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por José Reis Chaves

Espiriticamente, como se explicaria a tragédia de Santa Maria?

Há pessoas dizendo que a tragédia de Santa Maria foi porque as vítimas faziam culto ao diabo.

Em que as vítimas teriam prejudicado Deus, imutável que é, para que Ele se vingasse deles, seus pais, irmãos, amigos, colegas e todo o Brasil? Esse conceito antigo e mitológico de Deus dessas pessoas cria ateus, conceito esse que está longe do de Deus Amor e Pai, ensinado por Jesus!

O pecado está para Deus como o crime está para a lei. O pecado é contra Deus, mas é o nosso próximo que sofre, e, por consequência, o autor do pecado. E o crime é contra a lei, mas é a vítima que sofre. Aliás, se Deus sofresse com o pecado, Ele seria o ser mais infeliz. Mas mesmo que Deus sofresse com o pecado, por ser Ele Amor (1 João 4: 8), jamais Ele se vingaria de alguém.

A lei de causa e efeito (carma, lei da reciprocidade, do retorno etc.) é inexorável. Ela está na Bíblia e em todas as outras escrituras sagradas e não é castigo de Deus, pois somos nós mesmos que a manipulamos com o nosso livre-arbítrio. E essa palavra castigo deriva-se do verbo latino “castigare” (purificar). Daí também o vocábulo castidade (pureza). Mas ninguém deixará de pagar tudo até o último centavo (Mateus 5: 26). Porém, colhido todo o seu mal semeado, o semeador fica purificado e não vai pagar mais nada, o que joga por terra, totalmente, as chamadas “penas eternas”. E há outra maneira de nós nos purificarmos: fazendo o bem. “Uma boa ação encobre multidão de pecados.” (1 Pedro 4:8). “Perdoados lhe são seus muitos pecados, porque ela muito amou.” (Lucas 7: 47). Vale a pena, pois, nós nos purificamos com a prática do bem. E jamais há um determinismo inevitável de sofrimento, pois o nosso livre-arbítrio pode mudar as coisas. E “quem não for pelo amor, vai pela dor” (Dito espírita).

A lei de causa e efeito é uma disciplina que nos ajuda em nossa evolução moral, pois, com ela, vamos aprendendo que vale mesmo a pena praticarmos o Evangelho ou a Doutrina Espírita, cuja moral é a mesma do excelso Mestre. E a colheita não é só de dor, mas também de felicidade. Há também o chamado carma-crédito, isto é, aquele em que o indivíduo sofre sem culpa, o que se torna um crédito para ele em sua caminhada evolutiva. É possível, pois, que haja entre as vítimas de Santa Maria, as quais, antes de reencarnarem, possam ter escolhido aquela prova de carma-crédito, com o objetivo de acelerarem sua evolução, o que se pode aplicar também aos seus entes queridos sofredores. O sofrimento de Jesus é um exemplo disso que O glorificou diante de Deus. (Lucas 24:26).  E esse carma-crédito é até um dos motivos por que Jesus nos ensinou que não devemos julgar ninguém.

E não concluamos de tudo isso que Deus goste de nosso sofrimento, pois Ele não é sádico! “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá ele dano; mas esse mesmo será salvo, todavia, como que através do fogo” (1 Coríntios 3:15). Apenas há a colheita do sofrimento na contabilidade da justiça divina cármica, o que nos purifica e nos faz lembrar do Purgatório e da Doutrina da Satisfação da Teologia Católica. E purificado o Espírito, ele se torna plenamente feliz!

 



 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita