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Crônicas e Artigos

Ano 11 - N° 516 - 14 de Maio de 2017

ELENI FRANGATOS
eleni.moreira@uol.com.br
Vinhedo, SP (Brasil)

 


 

Caridade

 

 

Caridade - segundo o Mestre Jesus - é ter bondade no seu coração para com todos, ser misericordioso e perdoar as ofensas. É “Amar uns aos outros, como irmãos”. Ou ainda: “[...] amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem possível, que desejaríamos que nos fosse feito”.


Mas
, e há sempre um “mas” em tudo, pergunto:
 

- Não há casos em que pensamos estar ajudando e só estamos prejudicando, mantendo as pessoas numa zona de conforto de onde não saem porque sabem que a ajuda vem fácil e constante? 

Diz um provérbio chinês:

“Dê um peixe a um homem faminto, e você o alimentará por um dia. Ensine-o a pescar, e você o estará alimentando pelo resto da vida”.  

Leitor, o que acontece na maioria dos Centros Espíritas no que diz respeito à Caridade? 

Frequentemente, pratica-se uma Caridade não construtiva, que apenas alimenta mais e mais o parasitismo, criando uma zona de conforto e uma apatia na procura de uma solução sadia. 

Famílias há que ultrapassam 10 anos se beneficiando da Caridade em certas Casas Espíritas. Vão semanalmente buscar a cesta de alimentos. Há também uma equipe, que visita as famílias para lhes levar uma palavra de conforto.

Sou de opinião que esse trabalho é de uma nobreza ímpar, mas não está de acordo com a realidade de certas famílias. 

Faz-se necessário separar o trigo do joio. Vejo algumas dessas famílias com carro, moto do ano, celulares caros, algumas com dois ou três filhos já adultos trabalhando em empresas e recebendo até cesta básica dessas empresas, e o que fazem? Um dos filhos se inscreve na Igreja Católica, outro na Igreja Evangélica, e a mãe no Centro Espírita. Assim, o núcleo familiar recebe de cada uma destas instituições outras cestas básicas, em forma de ajuda semanal ou quinzenal. E, como o leitor já deduziu, vendem os alimentos a preços reduzidos na quitanda mais próxima, ou trocam-nos por bebidas alcoólicas, cigarros, ou até mesmo outras drogas. Isto acontece com os alimentos e também com a roupa que lhes é doada. Algumas senhoras levam sacolas e sacolas de roupa, que depois vendem pela vizinhança.  

Há Casas Espíritas que têm instalações ociosas durante o dia, mas não se ocupam em ensinar essas senhoras a ler e a escrever, não ministram aulas de culinária, não ensinam o trabalho de uma diarista... NÃO ENSINAM A PESCAR. O que alegam? Que não há voluntários e, quando os há e as pessoas se oferecem para trabalhar, existe um “medo” por parte dos dirigentes em delegar uma tarefa, a pessoa fica em observação, e os meses vão passando até que a pessoa desiste e, às vezes, até deixa de frequentar o Centro, porque se sente excluída. Dizem alguns presidentes e dirigentes que têm medo de não dar certo. Na vida, no nosso dia a dia, não temos a certeza de nada, se algo vai dar certo ou errado, mas vamos em frente, nos aventuramos, e, mesmo com riscos, não deixamos de viver. Em muitas Casas Espíritas, ou a pessoa pertence à “panelinha” da casa para ser aceita e sempre dar certo, mesmo quando não capacitada para determinadas áreas; OU já se sabe de saída que não vai dar certo, mesmo antes de tentar. Fica evidente uma grande falta de Fé por parte de alguns dirigentes, ciosos de suas posições e de sua autoridade. Como eles não podem estar presentes ou não podem ter pessoas de “sua confiança” em determinados horários, então... não se faz o trabalho... e, assim, instalações espíritas permanecem inúteis, ociosas, e o verdadeiro trabalho de CARIDADE vai por água abaixo. É uma caridade para “inglês ver”.

Distribuem-se alimentos, roupas, fazem-se bingos, almoços e eventos para angariar fundos para os alimentos, mas NÃO SE ENSINA A PESCAR... 

ENSINAR A PESCAR reduziria em muito a necessidade de alimentos e roupas e criar-se-ia um grupo de senhoras, hoje necessitadas, e que amanhã poderiam ser excelentes trabalhadoras da Casa Espírita e ensinar outras senhoras nas mesmas condições. É um custo-benefício válido! Fora a parte espiritual de se saber que se está fazendo a verdadeira Caridade. 

Há como que uma ideia generalizada de que a mulher necessitada só vai lá para “pegar” os alimentos, mas não se faz um trabalho de envolvimento amoroso na casa, não se valoriza essas senhoras e essas famílias – não damos a elas o mesmo tratamento que damos aos ricos que frequentam o Centro...  

Fazemos o que Jesus jamais faria e, no entanto, quando abrimos a boca é sempre para falar seu nome como se nós tivéssemos uma procuração Dele para representá-Lo na Terra!

Quando, às vezes, me é dada a oportunidade de comentar este assunto, a resposta que tenho é: mas nós fazemos o bem não importa a quem... “o que os outros fazem com o bem que fazemos não é de nossa conta”. 

Este raciocínio não procede. Somos responsáveis, sim, porque levamos as famílias com esta forma de atuação a se “encostarem” e não procurarem sua própria subsistência. Ou seja, não é isto que a Doutrina Espírita nos ensina. 

Uma solução de dignidade e elevação moral e espiritual seria ENSINAR A PESCAR para que a pessoa se sinta valorizada como ser humano, procure a sua própria subsistência e não fique durante anos e anos vivendo à custa de uma Caridade inócua e até humilhante. 

Todas as Casas Espíritas procedem assim? Todas as Famílias Assistidas têm este procedimento? É claro que não, todos nós sabemos que não, mas também sabemos que, infelizmente, esta prática é mais comum do que seria desejável!  

Há famílias que se encontram em estado lastimável, crianças sem comida? SIM!

Mas isso é tão visível, que não tem como contestar. Às vezes, a situação em que vivem é tão dolorosa e lastimável que não dá nem para esperar o cadastramento na Casa Espírita ser aprovado. A ajuda tem que ser imediata e rápida, os agasalhos têm que ser providenciados na hora, porque as crianças choram com fome e frio e não é hora de aprovação de formulários, nem de entrevistas com a Assistente Social, mas sim da entrega rápida e imediata de, no mínimo, o básico. ISTO, SIM, É A VERDADEIRA CARIDADE. 

Meus queridos leitores, todas as questões têm tantas facetas que é muito difícil resolvê-las na sua totalidade, mas atendendo ao que testemunho diariamente, eu acredito que é preciso que as Casas Espíritas enveredem pelo caminho de ENSINAR A PESCAR.  

E os dirigentes das Casas Espíritas precisam ter menos “medo” e se arriscarem um pouco mais com novos voluntários, incentivando-os, na certeza de que a verdadeira liderança é saber escolher as pessoas certas e DELEGAR, em vez de ficar se lamentando de que têm muito trabalho, trabalho esse todo centralizado em poucos e sempre os mesmos das Casas. Se não tiverem essa noção, NUNCA terão voluntários, porque todo ser humano quer ser útil e sentir-se valorizado, e até trabalha gratuitamente para ter esses dois fatores. Se aliar a isso ao ensinamento máximo de nossa Doutrina Espírita “sem caridade não há salvação”, então..., o trabalhador se dedicará a fazer o BEM para o resto de sua vida aqui na Terra. 

Temos jovens maravilhosos nos Centros Espíritas, jovens cheios de energia, de vontade de trabalhar, de bom coração, gente leal e apta, mas o que fazemos? Em vez de incentivá-los, de estimular, de deixar que liderem em determinadas áreas (porque eles serão os dirigentes Espíritas de amanhã), fazendo nós apenas uma supervisão a distância e corrigindo a mão de alguma atitude impulsiva ou menos correta desses meninos, não: nós os criticamos tanto, julgamos seu trabalho com tanta severidade que acabamos perdendo uma força de trabalho maravilhosa. Esquecemos de que já fomos jovens como eles. 

O que nos faz pensar, a nós mais velhos, que só nós sabemos, só nós podemos liderar? Há jovens nesse mercado de trabalho com 18 e 19 anos que já são milionários com o esforço de seu trabalho, éticos na sua liderança, suas ideias e ideais inovadores. 

Mas não, o que fazemos de novo? Tudo o que o jovem faz como voluntário é alvo de crítica, de censura, é chamada sua atenção, às vezes na frente das pessoas: “você precisa fazer assim...”, “você não pode...” ou “você fez errado, olha, é assim que se faz!”, e extirpamos nesses jovens sua vontade pura e verdadeira de ajudar o próximo. 

Aí vem o velho argumento: “Não, você é espírita e está aqui para aprender a ter paciência, obedecer, a baixar a cabeça”, e isto é sempre dito pelos maiores “ditadorzinhos” do Centro. Você os conhece, leitor amigo, aquele que, ou a coisa é do jeito que ele quer, ou está tudo errado..., e nem importa o que diz a Doutrina, o que importa é o seu EGO! 

Assim, não haverá NUNCA voluntários dispostos a ajudar e a ENSINAR A PESCAR e ficaremos praticando por anos uma CARIDADE inócua, uma pretensa Caridade! 

A verdade é que, se o Presidente ou os Dirigentes de uma Casa Espírita quiserem realmente ENSINAR A PESCAR, tudo fluirá para isso. As coisas virão por si, porque tudo o que é feito para o verdadeiro BEM de alguém flui e aparece e se desenvolve sem nós mesmos sequer vermos como as coisas vão se encaixando conforme a necessidade de cada dia. Respondam com sinceridade, por gentileza: 

Vocês acham que se Divaldo Franco e, por exemplo, Isabel Salomão, tivessem tido o mesmo “medo”, e não tivessem delegado, teriam eles realizado uma obra de alcance social como a que tem, respectivamente, na Bahia e em Minas? Teriam eles tido tempo para propagar a Doutrina Espírita como o fizeram e ainda fazem? 

Dirigentes de Casas Espíritas, pensem nisso.

E aos que já ensinam a pescar e acreditam e envolvem a juventude da casa, parabéns!
 



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita