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por Maria de La Concepción Parada

 
Em direção a Deus


O divino poder do Cristo como representante de Deus permanece latente em todos nós, pois recebemos todos os dons sagrados, ainda que muitos se mantenham afastados do campo laborioso dos valores sublimes que vibram em si mesmos.

Perdidos nas sombras, padecíamos dolorosa cegueira espiritual, quando Jesus veio até nós fazendo claridade em nosso caminho, mostrando-nos os verdadeiros valores com clareza e segurança. O amor e o sacrifício no trabalho do bem aos semelhantes foram, assim, a senha do seu apostolado.

Meditemos nas nossas escolhas infelizes, apesar de muitas vezes nos desviarmos do caminho, conscientes ou não, definindo nossas responsabilidades e débitos para com a vida e com o outro, entendendo que o Divino Semeador nos estende a cada dia Suas mãos salvadoras e nos abre o sublime campo de atividade renovadora. “Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna e que o Filho do Homem nos dará”, afirma o evangelista João, no capítulo 6, versículo 24.

Quando o nosso corpo sente fome, comemos e ela desaparece, mas quando a nossa alma sente fome, nos sentimos angustiados, vazios. Comemos, mas a nossa fome nunca passa. Alimentamos o corpo, mas a nossa alma definha, porque a alma se alimenta de luz espiritual, e essa luz só será sentida se valorizarmos a nossa conduta no bem, mergulhando no esclarecimento pelo estudo, pelo crescimento mental, pelo trabalho de iluminação e entendendo as necessidades do Espírito imperecível.

Imitemos o Mestre diante dos companheiros temporariamente privados de luz. O cego não é invalido nem inútil. É nosso irmão, aguardando auxílio, a fim de habilitar-se para o mais amplo serviço ao Senhor, à humanidade e a si próprio. Sejam, pois, as nossas palavras um canto de amor que ampara e acalma, que segue a estrada da caridade, enriquecendo-lhes os conceitos e modificando atitudes por intermédio do respeito, do afeto e da compreensão mútua, porquanto a luz está em toda parte.

Jesus diz claramente em João, capítulo 8, versículo 12: “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”. E confirma ainda no capítulo 5, versículo 15: “De tal modo brilhe a vossa luz diante dos homens, que eles vejam vossas boas obras e glorifiquem Vosso Pai que está nos céus”.          

O Prof. Carlos Torres Pastorino, em sua obra Sabedoria do Evangelho, volume 2, página 97, sintetiza em breves palavras o significado da luz: “Para chegar a ser luz só há um meio, mergulhar na luz cósmica do Cristo”, porque cada criatura humana que se unifica ao Cristo é a luz do mundo que ilumina por si mesma, refletindo essa luz que nela habita – a luz do Cristo – e que consegue expandir-se através do cristal purificado de uma personalidade que se anulou para que apenas o Cristo vivesse nela. Canais limpos de todo o apego sem qualquer mancha, tornar-nos-emos transparentes, sim, e só encontrarão o Cristo eterno, falando por nossa boca, agindo por nossas mãos e iluminando a todos com o nosso amor, que é o amor D´Ele, a expandir-se por nosso intermédio.

Por isso tudo, devemos descobrir como funciona a alquimia da alma, dos sentimentos e do pensamento, para o desenvolvimento do profundo desejo do querer, que é uma energia poderosa, tão poderosa, que eclode da força divina, no núcleo de cada ser, incentivando-o à vontade de chegar até a perfeição.  E para que esse ser se desenvolva, precisamos exercitar o sentimento, o pensamento e a vontade que nos fortalecerá, nos transformando, unindo o amor à instrução, desenvolvendo valores espirituais, resgatando débitos e caminhando em direção a um futuro em que o amor, a humildade e a mansidão serão virtudes a orientar cada um dos nossos passos em direção à harmonia com Deus.

Cristo convida a todos a buscar o valor maior como criaturas de Deus, como agentes transformadores e cocriadores, que ainda não conhecem suas potencialidades, mas que, quando se decidirem firmemente a executar esse luminoso trabalho, passarão a ser mais uma vibração unida a tantas outras no apoio ao seu caminhar e ao caminhar de seus irmãos, que palmilham em conjunto a estrada da evolução.

Imperioso reconhecer a condição de cegos e aplicar os remédios indicados nos mandamentos divinos.  Para alcançar esse conhecimento, apesar da zombaria de quantos nos rodeiam em posição de ignorância, somos compelidos a marchar por nós mesmos, sozinhos, quase sempre. É nosso dever mobilizar todos os recursos em silêncio, sem reclamações e censuras que somente denunciam inferioridade. Então, estaremos prontos para alçar voo divino, usando para isso a disciplina e o trabalho incessante pela paz.

Que o Senhor, portanto, nos permita enxergar todos os fenômenos, pessoas e coisas com amor e justiça. Assim é cada passo da jornada evolutiva. A decisão de ser, de fazer, de dar o primeiro passo é nossa, pois sem Ele não existirá a alegria da conclusão.

 

Bibliografia:

XAVIER, F. C. – Seara dos Médiuns, ditado pelo Espírito Emmanuel – 8ª edição, FEB, Brasília/DF – “Fome e Ignorância”.

FRANCO, Divaldo Pereira – Luz da Esperança, ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis – 4ª edição, Editora Associação Espírita F. V. Lorenz – Rio de Janeiro/RJ – 2012.

EMMANUEL (Espírito) – O Evangelho por Emmanuel – comentários ao Evangelho segundo João – 1ª edição, - FEB – Brasília/DF – 2015.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita