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por Leda Maria Flaborea

  
E agora, por que te deténs?¹


“Pois aquilo que o homem semear, também ceifará.” – Paulo (Gálatas, 6:7)


Muitos de nós, beneficiários do Evangelho, permanecemos presos a obstáculos de toda sorte “na península nebulosa da queixa”, conforme assevera o benfeitor espiritual Emmanuel. Lastimamos não haver recebido nos dias de juventude e de facilidades materiais os ensinos reveladores da luz evangélica. Todavia, na madureza da existência terrena, continuamos a praticar os mesmos atos infelizes, sustentando as mesmas tendências perniciosas que impedem nosso crescimento espiritual.

Insistimos na manutenção da exterioridade de quem se dispõe a ajudar o próximo, mas, quando chamados ao serviço ativo, encontramos mil desculpas para não nos apresentarmos: é a falta de tempo, de recursos materiais, de saúde, de forças...

A contradição entre o parecer ter vontade de ajudar e o realizar de fato está sempre nos cercando. Quando há oportunidade de serviço e a saúde está perfeita, não temos tempo; quando doentes, sentimos falta de não sermos convidados a ele, porque ouvimos dizer que o trabalho no bem ajuda a termos saúde. Essas manifestações destrutivas precisam ser combatidas em nossa personalidade se desejarmos nos manter a salvo de envolvimentos espirituais que mais nos adoecem física e espiritualmente.

Existe muito trabalho na seara do Pai Celestial, em qualquer tempo, em qualquer situação, em qualquer lugar. As possibilidades de se fazer alguma coisa, qualquer coisa, em benefício do próximo e de nós mesmos, está presente ao nosso redor. Todo dia é dia de semear. Todo dia é tempo de colher.

No evangelho de Mateus, capítulo 9, versículo 37, Jesus afirma enfaticamente aos discípulos: “A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros”. Os ensinamentos do Mestre são dirigidos, principalmente, à turba de corações desalentados e errantes que se assemelhava, segundo a narrativa do evangelista, a um rebanho sem pastor: fisionomias tristes, olhos suplicantes...

O símbolo da seara realmente grande usado por Jesus representa um alerta para repensarmos nossas atitudes diante do chamamento que o Evangelho nos faz, frente à imensidão de dores e do nosso acomodamento. As palavras benditas do Excelso amigo permanecem no mundo por bendita dádiva celestial com o propósito de nos enriquecer, entretanto, a percentagem de pessoas realmente dispostas ao trabalho é muito reduzida.

É preciso erguer os olhos e nos levantarmos desse comodismo no qual nos mantemos e colher valores novos, enriquecendo-nos, nutrindo-nos através de um trabalho laborioso de iluminação espiritual. Mas, para que isso aconteça, mister se faz que nos elevemos a esferas mais altas, buscando conhecimentos superiores, verdades eternas que proclamam, segundo Emmanuel ² “que a felicidade não é um mito; que a vida não constitui apenas o curto período de manifestações carnais na Terra; que a paz é tesouro dos filhos de Deus”.

Envolvendo tarefas nobres, o trabalho espiritual pesa, consideravelmente, na contabilidade divina, pois será através dele que a Justiça Divina atuará ante o indefectível tribunal da consciência.

Em qualquer posição na qual estejamos e em qualquer tempo no qual nos situemos, estamos cercados pelas possibilidades de serviço com Jesus. E é para todos nós, que já recebemos as dádivas divinas dessas oportunidades, que o apóstolo Paulo de Tarso pronunciou o desafio que ele próprio recebeu: E agora, por que te deténs?

“Chegastes no tempo em que se cumprirão as profecias à transformação da Humanidade. Felizes serão os que tiverem trabalhado no campo do Senhor com desinteresse e movidos apenas pela caridade.” ³

Se já sabemos que a Vida não termina no túmulo porque o Espírito sobrevive ao corpo, se já assimilamos algum conhecimento das lições benditas trazidas por Jesus, por que tanto medo em agir diferente de alguns até hoje? Necessário se faz refletirmos e identificarmos em nós os fatores que impedem nossa renovação.

O apóstolo dos gentios reviu seus conceitos e aceitou seguir Jesus, mesmo sofrendo todas as humilhações pelas quais passaram os primeiros cristãos. Hoje, não precisamos mais sofrer tudo o que sofreram, pois eles nos abriram os caminhos.  Então, por que tanta resistência?

 

Bibliografia:


1 – ATOS, 22:16.

2 – XAVIER, F. C. – Vinha de Luz – 14ª edição – FEB – Rio de Janeiro/RJ – lição 10.

3 –  KARDEC, Allan - O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. XX, item 5.

 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita