a incorruptível lição de Jesus, o Mensageiro de Deus.

A primeira, contida na obra “Perdão Radical”, de Brian Zahnd, narra episódio ocorrido durante o genocídio do povo armênio, provocado pelos turcos otomanos, na guerra ocorrida entre 1915 e 1917, entre a Armênia e a Turquia, dizimando cerca de um milhão e quinhentos mil seres humanos. Esse genocídio ocorreu em paralelo a I Guerra Mundial. É a demonstração da poderosa força de transformação da mensagem de Jesus, quando bem compreendida e vivenciada, despertando o verdadeiro amor na criatura humana. Esse amor levou aquela jovem armênia a perdoar radical e incondicionalmente o algoz que a havia desventurado e exterminado sua família impiedosamente.

A jovem, então com 15 anos, viu a família ser cruelmente destruída pelo exército turco: seus pais foram mortos de súbito, impiedosamente, sua irmã menor foi jogada aos soldados que a violentaram até a morte, e ela foi feita escrava sexual do comandante da tropa. Após fugir das atrocidades que lhe foram impostas, diplomou-se como enfermeira, pois declarava que havia nascido para amar e salvar vidas, e também tornou-se cristã. Assim, por volta do ano de 1927, deparou-se outra vez com o seu algoz implacável, tendo oportunidade de salvar-lhe a vida, apesar de o ter reconhecido desde o primeiro momento no hospital em que trabalhava, na capital da Turquia. O algoz, então comandante daquela força exterminadora, estava prestes a morrer, suas carnes estavam pútridas, era um farrapo humano. O enfermo foi colocado sob os cuidados da jovem enfermeira para que o assistisse na morte. Ela, porém, dedicadamente tratou-o, por cerca de seis meses, restituindo-lhe a saúde.

Por ocasião de sua alta hospitalar, e porque era um oficial de destaque, foi agradecer ao diretor do hospital. Esse lhe disse que o mérito era da enfermeira que dele havia cuidado diuturnamente, internando-se com ele, a fim de prestar-lhe um excelente serviço. Ao dirigir-se a enfermeira, o oficial notou que ela tinha um sotaque que lhe lembrava o povo armênio, onde estivera durante a guerra. Ela confirmou sua origem, declarando que o conhecia, e que ele a havia escravizado sexualmente, após dizimar sua família. O oficial, tomado de inusitada surpresa, perguntou-lhe por que não o deixara morrer. Ela, então, redarguiu-lhe que tinha aprendido a perdoar, que Jesus é o seu Mestre, que aprendeu a amar até mesmo os inimigos, e que sua profissão é dedicada a salvar vidas, jamais extingui-las.

Divaldo Franco, então, questionou os presentes quanto à capacidade de cada um de perdoar, dando um freio à violência, incitando o público à reflexão mais profunda, conforme consta na obra acima referida: - “Você seria capaz de perdoar?” Incentivou os presentes a colocarem essa história dentre de si e perguntarem-se: - Já conseguiu desenvolver o autoamor? Essa é uma resposta que requer reflexão profunda, não é uma resposta banal, refletiu. Indagou mais, o ínclito orador: - Quais são as vossas atitudes perante os pais? – Perante os mestres?

A segunda ilustração é a história de Ilse, um caso registrado pelo renomado psicanalista americano Dr. James Hollis e publicado no livro “Os Pantanais da Alma”. As narrativas de Divaldo, um dos mais consagrados oradores e médium da atualidade, possuem o dom de emocionar o público, despertando-o para o transcendente. É o drama de uma polonesa, radicada nos Estados Unidos da América após o término da II Guerra Mundial. Ilse era uma jovem cristã. No ano de 1942, enquanto fazia compras na praça central de Varsóvia e que leva o nome de seus avô, foi equivocadamente identificada como judia e levada como prisioneira para terrível campo de concentração na própria Polônia e depois para outros, como o Bergen-Belsen, na Alemanha.

Seus protestos e apresentação de documentos comprovando não ser judia não demoveram os inflexíveis soldados das Tropas SS que ali estavam para aprisionar todos os que fossem judeus. Chegando ao campo de concentração, foi empurrada para a fila de triagem de onde seria enviada, ou para a câmara de gás, ou para o barracão de prisioneiros.

À sua frente estava uma mulher frágil acompanhada de duas filhas muito pequenas. Antevendo seu destino, a morte pelo gás, tentou a enfraquecida mãe deixar com Ilse ambas as meninas para que pudessem escapar da morte terrível pela asfixia. Temendo ser envolvida naquela situação – o que fatalmente resultaria na sua morte – Ilse empurrou com força as duas meninas na direção da mãe que já se afastava, rumando para a execução. Um soldado nazista percebendo a tentativa da verdadeira mãe em salvar as filhas, com requintes de crueldade e impiedade, mandou as meninas para junto de sua mãe, destinando-as à morte, também.

Ilse jamais esqueceu o olhar daquela mulher fragilizada, física e emocionalmente, a fitá-la naquele momento. Ilse também não se esqueceria das lágrimas que vertiam daqueles olhos entristecidos, desesperados.

Lutou para não morrer, sobrevivendo a diversos campos de concentração, sempre aguardando ser selecionada para a morte. Os anos se dobraram e finalmente o campo de concentração foi liberado pelos aliados russos. Ilse estava entre os sobreviventes. Saiu dali como uma sombra fantasmagórica. Foi para um campo de refugiados e depois transferida para a Inglaterra.

Mais tarde mudou-se para Chicago, nos Estados Unidos da América, passando a viver as facilidades do conforto americano, tornando-se bibliotecária. Certo dia, em seu ambiente de trabalho, encontrou uma coleção de jornais encadernados do ano de 1942. Esse ano lhe era muito peculiar. Com as mãos trêmulas pegou o volume e, ao acaso, abriu em uma página em que havia uma fotografia. Ilse logo se identificou. Fora fotografada no exato momento em que empurrava as garotinhas de volta para a mãe. Jamais se perdoara. Recusava-se a casar. Não se considerava digna de ser mãe, nem mesmo de ser amada. Não lograra obter a paz para sua consciência. Peregrinara por diversas religiões, mas em nenhuma conseguira encontrar o que tanto almejava: o perdão de sua covardia moral que resultara na morte de mãe e filhas.

Tomada de profunda angústia e tristeza, ela escreveu ao renomado psicanalista pedindo um encontro sigiloso em que somente ela falaria por um espaço de duas horas, bem como deveria guardar segredo absoluto. Ao pedido anexou uma fotografia velha, amassada, parecendo ter sido arrancada de um jornal. Aceitas as condições, o encontro foi marcado. No dia estabelecido, Ilse compareceu ao consultório, narrou todo o seu drama, informando que na crença judaica o pecador que encontrasse vinte e quatro pessoas dignas para se confessar seria perdoada. James Hollis foi o primeiro.

Terminada a exposição, o psicanalista disse a ela que pegasse de volta com a secretária o valor da consulta, pois que ele não havia contribuído, como profissional, para a melhora da paciente. No livro em tela, o profissional se perguntava: teria Ilse encontrado os outros para que se sentisse perdoada?

O indefectível orador asseverou que todos devem perdoar indistintamente, que façam o sacrifício, perdoando-se também. O sentido da vida é amar, e esse amar é perdoar. A verdadeira felicidade consiste em dar, ditoso é aquele que doa, como procedeu Jesus. A psicologia do perdão é o momento elevado em que a criatura faz as pazes consigo mesmo, sem culpa, porém arrependido. Viver com alegria é exercitar o autoperdão, porque aquele que ama não se ofende e, portanto, por amar, não tem a necessidade de perdoar, ama, e isso basta. O amor tem o doce sentido de desvelar a beleza.

Por amor, a Humanidade recebeu Moisés, Jesus e, mais tarde, a Doutrina Espírita. Os profetas vieram para assinalar o caminho da felicidade, que nunca está fora, ou sob condições, mas na intimidade da criatura humana. A felicidade é um estado de consciência.

O Espiritismo é uma ciência que leva aquele que o pratica a sentir a vida com alegria, orando e perdoando, e a morte, então, já não interrompe a vida, transfere o indivíduo para outra dimensão. A vida é constituída de momentos de tristeza, de dores, mas, também é de alegria, de amor, de perdão. Os que se entregam à doce canção do amor e da esperança descobrem que a vida vale a pena ser vivida, amando, seja qual for a circunstância, perdoando sempre. O amor edifica e dulcifica o ser humano que, com ternura, se aproxima das demais criaturas. O Espiritismo, destacando o amor, estimula as criaturas a desenvolver a ternura e o sentimento do perdão.

Com o Poema da Gratidão, de Amélia Rodrigues, Divaldo encerrou a excelente abordagem sobre a felicidade e o perdão, recebendo, em gratidão, um caloroso e demorado sentimento exteriorizado pelos vibrantes aplausos, e os que o escutaram levaram consigo as doces energias da esperança.

 

Nota do autor:

As fotos foram feitas por Paulo Salerno, Ariel Molinas e Santiago Lezcano.


 

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita