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por Marcus Braga

 

O selo do acolhimento espírita


Rosana liga para Adriana e diz: - “Colega, você precisa ir ao Centro Espírita Samuel de Jesus, que ando frequentando no bairro da Cachoeirinha. Lá é massa!” – “É mesmo, amiga?” – pergunta a interlocutora. – “Mas, por quê? O que tem de bom lá? É a vibração?”.

Rosana, meio que hesitante, diz: - “Não sei, me sinto bem lá...” Insistiu Adriana: - “Já sei. Lá tem boas palestras? O ambiente é confortável? É bonitão, pomposo? O passe é poderoso?”

Com a voz miúda, Rosana fala: - “Não, Adriana, é que lá me senti acolhida”.

Esse fictício, mas possível diálogo, reflete algo que não vai bem. Uma percepção apenas... As casas espíritas deveriam ter um selo de qualidade. Um selo vinculado à sua capacidade de acolhimento. Algo que identificasse e estimulasse as casas espíritas a desenvolverem o envolvimento fraterno na relação com os seus frequentadores.

Por óbvio que boas palestras, instalações adequadas, oferta de serviços, como evangelização e passe, são todos itens relevantes, mas precisamos de casas espíritas reconhecidas pela sua amorosidade.

Principalmente em casas maiores, nas quais o apego às normas, o malfadado burocratismo, tudo isso gera um ambiente coercitivo, de vigilância, pouco fraterno e com excesso de formalismo.

Vê-se, nesse sentido, pessoas na recepção amargas, enchendo os que chegam de questionamentos, exaltando regras de roupas e de silêncio, lembrando o ambiente da caserna, à feição de uma sentinela.

Da mesma forma, pessoas que chegam com suas questões mediúnicas se veem julgadas e interrogadas, de forma que o atendimento fraterno se converte em um confessionário, com desconfianças mil.

Lidar com o público que chega e que já está, cada um com a sua visão daquela organização, com seus graus de comprometimento, limitações e demandas, é uma arte. Mas essa dificuldade não pode nos fazer perder a amorosidade, na lembrança de como os discípulos de Jesus serão reconhecidos.

Ordem... disciplina... regras... conceitos que não são absolutos e que devem ser sopesados diante da necessidade de receber bem quem chega e dialogar com quem fica, para que a casa de estudo e aprendizado também seja uma casa de amor e compreensão.

Desse modo, proponho um selo de certificação das casas espíritas, aposto de forma visível na entrada, para que a pessoa que ali chegue saiba que será tratada realmente como um irmão. Um alerta para que não sejamos engolidos por coisas ensimesmadas e esqueçamos que a casa espírita existe para os Espíritos, de cá e de lá.


 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita