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por Ricardo Baesso de Oliveira

 

Nosso melhor momento


André Luiz assevera, no livro Coragem: você está agora em seu melhor tempo – o tempo de hoje. O recado do autor é enviado diretamente a cada um de seus leitores, ou seja, a cada um de nós. Estamos em nosso melhor momento!  Acreditamos, com André Luiz, que nunca tivemos uma encarnação como esta, tão rica de possibilidades! Provavelmente, em nossa longa história pessoal, nunca tivemos acesso a informações tão precisas a respeito da vida e de nós mesmos. Possivelmente, nunca nos foram oferecidas tantas companhias sinceras e bem-intencionadas, exemplos de integridade e altruísmo. Quantas pessoas boas e amorosas ao nosso lado! Quantas relações ricas em sentimentos nobres! Quantas oportunidades de crescimento afetivo!

O pensamento do autor espiritual nos remete também às óbvias mudanças psicossociais decorrentes do movimento humanista. Nenhuma cultura na história jamais deu tanta importância aos sentimentos, desejos e experiências humanas.

A visão humanística da vida como uma sequência de experiências tornou-se o mito que fundamenta todas as atividades humanas. Não nos vendem passagens aéreas ou jantares elegantes – eles nos vendem experiências prazerosas ou inovadoras.

Enquanto as narrativas antigas se concentravam nos eventos e ações exteriores, hoje, os romances, filmes e poemas giram em torno de sentimentos. Os heróis nunca passavam por um processo significativo de mudança interior. Eram guerreiros destemidos e mantinham-se assim até o fim, sem alterar sua visão de mundo.  Eles pouco aprendiam com os bandidos que matavam, ou com as donzelas que salvavam. O foco humanista em sentimentos e experiências transformou a arte e as expectativas humanas. Pouco nos importam cavaleiros corajosos e sua bravura. Queremos saber dos sentimentos das pessoas comuns, suas emoções e seus sonhos, suas carências e sua necessidade de realização pessoal. Esse meio de cultura favorece, de forma particular, o desenvolvimento das potências do Espírito.

Acrescenta-se a isso a especialíssima encarnação que vivemos. Uma longa preparação precedeu o nosso retorno à Terra: estudos continuados, treinamento de habilidades e assunção de compromissos no bem. Equipes de técnicos na dinâmica reencarnatória disponibilizaram-nos os seus melhores recursos. Nossa chegada ao planeta foi saudada com alegria e esperança pelos avalistas da nova existência, que continuam nos assistindo da dimensão espiritual. Nunca nos faltou suporte!  No momento preciso, foram se aproximando de nós Espíritos afins, vinculados aos mesmos compromissos reencarnatórios, e as diferentes tarefas pertinentes à nossa programação foram eclodindo, nos momentos adequados, quando nos encontrávamos prontos para recebê-las.

Estamos agora devidamente aparelhados para fazer o que nos compete: aglutinar nossas melhores forças para produzir mais e melhor.

Comenta a teósofa Annie Besant, segundo o relato de Willian James (Livro: Variedades da experiência religiosa), que muitas pessoas nutrem bons sentimentos para com qualquer boa causa, mas poucas se esforçam por ajudá-la, e muito poucas arriscarão alguma coisa para apoiá-la.

- “Alguém deve fazê-lo, mas por que eu?” - é a pergunta sempre repetida por pessoas amáveis, mas acomodadas. 

- “Alguém deve fazê-lo, por que não eu?” - é o grito de algum zeloso servo do homem, que se atira, animoso, para frente a fim de enfrentar algum dever perigoso. Entre essas duas sentenças jazem séculos inteiros de evolução moral. Homens que assumem o segundo pensamento não se limitam a criticar e conhecer com o intelecto. Suas ideias os possuem e eles as impõem aos companheiros ou à sua época.

Ao tomarmos ciência de toda a dinâmica das vidas sucessivas, visualizando a nós mesmos como almas em busca do “algo mais”, não podemos dizer: Alguém deve fazê-lo, mas por que eu? Conhecimento implica responsabilidade e as informações amealhadas precisam produzir frutos. Só uma assertiva, em virtude do exposto, cabe no pensamento de quem se identifica com o sentido da reencarnação: Alguém deve fazê-lo, por que não eu?

Não há quem sobreviva sem um significado na vida. Os que não encontraram um significado na vida deram cabo dela, pelo autoextermínio. Muitos buscam esse sentido nos prazeres primários, definidos pela evolução biológica, e que visam à sobrevivência da espécie: comer, beber ou fazer sexo. Alguns vão buscá-los em gozos um pouco mais sofisticados: beleza, patrimônio, destaque e poder. Outros ainda, extrapolando tudo isso, acreditam encontrá-lo nas drogas, e verificam, não muito tardiamente, que era ilusão. Nossa proposta é outra: buscar esse sentido na construção de uma personalidade respeitosa, nobre e generosa. Sermos, enfim, tudo aquilo que podemos ser.  

 



 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita