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por Maria Margarida Moreira

 

Deus em nós


A Doutrina Espírita, atualmente, no campo religioso da Humanidade, funciona por mecanismo providencial de alertamento, induzindo-nos ao concurso natural e espontâneo na edificação do bem de todos. Restaurando a mensagem do Cristianismo, veio estabelecer a fraternidade entre os homens. Através da regra áurea, exige a plena observância da forma positiva em que se expressa: é preciso fazer aos outros tudo aquilo que desejamos nos seja feito. Isso é de lei, ou seja, “amarás o teu próximo como a ti mesmo”, conforme encontramos em Mateus, capítulo 22, versículo 39.

A sublimidade da religião cristã está em que ela tomou o direito pessoal por base do direito do próximo. À medida que solucionamos as grandes questões de interesse coletivo, mais impelidos nos reconhecemos a observar o direito dos outros, porque as nossas conveniências estão sujeitas à tranquilidade dos vizinhos.

As leis de Deus, em especial, a lei de causa e efeito, revelam que todas as nossas ações são causas que irão gerar consequência no mundo em que vivemos. Assim, nos princípios de causa e efeito, achamo-nos, incessantemente, sob a orientação dela, em todos os momentos de nossa vida. Dessa forma, se desejamos receber amor e paciência nas manifestações do próximo, saibamos distribuí-los com todos aqueles que nos partilham a marcha, porque bondade forma bondade; abnegação gera abnegação; com amor estimulamos o amor; com humildade geraremos humildade; com a nossa paciência edificaremos a paciência alheia; com a paz em nós, ajudaremos a construir a paz dos outros; com a caridade em nossos passos, semearemos a caridade nos passos do próximo; com a nossa fé, garantiremos a fé ao redor de nós mesmos. Lembrando o apóstolo Paulo em Gálatas, capítulo 6, versículo 7, “tudo que o homem semear, isto também ceifará”.

Cada criatura se responsabiliza pelos seus erros e acertos, tomando consciência de que seus atos carregam a responsabilidade de suas ações. Então, uma vez feita a escolha, pelo exercício de seu livre-arbítrio, o homem se algema às suas opções feitas. Portanto, fazer o bem ou o mal será fator determinante na caminhada existencial de cada indivíduo em trânsito pelo planeta Terra.

Empecilhos e provações serão, talvez, marcas profundas a nos assinalarem a jornada evolutiva. O parente complicado que julgamos carregar, hoje, é a mesma criatura que, em outra época, lançamos ao desespero e à perturbação. Calúnias que defrontamos nada mais são que o retorno das injúrias que atribuímos, noutras eras, contra irmãos indefesos.

Através do processo reencarnatório, compreendemos que as falhas do passado procuram o nosso espírito responsável, em qualquer lugar e tempo, seja no corpo ou na alma, na família, na sociedade ou na profissão, pedindo que nos reajustemos às leis divinas.

Bendizendo, pois, a reencarnação, as oportunidades que nos são oferecidas, empenhemo-nos a trabalhar e aprender de novo, com atenção e sinceridade, para que venhamos a construir e acertar em definitivo.

É imprescindível, portanto, que auxiliemos quanto, como, onde e sempre nos seja possível, para o erguimento do bem comum, no amparo aos semelhantes para a construção da nossa própria felicidade, porque tudo aquilo que damos à vida, na pessoa do próximo, é, justamente, aquilo que a vida nos restitui. Isto significa que nunca prejudicaremos alguém sem prejudicar a nós próprios.

“Jamais beneficiaremos, essa ou aquela pessoa, sem beneficiar a nós próprios. Traçamos o nosso caminho pelas nossas ações sobre os outros. Os companheiros de nossa estrada são aqueles que se nos constituirão o próprio futuro, segundo afirmação do benfeitor espiritual Emmanuel, no livro Pronto Socorro, pela psicografia de Chico Xavier.

Por isso, é indispensável acionar as possibilidades de nossa cooperação fraterna, os recursos de que dispomos, ainda que reduzidos, o nosso concurso pessoal, o nosso suor e as nossas horas em benefício daqueles que a sabedoria divina situou em nossa estrada, para testemunharmos o nosso amor a Deus e ao próximo.

 

Bibliografia:


KARDEC, Allan – O Evangelho segundo o Espiritismo – Capítulo XI – 131ª edição – 2013 – FEB – Brasília, DF.

XAVIER, Francisco Cândido, pelo Espírito Emmanuel – Palavras de Vida Eterna – lições 107-40 – 33ª edição – 2005 – Comunhão Espírita Cristã – Uberaba, MG.

XAVIER, Francisco Cândido – Pelo Espírito Emmanuel e André Luiz – Estude e Viva – 10ª edição – 2005 – FEB – Rio de Janeiro, RJ.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita