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por Arnaldo Divo Rodrigues Camargo

 

Eles não desistiram. Eles voltaram...


“Nossa maior glória não está em jamais cair, mas em levantar a cada queda. A honra não consiste em não cair nunca, mas levantar cada vez que se cai.” 
Confúcio


Estava eu proferindo uma palestra na clínica CROAD em Cosmópolis, para 65 pacientes, falando sobre recuperação e espiritualidade, quando aproveitei para comentar personagens de várias culturas como a China, Índia, Japão, Israel, lembrando de Lao-Tsé, Confúcio, Buda e Jesus, citando a semelhança de conceitos elevados e espirituais que transmitiram.

Chegou então o slide do pensamento acima, de Confúcio, que me lembrou de que, durante os seis anos e meio em que mantivemos a Comunidade Nova Consciência em Capivari, seis pacientes que abortaram o tratamento (não ficaram internados, pois achavam que poderiam ficar sem uso na rua, por conta própria) recaíram e cometeram suicídio.

Desagradável recordar e citar os fatos, mas eles estão registrados em nossa alma. Entre os que sucumbiram, um jovem bonito, com menos de trinta anos, que falava outros idiomas, com trabalho garantido na aviação, e um mais velho, com mais de quarenta e menos de cinquenta anos, com emprego garantido na universidade, por concurso, de eletricista. Oro por eles e por suas famílias, pedindo misericórdia ao Supremo Senhor.

Sabemos que a morte não existe. A vida é imperecível, morre apenas a vestimenta mais grosseira, o corpo físico. E suicídio não é morte, é apenas uma passagem mais cedo para a vida espiritual. Todos têm livre-arbítrio, e este determina as consequências de nossos atos. Há também os atenuantes, como era, nesses casos, a doença da adicção.

O mentor de Chico Xavier disse a ele que a “Terra é o palácio da justiça”, e que, segundo o tipo de suicídio, direto ou indireto, surgem em reencarnações futuras “as distonias orgânicas derivadas, que correspondem a diversas calamidades congênitas, inclusive a mutilação e o câncer, a surdez e a mudez, a cegueira e a loucura, a representarem terapêutica providencial na cura da alma”. (1)

Consultados os pacientes que participavam daquela palestra, destaco dois deles: um dizendo que essa era sua décima segunda internação, e um mais velho, revelando que era a vigésima quinta. Parabenizei a ambos, porque eles tiveram a coragem de enfrentar o tratamento e tentar mudar seu comportamento.

Parabenizei porque tiveram a coragem de enfrentar o preconceito e as críticas de amigos e familiares que chegaram a dizer que “não tem mais jeito”...

Mas têm.

Um dia de cada vez, estão se levantando para uma nova vida e uma nova experiência – sem álcool e sem drogas.


(1)  Emmanuel (Chico Xavier) – Religião dos espíritos – FEB

 

Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é bacharel em direito com especialização em dependência química pela USP/SP/GREA


 

 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita